Capítulo XXXII

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    O trajeto foi silencioso e longo, quando eu desci do carro, sorri com a ironia, estávamos na Hellraiser. 

    –Quer mesmo fazer isso?

    –Não se preocupe agora, já estou aqui, vamos logo com isso. – ele acenou com a cabeça e abriu a porta. O bar estava escuro, apenas as luzes vermelhas fracas estavam acesas, fui andando em direção ao palco, o piano estava sendo tocado maravilhosamente e me atraiu. Percebi que a luz da plateia estava acesa mas não me preocupei em olhar se havia alguém ali.

    Itachi estava ao piano, a música era melancólica e arrastada, me fazia querer pará-lo. Cheguei ao meio do palco, onde estava o microfone, e só então olhei a platéia. Um misto de surpresa, loucura e satisfação me invadiu. Peguei o microfone e sorri.

    –Ora ora, acho que agora é hora do meu show, não acha? – não houve resposta, mas seus olhos alcançaram os meus, e havia horror neles, o que me deliciou. – Porque está tão calado? Justo você, que costuma falar tanto, nunca cala a porra da boca. – larguei o microfone e fui andando lentamente até ele. Tirei a mordaça que o calava.

    –Sua puta.

    –Agora sim. – olhei para o lado e tinha uma bandeja com utensílios, passei a mão lentamente em cada um. – Sabe porquê está aqui? – ele não respondeu. – Responde filho da puta.

    –Porque é seu ninho?

    –Não, meu caro. Desde que você entrou no caminho da minha família, minha vida tem sido uma montanha russa, eu fui dos céus ao inferno, conheci o amor absoluto e o ódio corrosivo, sou capaz de matar e morrer por aqueles que amo, mas mais que isso, eu posso matar simplesmente por querer. Eu sou a Hellraiser. Você me tornou a Hellraiser. Prazer, eu sou Sakura Haruno, a renascida do inferno. E é para lá que eu vou mandar você, de uma vez por todas.

    –Então é isso? Eu perdi para uma criança?

    –Não é tão simples, meu caro. Você tirou meu pai, afastou minha família, me fez viver escondida por muito tempo, ameaçou a vida de todos os meus amigos, meus amores, tive que fugir, deixar laços para traz, viver na frieza para ninguém se machucar, e quando eu senti que estava vivendo um pouco, e não mais sobrevivendo, você matou Moegi em meus braços. Você vai sofrer, seu merda.

    –No fim, eu sou sua família, não acha? Você viveu sua vida para mim. – falou rindo. Eu o acompanhei, sem ele perceber peguei o alicate e dei a volta, parando atrás dele. Segurei um de seus dedos posicionando o alicate em sua unha, sua risada foi cortada na hora, mas eu continuava rindo. Encostei meu rosto no dele, ficando lado a lado.

    –Não seja vaidoso, eu vivi minha vida para a sua acabar. – sussurrei e manuseei o alicate com certa força, arrancando sua unha e ouvindo seus gritos de dor, que eram música aos meus ouvidos.

    O piano continuava a tocar e os gritos de Sasori entoavam a canção, eu chamaria de "A sinfonia da vingança"

    –Vamos tornar isso mais interessante, enquanto eu te faço sofrer, conte-me mais sobre você, vamos nos conhecer. – Falei pegando outra ferramenta.

    –Você é sádica.

    –Admirando a criação? Sou sua criatura, doutor Frankenstein. – ele ficou mudo. Coloquei o alicate prendendo a unha do seu dedo indicador. – Vamos, comece a falar, porra. – e com esforço arranquei outra unha, ele urrava. Resolvi parar um pouco para ele ficar consciente e poder me responder.

    –Eu entrei no tráfico aos 27 anos, quando minha empresa começou a ir mal das pernas e eu estava atolado em dívidas. Meu irmão era do negócio e me colocou dentro, eu vendia e ficava com uma parte enquanto ele recebia a droga e fazia o armazenamento, além da contabilidade. – ele começou com muita dificuldade, eu escutava com atenção. Puxei uma cadeira e fiquei de frente para ele.

Hellraiser - Aceite a escuridão ou lute contra elaOnde histórias criam vida. Descubra agora