𝒔𝒂𝒕𝒖𝒓𝒏 || 𝒇𝒊𝒍𝒍𝒊𝒆

𝒓𝒖𝒊𝒏 𝒎𝒚 𝒍𝒊𝒇𝒆.

Cape Cod, 27 de setembro de 2019.

Tinham duas coisas que eu amava sobre viajar em carros. Uma era que o balanço dele sempre me ninava, instantaneamente eu adormecia.

Outra era que sempre era um lugar calmo e silencioso para mim. Eu só sentava, escutava música e dormia.

Mas nesse momento, a última coisa que o carro de Charlie estava, era silencioso e calmo.

— Porra, Noah! Que nojo, desnecessário.

Escutei a voz amena de Sadie ecoar por todo o ambiente. Fingi estar dormindo pra ninguém falar nada.

Sei que se alguém viesse, eu choraria no meio do abraço me lembrando de Jacob.

— Gente, vocês podem, por favor calar a boca? Eu tô tentando me achar aqui! — Finn disse afobado, jurei escutar um barulho de papel do meu lado.

Decidi que abrir os olhos naquele momento seria bom, antes que ele enfiasse o papel dentro da goela de Noah.

— O que tá acontecendo?

Me desencostei do ombro de Noah, ajeitando minhas costas e me espreguicei.

A única coisa que recebi em resposta foi um olhar direcionado a mim vindo de todas as pessoas naquele carro.

— Millie, eu... — Sadie começou o discurso já esticando a mão até mim e segurando a minha própria.

— Eu não quero falar sobre isso agora, tá? Só me expliquem o que está acontecendo.

Finn suspirou, olhei para o garoto ao meu lado vendo ele segurar um mapa em mãos. Meu rosto se tornou uma grande interrogação.

— Por que você está usando, literalmente, um mapa? Existe GPS, sabia?! — Peguei meu celular do bolso, toda faceira até ver que o coitado estava sem sinal. — Ótimo, a bateria vai acabar em menos de uma hora.

Recebi um sorriso debochado de Finn como se me dissesse o motivo de estar lendo, ou tentando ler, um mapa.

— Eu já disse pra ele parar com essa merda, não vamos sair dessa estrada hoje!

Noah, que ontem vestia um casaco típico do seu look modelo da Forever 21, agora estava apenas de camisa do Ramones que eu jurei ser Joe e eu mesma já ter usado a belezura.

Ele estava jogado ao meu lado, com uma perna pra cima e observava os carros passarem quase voando ao nosso lado, ao mesmo tempo que dava uma checada rápida se o carro de Natalia estava realmente atrás de nós.

O carro em que estávamos era uma espécie de van, tinha três fileiras de banco. Na primeira era o do motorista e passageiro, o outro era o banco normal e por fim, no que eu, Finn e Noah estamos era um banco com três assentos bem apertados, Sadie tinha ficado na frente com a desculpa que teriam que pegar Jack ainda e ele era espaçoso.

— Espera, quando Jack chegou? — O menino, que antes conversava com Noah olhou pra mim, com o sorriso irônico estampado no rosto e se virou totalmente para nós.

— Ninja! — Ele sussurrou e eu só franzi as sobrancelhas.

— Nós pegamos ele na saída da cidade, ele estava saindo do ônibus.

Grazer era nosso amigo fazia tempo, mais de Finn do que meu e Noah. Todos ali eram amigos, mesmo que uns não tão íntimos quanto outros, mas amigos.

Schnapp e ele tinham algum tipo de ligação estranha, não sei. Os dois não faziam contato visual, ficavam nervosos e quando eu estava de mãos dadas com Noah e eles estavam conversando, conseguia sentir a mão do menino suando nas minhas.