Depois de Você - Wantasha

Ten

  - Eu perguntei que merda você está fazendo no meu quarto. - Natasha pergunta novamente, tão grossa quanto na primeira vez. Escuto os passos dela se aproximando e parando atrás de mim, ela puxa o livro da minha mão e coloca de volta na estante.

- Steve me falou para trazer Carol aqui.- minha voz é quase inaudível. Ela dá mais um passo, ficando mais perto de mim e solta um longo suspiro. Eu aponto para a cama dela, fazendo com que seus olhos sigam aquela direção.

- Ela bebeu muito e..- Eu te ouvi da primeira vez. - ela me interrompe. Ela passa a mão pelo cabelo, claramente muito incomodada com nossa presença em seu quarto. Qual o problema dela?

- Você faz parte dessa fraternidade? - eu pergunto, sem esconder a surpresa em minha voz. Natasha está bem longe do que eu imaginava que seriam pessoas de fraternidade.

- Sim, e..? - ela dá um passo a frente, o espaço entre nós é menor que 1 metro. Eu tento ir para trás porém bato as costas na estante de livros.

- Isso te surpreende, Maximoff? - ela diz em um tom mais baixo do que o normal.

- Para de me chamar de Maximoff!

- Este é o seu sobrenome não é? - ela diz e dá um sorrisinho debochado.

Eu suspiro e viro de costas. Eu não tenho a menor ideia de onde vou, mas sei que preciso me distanciar dela, antes que eu de um tapa em sua cara, ou chore. Será que posso fazer os dois? O dia foi muito cansativo e é provável que eu comece a chorar antes de bater nela.

- Ela não pode ficar aqui.

- Por que não? Pensei que fossem amigas.

- E nós somos, mas ninguém fica no meu quarto. - ela diz e cruza os braços. E, desde a primeira vez que a conheci, reparo em uma de suas tatuagens. Ela tinha uma rosa vermelha na costela, um pouco abaixo dos seios. Natasha, com uma tatuagem de rosa?
 
  Já estava me sentindo irritada e cansada, então solto uma risada.

- Ah sim, então apenas as garotas que você pega podem ficar aqui com você não é? - eu digo isso e o sorriso em seu rosto aumenta.

- Aquele não era meu quarto. Você está tentando dizer que quer ficar comigo? Você não é meu tipo, desculpa. - ela diz isso e eu me sinto ofendida, Natasha não é nem de longe o meu tipo, mas eu nunca diria isso para ela.

  -Você é.. Você é...- Eu não consigo achar palavras, estava envergonhada, irritada e cansada da festa, eu paro de tentar falar com ela, não vale a pena.

- Ok, então você leva ela para outro quarto enquanto eu procuro uma maneira de voltar para o dormitório.

- Boa noite, Maximoff!- ela diz enquanto eu bato a porta do quarto.

  Eu não consigo segurar as lágrimas,  terminei de descer as escadas elas já escorriam em minhas bochechas. Eu odeio a faculdade até agora e as aulas ainda nem começaram. Porque eu não poderia ter pego uma colega de quarto que é assim como eu? Eu deveria estar dormindo agora, me preparando para as aulas de segunda. Eu não pertenço a festas assim, e acima de tudo, não me encaixo com essas pessoas. Eu gosto de Carol, mas não sou acostumada a lidar com festas assim e com pessoas como Natasha. Ela é um completo mistério para mim. Por que ela é tão ignorante? E porque tem tantos livros? De forma alguma alguém tatuada, ignorante e idiota assim como ela teria tantos livros bons. A única coisa que eu consigo imaginar ela lendo são as informações que se localizam no rótulo de uma cerveja. Eu não tenho certeza se consigo voltar para os dormitórios, eu não tenho idéia de onde essa casa fica. Quanto mais eu penso nas decisões que tomei essa noite, mais estressada eu fico.

Eu realmente deveria ter pensado mais nisso, é por isso que planejo tanto, para que coisas assim não aconteçam. A casa ainda está cheia, e a música é muito alta. Os cabelos loiros e tatuagens de Steve não estão a minha vista, nem o Tony. Talvez eu deva simplesmente achar um quarto aleatório lá em cima e dormir no chão. Tem pelo menos 15 quartos aqui, talvez eu de a sorte de ninguém entrar no meu, porém eu penso melhor e decido não fazer isso. Por mais que eu tente, não consigo segurar minhas emoções, corro para o banheiro do andar de cima, sento no chão, coloco minha cabeça entre meus joelhos e ligo para Val. Ela atende no segundo toque.

_Wanda? Esta tarde, você está bem?_ - ela diz com uma voz sonolenta.

- Sim.. Não. Eu vim para essa festa idiota com a minha colega de quarto e agora estou presa sem saber como voltar para o dormitório. - eu sei que meu problema não é de vida ou morte, mas eu estou mais do que frustrada por ter vindo aqui hoje.

  - Uma festa? Com aquela garota loira? - ela parece surpresa.

- Sim, mas ela apagou.

- Uau, porque você está saindo com ela? Ela é tão... Ela é uma pessoa que você não deveria andar com. - ela diz isso e eu me irrito. Eu queria que ela me dissesse que tudo ia ficar bem, que amanhã é um novo dia, não que me julgasse.

- Essa não é a questão Valquíria! - eu digo e a maçaneta balança e eu me sento normalmente.
- Só um minuto! - eu falo enquanto me olho no espelho e tento enxugar meus olhos. Mas o papel só espalha o lápis mais, é por isso que não uso essa droga.

- Eu te ligo de volta, alguém quer usar o banheiro. - digo e desligo o telefone. As batidas na porta continuam, eu suspiro alto enquanto a abro, secando meu olho mais uma vez.
- Eu disse só um min...- eu imediatamente paro de falar assim que encaro os olhos verdes penetrantes.