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Seu cheiro de hortelã está em todos os lugares e em momento algum seus braços se soltaram de meu corpo. Col estava ali, estava conformado de que eu nunca o amaria como ele me ama, mas ele não fazia ideia de como doía dentro de mim não conseguir sentir o mesmo.

Algumas das luzes dos brinquedos eram reconfortantes, queria que estivessem funcionando para podermos ir na roda gigante, mas infelizmente só funcionavam no verão. O vento frio batia em nós, mas não estávamos com tanto frio... Estava bom, o tempo poderia congelar nesse momento para sempre.

- Droga - ouço-o resmungar enquanto se estica para pegar o celular no bolso da frente. Depois de esperar alguns segundos tal pessoa atende-o - Sra. Martin?! Eu a encontrei - uma pausa demorada - Estamos naquele parque antigo... Sim, sim... O que só funciona no verão - mais uma pausa - Vamos esperar pela senhora... Não precisa agradecer.

Olho-o fixamente enquanto desliga o celular, ele me encara com a mesma intensidade e dou um sorriso abobado.

- O que foi? - ele diz gargalhando.

- Você! É engraçado você amiguinho da minha mãe - ele faz uma careta enquanto rio. Eu gosto do sorriso do Col, é tímido... Mostra como ele é, verdadeiro.

- Ang pare de me encarar, estou ficando constrangido! - ele empurra minha cabeça com leveza me fazendo rir.

- Col?

- Hum? - ele diz distraído.

- Você sabe que eu amo você como um irmão, e que você é a melhor pessoa que eu poderia ter conhecido. Você também sabe que, mesmo não querendo, sou apaixonada por um idiota... Mas quero que por um minuto, eu e você, esquecêssemos tudo isso - mordo meu lábio inferior.

- Tá, tudo bem... Mas por quê? - ele age nervosamente e eu sempre achei graça nisso.

- Porque eu quero, por um minuto, sentir a sensação de conseguir escolher o certo para mim, está bem? - ele concorda com um aceno e me aproximo dele, seus olhos me encaram apavorados e ele não consegue parar de bater seu pé inúmeras vezes ao chão - Feche os olhos, nada de ruim vai acontecer... - sussurro. Ele fecha os olhos e respira, quando finalmente se acalma toco meus lábios aos seus.

Mesmo de olhos fechados sei que ele está com os seus esbugalhados e surpresos, mas quando os segundos começam a passar ele se acalma e puxa-me para mais perto, passo meus braços ao redor de seu pescoço. Nunca imaginaria que beijar o Col seria tão... Bom. Seus lábios eram macios e nossas línguas dançavam no mesmo ritmo da música que tocasse. Levo minhas mãos ao seu cabelo e seus cachos enrolam em meus dedos enquanto sinto-o dar um sorriso em meio ao beijo. Uma de suas mãos está em meu rosto me puxando mais e mais para perto dele, já a outra sobe e desce por minha coluna fazendo com que os pelinhos de minha nuca se arrepiassem. De pouco em pouco vamos nos separando com vários selinhos em seguida, podia sentir minhas bochechas coradas e meu coração batendo tão rápido, parecia que ele iria sair de dentro de mim.

Nos separamos e ele me observa, está surpreso demais para dizer qualquer coisa, então deito minha cabeça em seu ombro e rezo silenciosamente com os olhos fechados para que eu conseguisse escolher o certo para mim, porque nesse momento eu soube, que se tivesse controle sobre meus sentimentos, Collin Stevens seria o certo para mim.

- Isso não vai acontecer de novo - ele fala ainda assustado.

- Eu sei - respondo mesmo sabendo que ele não havia me perguntado - Te amo, Col.

- Te amo, Ang - ele beija o topo de minha cabeça.

Ouvimos a buzina do carro de minha mãe e corremos até a entrada, ela estava calada porém sua feição era brava. Ela levou o Col e assim que ele se despediu ela me fuzilou com o olhar.

- Eu não sei mais como posso castigar você, está me deixando sem opções - ela vai em direção ao hospital. Meu pai finalmente voltaria para casa - Seus pai esta abismado, tenho medo da reação dele ao ver você, Angelina!

- Eu só precisava pensar...

- Pense dentro de casa na próxima vez, tudo bem? - ela suspira enquanto estaciona o carro na frente do hospital.

***

- Papai! - corro até seus braços - Que saudades!

- Também estava, anjo - ele me envolve fortemente e minuto depois me encara - Temos que conversar.

Olho-o nervosa e mordo meu lábio inferior, droga! Eu tenho que ficar quieta e o discurso será menor!

- Angelina - ele tocou minha bochecha e a acariciou - Querida... Só não pense em algo assim de novo, podemos estar em uma situação difícil, mas sem você por perto seria muito pior, seria insuportável! - ele beija o topo de minha cabeça - Nós amamos você, querida.

- Eu também amo vocês, estava com tanta saudades! - puxo o braço de minha mãe que nos assistia e nós tivemos um abraço triplo - Desculpa, mamãe...

- Tudo bem - ela passou a mão por meus cabelos e abriu um pequeno sorriso - Eu amo você, minha garotinha!

- Está na hora de irmos para casa - papai diz enquanto se despede do doutor.

- Qualquer piora pode trazê-lo de volta, Eva - o doutor acenou com a cabeça e abraçou minha mãe.

***

Despertador. Maldito despertador. Era apenas o que eu conseguia pensar ao ouvi-lo tocar em plena sete da manhã. Dentro de mim a ideia de ir para o colégio era insuportável, mas mesmo assim me levantei e joguei água em meu rosto.

Escovei meus dentes, vesti meu uniforme e um suéter preto, prendi o cabelo em um rabo de coelho mal feito e desci as escadas carregando minha mochila que parecia pesar mais está manhã.

Papai estava acordado lendo seu jornal e tomando uma xícara de café, parecia que nada havia mudado, tirando o fato dele estar de pijama e não terno. Peguei uma torrada de seu prato e dei um leve sorriso assim que ele me olhou, dava para ver o quão alegre ele estava de finalmente ter voltado para casa, isso só deixava meu coração bater rápido e calorosamente. Ouvi a buzina do carro de Sarah e corri até a entrada gritando um bom dia qualquer.

Collin já me esperava dentro do carro com os braços abertos, seu cheiro de hortelã invadiu minhas narinas assim que deitei minha cabeça em seu peito. Ouvi o barulho de seus lábios beijando o topo de minha cabeça e sorri.

- Bom dia - alegrei-me em dizer - Papai está em casa!

- Bom dia, Ang - ele sorriu - Então ele está bem? - concordei e ouvi um "ufa" escapar de seus lábios.

- Eu sabia que ele ficaria bem! Charles é um homem forte, vocês vão passar dessa fase bem rapidinho, não precisa se preocupar! - a mãe do Col disse alegremente.

Sorrio. Acho que hoje pode ser um dia bom, muito bom quem sabe. Minutos depois Sarah parou o carro em frente à escola, a maior parte dos alunos já se encaminhava para seus respectivos prédios, mas uma menina com longos cabelos ruivos e olhos claríssimos parecia perdida. Estava indo ajudá-la quando ouvi a voz de Collin se despedindo e logo correndo para o prédio masculino.

- Angelina? - a voz da coordenadora desviou minha atenção para ela e para a garota ruiva - Estava atrás de você! Essa é Mabelle Lafue, a intercambista francesa! Gostaria que apresentasse o colégio para ela.

- Bonjour! C'est un plaisir de vous rencontrer! - seu sotaque era forte, mas sua voz era melodiosa - J'espère que nous pouvons être des amis.

*Olá! É um prazer conhecê-la! - ... - Espero que possamos ser amigas.*

Angel & CollinOnde histórias criam vida. Descubra agora