Depois de Você - Wantasha

Twenty

Assim que meus lábios tocam os de Natasha, sinto sua respiração rápida. Eu não tenho a menor ideia do que estou fazendo, mas não consigo parar. A boca de Natasha tem o mesmo gosto que eu imaginava, eu consigo sentir o toque de menta quando ela abre sua boca para me beijar, me beijar de verdade. A sua língua quente passeia pela minha boca e eu sinto como se meu corpo tivesse sido ligado, nunca me senti assim antes. Ela leva as mãos até meu rosto, acariciando minhas bochechas vermelhas antes de colocá-las em minha cintura.

Ela para por um segundo para respirar, dá um beijo suave em meus lábios - Wanda - ela diz antes de aproximar sua boca da minha, deslizando sua língua para começar novamente.

Minha mente não está mais no controle, as sensações tomaram controle de mim. Natasha me puxa para mais perto dela, agarrando meus quadris, mas nunca quebrando o beijo. Sem saber o que fazer com minhas mãos, coloco-as em seu pescoço, sua pele está quente e seu peito está movendo para cima e para baixo rapidamente devido a sua respiração acelerada. Ela tira sua boca da minha, e antes que eu possa reclamar da falta de contato, a sinto em meu pescoço. Eu sinto cada movimento de sua língua e a sensação é incrível. Ela segura meu cabelo, apenas para dar mais espaço, continuando a beijar meu pescoço, seus dentes roçam em minha clavícula e eu solto um gemido, a sensação percorre todo o meu corpo enquanto ela suga minha pele gentilmente. Eu estaria com vergonha, se não estivesse tão intoxicada, pelo álcool e por Natasha. Eu nunca beijei ninguém assim antes, nem mesmo Valquíria. Valquíria!

- Natasha, pare. - eu não reconheço minha voz. É mais baixa e rouca que o normal, e minha boca está incrivelmente seca. Ela não para.- Natasha! - minha voz está mais clara e ela solta meu cabelo. Eu olho em seus olhos, eles estão muito mais escuros e ainda assim calmos e seus lábios mais rosados.

- Nós não podemos. - digo, ainda que eu queira continuar beijando-a.

A calma e sutileza em seu olhar desaparecem, ela se levanta, me deixando sozinha na cama. O que acabou de acontecer?

- Desculpa. - é a única palavra que vem a minha mente. Meu coração parece que vai explodir a qualquer momento.

- Desculpa pelo que? - ela diz e anda até seu guarda-roupa, pegando uma blusa preta comprida. Meus olhos vão em direção a sua calcinha, que parecia levemente úmida na frente, minhas bochechas ficam vermelhas imediatamente e eu desvio o olhar.

- Por parar... - ou por beijá-la, porém não tenho certeza se me arrependo disso, então prefiro não me desculpar por isso.

-Ok?- ela parece desinteressada.

- Ou por te beijar, não sei porque fiz isso. - eu digo, tentando evitar contato visual.

- Foi só um beijo, pessoas se beijam o tempo todo. - por alguma razão, suas palavras me machucam. Não que eu ligue que ela não sentiu o que eu senti. O que eu senti? Eu sei que não gosto dela de verdade. Eu só estou bêbada e ela é atraente. Foi uma noite muito longa e o álcool me fez beijá-la. Em algum lugar no fundo da minha mente, eu luto contra os pensamentos de o quanto eu queria que isso acontecesse de novo.

  - Podemos não fazer grande coisa disso? - eu pergunto. Eu seria humilhada por isso. Essa não sou eu, não fico bêbada em festas e traio minha namorada.

- Confie em mim, também não quero que ninguém saiba disso. Agora pare de falar desse assunto. - ela retruca.

- Olha aí, agora é você novamente. - meu tom é duro.

- Eu nunca fui outra pessoa. Não ache que porque você me beijou, praticamente contra a minha vontade, que temos algum tipo de laço agora.

Ouch. Contra sua vontade? Eu ainda consigo sentir suas mãos em meu cabelo, o jeito que ela me puxou para seu colo e a maneira que seus lábios formaram a palavra "Wanda" antes de me beijar novamente.

- Você poderia ter me parado.- eu digo e levanto.

- Dificilmente. - ela diz tossindo. Eu quero chorar novamente, ela me deixa tão emotiva. O fato dela estar de dizendo que eu praticamente forcei-a a me beijar, eu me sinto humilhada e machucada. Enterro minha cabeça em minhas mãos e vou em direção a porta.

- Você pode dormir aqui hoje a noite já que não tem lugar nenhum para ir. - ela diz calmamente e eu balanço a cabeça negativamente. Não quero ficar mais perto dela, isso é tudo parte de seu joguinho, ela finge ser legal e me deixa ficar em seu quarto e enquanto eu estiver dormindo ela põe fogo no quarto ou corta meu cabelo. 

  - Não, obrigada. - eu digo e saio de seu quarto. Quando chego nas escadas acho que escuto ela chamar meu nome mas continuo andando. A brisa fria causa uma sensação maravilhosa contra a minha pele. Eu sento na familiar parede de pedras e logo meu celular novamente. São quase quatro da manhã. Eu deveria estar acordando em uma hora para tomar um banho mais cedo e começar a estudar, ao invés disso estou aqui sentada nessa parede de pedras, sozinha, no escuro. Eu leio as mensagens de Valquíria e de minha mãe, óbvio que ela contou para ela. Eu não tenho nem o direito de ficar brava com ela, acabei de trair a minha mesma. Eu digito o endereço do dormitório no navegador do celular e começo a andar.