- Craig... Tem certeza que quer entrar?
- Não passamos em minha casa atoa, Asas... E eu quero entrar, pedir desculpas pela maneira como lhe tratei e tentar ser aceito mais uma vez - ele deu aquele sorriso que fazia meu coração acelerar de uma maneira descomunal.
- Eu não sei o quão bravos eles estão...
- Se eu estiver com você tudo vai dar certo - e ele me beijou. Não foi um beijo urgente, era algo mais suave que demonstrava que ele estava ali para o que der e vier.
Quando nos separamos só consegui olhar as ondas se movendo em seus olhos e em como tudo estava finalmente dando certo, apesar da minha briga com Collin ontem. Collin... Só o mencionar do seu nome me fazia querer dar um soco em meu próprio rosto, claro que ele foi idiota também, mas se eu tentasse explicar só mais um pouco o quão importante era tudo isso para mim... Talvez ele entenderia, ele era meu melhor amigo.
Passei minhas mãos delicadamente pelo rosto de Craig e percebi o quão apaixonada eu ainda era por ele, o quão louca ele me deixava... Craig é e sempre será meu primeiro amor, eu sempre vou ama-lo.
- Vamos fazer isso - abri a porta do carro e esperei ele vir ao meu encontro.
Caminhamos juntos até a porta.
*****
A casa estava tão silenciosa que não parecia ter ninguém, tudo estava fechado e nem o café da manhã se encontrava na mesa.
- Mamãe? Papai? - falei um pouco mais alto.
- Aqui em cima, querida - consegui escutar meu pai descendo as escadas - Estávamos preocupados, mas que bom que chegou! Oh, trouxe um amigo! É um prazer conhece-lo, rapaz, espero que tenha cuidado bem da minha garotinha.
- Sr. Martin sempre fazendo boas piadas - Craig gargalhou enquanto meu pai fazia uma expressão tentando entender a graça. Meu coração pesou e comecei a sentir um embrulho no estomago, papai não se lembrava de Craig...
- Craig... Acho que devemos conversar em particular, nos de licença por alguns instantes, papai... - pedi com um pequeno sorriso.
Meu pai assentiu e saiu do corredor para a cozinha enquanto eu apenas o observava querendo abraço-lo e nunca soltar, ele já estava esquecendo de pessoas e isso era um péssimo sinal.
- Papai foi diagnosticado recentemente com Alzheimer... Ele estava apenas esquecendo coisas simples como a chave ou o controle, mas acho que ele piorou... Ele esqueceu você.
- Asas... Eu não sabia que você estava passando por coisas assim, eu sinto muito - ele me abraçou, por um momento fechei meus olhos e chorei em seu ombro. Agarrava Craig como se ele fosse a unica coisa estavel presente em minha vida, como se apenas ele pudesse me salvar de toda dor. Seu perfume amadeirado me fazia querer mante-lo sempre um pouco mais perto - Está tudo bem, eu estou com você e não vou te deixar... Não chora, vai ficar tudo bem, eu prometo.
Mas nosso momento amoroso acabou assim que minha queria mãe colocou os pés na sala, seu olhar era de pura raiva e eu conseguia sentir o quão ferrada eu estava.
- Você está de castigo, dessa vez para o resto da vida! - ela disse calmamente, aposto que estava com medo de perder o controle.
- Eva! Quanto tempo - Craig tentou tirar a atenção de minha mãe e felizmente conseguiu, ela gostava dele - Angelina me contou sobre Charles, eu sinto muito...
- Oh, Craig, querido... Quanto tempo que não o vejo - ela o abraçou amigavelmente - Bom, obrigada... O quadro não avançou, então só podemos esperar que não avance.
- Na verdade, mamãe... Papai esqueceu quem o Craig é - forcei minha voz a sair, um nó se fazia em minha garganta.
- Ãhn... - e eu vi o momento em que os olhos de minha mãe, antes tão confiantes, ficarem perdidos. Por um momento ela esqueceu como respirar, andar e falar, apenas ficou encarando o vazia e tentando se manter em pé.
Dei um passo para tentar conforta-la e ela percebeu e caminhou também, mas perdeu todo o equilíbrio e foi ao chão, imediatamente me ajoelhei ao seu lado e a abracei com todas as minhas forças. Nunca vi minha mãe assim, nunca a vi tão desorientada e sofrendo como está agora... Lágrimas corriam por sua face enquanto ela tentava dizer alguma coisa, mas sem sucesso.
- Eu vou fazer um café, chá... Os dois... Vou deixar vocês sozinhas por um minuto, está bem? - a voz dele tremia e eu sei o quão sem reação ele estava, Craig nunca foi bom em dizer ou fazer algo quando via alguém chorando.
Ele saiu da sala e me deixou sozinha com minha mãe, a mulher que me criou parecia uma criança indefesa que só precisava de uma base para se manter forte.
- Eu sei, mamãe, eu sei... - passei minha mão por seu rosto limpando as lágrimas - Mas olhe para mim, por favor.
- Você entende que ele começou a esquecer pessoas, não é? Ele pode nos esquecer, minha filha... - ela sussurrou e por um momento eu acreditei nela.
- Mas não vai, não esquecemos quem amamos... Não me importo com o grau que essa doença pode chegar, porque eu sei, mamãe, que ele nunca vai nos esquecer.
*****
- Então vocês estão namorando? - meu pai me perguntou enquanto eu comia um pão recheado de nutella.
Eu e mamãe tinhamos nos recomposto depois de uns minutos e quando entramos na cozinha vimos papai e Craig conversando como dois amigos enquanto Craig fazia um chá.
- Bom... Eu vim resolver essa questão, Sr. Martin - Craig sorriu timidamente, exatamente como na primeira vez que ele conheceu meus pais.
- Me chame de Charles - papai tomou mais um gole do seu café enquanto nos observava.
- Queria a permissão para namorar com a filha de vocês - Craig me olhou e eu sorri automaticamente como se finalmente tudo estivesse dando certo.

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Angel & Collin
Romantizm"Amar é muito mais do que uma simples conta de trigonometria."