Aviso; esse capítulo fala abertamente sobre crises de ansiedade e afins, se isso te incomoda ou se você for sensível, não leia. Pode ser um gatilho, sim.
Escutem essa música lendo;
Medicine - The 1975.
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Cape May, 29 de setembro de 2019.
Adrenalina.
Sentir correndo pelas veias. A emoção do coração quase pulando pela boca. O corpo inteiro dormente e simplesmente não conseguir ficar quieta.
Adrenalina, para algumas pessoas poderia ser relacionada à felicidade, espontaneidade e energia. Para outras, isso era com certeza, horrível.
E eu me encaixava nesse segundo plano.
Lembro-me da primeira crise. Minhas mãos tremiam e eu não conseguia respirar. O coração batia rápido e preciso. Eu já conseguia sentir o gosto de ferro em minha boca.
As unhas marcavam minha pele, tão forte que algumas gotículas de sangue escaparam dela.
Eu estava no banheiro, sentada no vaso sanitário quando aconteceu. Depois de uma briga terrível com minha mãe.
Meus braços tinham cicatrizes, novamente das unhas que passaram fortemente pela região em uma falha tentativa de amenizar a dor.
Minha cabeça latejava, e eu parecia ser sensível a qualquer tipo de barulho. Meus soluços nem eram mais soluços, estavam fazendo barulhos estranhos. Parecia que eu estava tendo um ataque cardíaco do avesso.
E depois de alguns minutos, com o corpo inteiro inerte em uma dolorosa adrenalina, passou. A tremedeira, o medo de alguma coisa inexplicável e da ansiedade que me consumia sem dó.
Lembro-me também, de abrir os olhos espantada com tudo aquilo. As marcas em meus braços e mãos não escondiam. Me entregavam.
E daí para pior, foram três anos de tortura de mim para comigo mesma. Até que eu consegui me reerguer. Fazia um ano desde a última crise, eu havia aprendido a controlar.
Quando começavam a querer vir, eu respirava fundo, colocava o fone onde quer que eu estivesse e cantava por uns dois ou três minutos.
E se não funcionasse, eu só ia para baixo do chuveiro e ficava lá. Alguns dias por horas, outros por minutos. Tanto faz.
Mas agora, não. Agora eu conseguia detê-la. Sabia quando viria e sabia como pará-la. E eu desejei, desejei mesmo, que Wolfhard não passasse pelo mesmo que eu. Ou pior.
Tudo começou quando estávamos limpando a bagunça que o louro havia deixado. Jack estava deitado no sofá da sala, se recuperando do corte horizontal em sua barriga e vez ou outra, Noah ia até o menino, para ver se ele precisava de alguma coisa.
Sadie, Caleb, Gaten, Finn e eu esfregávamos o chão, tirando os resquícios do sangue coagulado no chão - podia-se dizer que o sangue do carinha era realmente de cobra.
Matarazzo reclamava de segundo em segundo. E eu já estava vendo a hora que Finn iria enfiar o esfregão no umbigo dele.
— Estou cansado, será que podemos parar por um minuto?
— Não, Gaten. Não podemos. — Sink disse, parando de esfregar e apoiando as mãos na cintura, olhando furiosamente para Gaten. — Nós vamos embora hoje à noite, e temos que deixar tudo limpo.
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𝒔𝒂𝒕𝒖𝒓𝒏 || 𝒇𝒊𝒍𝒍𝒊𝒆
Romance"𝐶𝑜𝑚 𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑟, 𝑒𝑢 𝑣𝑜𝑢 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑟 𝑜 𝑖𝑛𝑓𝑖𝑛𝑖𝑡𝑜. 𝑄𝑢𝑎̃𝑜 𝑟𝑎𝑟𝑜 𝑒 𝑏𝑜𝑛𝑖𝑡𝑜 𝑒́ 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡𝑖𝑟𝑚𝑜𝑠." Início: 22/07/2019. Fim: 14/10/2019.