Meus Batimentos

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- Bem Doutor, ele é todo seu! - O Rapaz falou correndo para fora da sala e Jimin foi atrás parando na porta 

- Jihyun!! Você vai me deixar sozinho aqui mesmo?? - Ele gritava 

- O Doutor vai cuidar bem de você!! Até mais!! - O rapaz acenou enquanto corria pelo corredor.

- Você é o pior irmão do mundo!!! 

Tentei pigarrear para chamar sua atenção, e ele virou seu rosto lentamente, provavelmente nervoso com o que eu diria.

- M-me desculpe Doutor, não foi a intenção acertar o Senhor - Se curvou 

- Você deveria ter em mente que hospitais são destinados a serem lugares silênciosos.. - Falei enquanto ele ainda estava curvado 

- Eu sei, me perdo... - Parou de falar assim que seus olhos encontraram os meus - Ei, você não é o Doutor que fugiu quando tentei falar com você? - Ele sorriu bobo 

- Ah... - Sorri também coçando a cabeça envergonhado por ter agido daquela forma mal educada, mas era uma emergência - Bem.. sim.. 

- Mas e o Doutor Adam? - Seu sorriso se desfez - Aquele que me viu primeiro

- Anh? - O que eu diria? - O Doutor Adam está ocupado no momento - Falei e o vi revirar os olhos enquanto andou de volta para sua cama 

- Não me diga que está aqui para fazer mais exames? - Falou ele - Eu já fico cansado antes mesmo de chegar aqui, já fui picado, furado, cutucado inúmeras vezes - Falava com tédio na voz - Não preciso de mais um doutor que vai pedir mais exames, já estou cansado disso - Cruzou os braços

Fiquei quieto observando seu rosto, sabia pelo que ele estava passando, realmente passar por uma bateria de exames é bem cansativo.

- Bem... - Falei em pé com a prancheta em mãos - Não é nada demais, só uma rotina de exames físico - Me aproximei dele deixando a prancheta de lado - Sobre os acontecimentos de antes.... Você não está ciente das consequências que existem na sua condição? É muito arriscado para você ficar estressado daquele jeito - Falei - Se deixar suas emoções controlarem você, isso pode afetar severamente como seu coração reage - Eu estava sendo sério, profissional, apenas alertando ele do risco que corria, mas ele bufou 

- Eu sei, não é como se eu quisesse ficar estressado, a culpa é do meu irmão me enchendo o tempo todo - Ele abraçou um travesseiro que estava ao seu lado, o mesmo que jogou em mim, e ele estava reclamando da preocupação do irmão? Então era só mais um garotinho mimado,

- Não me surpreende que ele faça isso... - falei sorrindo - Você é o modelo perfeito de pobre garoto... sempre sendo paparicado pelos pais, enquanto eles se queixam dos seus caprichos, apenas para você crescer um garoto mimado - Falei - Tudo por que estão com medo de agravar a situação. Seu irmão só deve estar preocupado com você, é egoísmo da sua parte reclamar disso. - Ele me olhava com um ar de repúdio e tédio 

- E daí? - Se virou de costas ainda abraçando o travesseiro - Não sou egoísta sem razão! - Falou e escutei ele fungar - Além disso eu nem tenho um pai ou uma mãe para tomar conta de mim - Sua voz soou embargada enquanto fungava - Se o idiota do meu irmão não tivesse me incomodo em primeiro lugar... - Aí não, ele estava chorando, tive completa certeza quando começou a soluçar 

- E-eu, É-é - Fiquei sem jeito e me aproximei dele - Peço desculpas, não quis dizer isso assim eu... 

- Você é a-apenas mais um malvado ... - Olhou para mim com os olhos brilhando por causa das lágrimas, mas estava na cara que estava atuando tudo aquilo 

- Está mesmo fazendo isso de propósito? - Falei 

- Eu vou prestar queixa de você! Por ferir os sentimentos de um paciente! - Falou ainda atuando - Você é muito mau Doutor! Mais do que eu pensei! 

- Tá.... - Suspirei e passei a mão em meu pescoço tentando me acalmar - Me desculpe pelo meu comportamento 

- Não! Não vou desculpar você! - Falou mas logo voltou atrás, ele era bom atuando, por que de menino chorão passou para chantagista em segundos - Não espera, posso te desculpar se me pagar um almoço - Sorriu fraco, mas mesmo assim o suficiente para transformar seus olhos em dois risquinhos, fofo na minha opinião, mas não podia transparecer isso.

- Tudo bem, te pago um almoço, porém, isso vai ter ficar para amanhã, hoje já está tarde - Falei 

- Certo! - Falou ainda com o sorriso - Você até que é simpático - Revirei os olhos pela mudança de atitude rápida dele 

- Bom, agora que está tudo bem, vou continuar com o check-up certo? - Falei - Você poderia abrir sua camisa por favor? - Ele apenas me olhou e assentiu.

Jimin se ajeitou mais na cama e desabotoou o uniforme hospitalar verde, deixando seu abdômen a mostra
Na minha opinião, aquele corpo não era motivo de vergonha, mas quando me aproximei dele para lhe posicionar o estetoscópio, olhei em seu rosto que estava corado e virado para a direção oposta do meu.
Assim que encostei o aparelho gelado em seu peito o senti estremecer pelo contado com sua pele quente 

- Tudo bem... - Falei ainda fixo em seu rosto... - Agora respire fundo e devagar... - Ele fez o que mandei e posicionei minha outra mão na curvatura de suas costas - Agora Expire... - Ele soltou o ar lentamente - Isso... devagar.. - Eu não sei o que estava acontecendo comigo, mas o simplesmente fato de estar naquela sala em silêncio com ele, escutando as batidas do seu coração, sua respiração forte e minha mão que de vez em quanto entrava em contato com sua pele macia... estava me causando sensações que eu não deveria estar tendo... ainda mais por ser um médico acostumado com esse tipo de coisa... 

- É... - Ele falou baixo - Doutor, quanto tempo isso vai levar? Estou com frio - Ele disse e voltei para terra 

- Ah - Retirei o estetoscópio dele - Peço perdão - Falei - Ok, terminamos por aqui - Me afastei dele - Bom, pelo som ele está na margem normal, o que significa que você não corre nenhum risco por enquanto - Falei sorrindo para disfarçar meu nervosismo -  Então apenas tenha certeza que vai se cuidar e descansar bem aqui - Peguei minha prancheta e ia caminhando em direção a porta 

- Ei! - Me chamou - Não se esqueça do meu almoço amanhã tudo bem? - Falou e sorri com aquilo 

- Não vou me esquecer - Respondi 

- Vou esperar por você então - E assim sai daquele quarto...

"Mas o que diabos tinha acontecido ali?...
Agora mesmo... por um momento... foi quase como se eu tivesse escutado as batidas do meu..." Coloquei minha mão direita sobre meu peito... "Não! Impossível!" 

Continua...

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