𝒈𝒐𝒐𝒅 𝒅𝒂𝒚𝒔.

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New York, 17 de dezembro de 2021.

O finalzinho de noite estava frio, os raios amarelados aparecendo pela primeira vez no dia, e dando oportunidade para o sol se fazer presente, iluminando a varanda de um apartamento qualquer que moravam três jovens, e mostrando-os mais uma vez que haviam passado por outro pôr do sol.

— Eu acho que talvez possa ter sido pneumonia, não? — Uma ruiva com o celular entre o ouvido e ombro disse, ao mesmo tempo em que mexia uma panela com cubinhos de carne vermelha, e abaixava o fogo vendo as camadas mais escuras se formando no alimento. — Sim, eu entendi. Mas não podemos descartar a possibilidade. Ele estava tossindo demais, e ainda tinha uma quantidade plausível de líquido nos pulmões. — A menina, que agora já tomava o devido corpo de mulher, sorriu para a ruiva que falava ao telefone em seu lado, cortando tomates e despejando-os em uma vasilha que já continha alface e cebolas roxas. — Tá, Brandon. Até amanhã, boa noite. — Ela se despediu, desligando o aparelho e jogando com irritação na ilha de mármore. — Eu não aguento mais esse cara, odeio ele e sua desconfiança sobre eu estar fazendo tudo errado. Me passa a maionese.

A morena apenas riu baixo, entregando a outra o que lhe foi pedido, voltando a sua posição de origem, porém esticando-se para pegar um copo que ficava no topo do armário, já que só haviam dois copos separados na pia para o dia-a-dia.

Eles não costumavam comer juntos, era quase um milagre isso acontecer. Sempre tinha um que chegava mais tarde do expediente, ou das aulas. Nunca saíam no mesmo horário, então não tomavam café juntos. Ambos almoçavam no trabalho, sem almoço juntos. E a janta, bom, o jantar as cinco da manhã era a única alternativa para se verem além dos finais de semana corridos.

— Queridas, cheguei! — A voz alegre, e mais grossa que da última vez que as meninas haviam notado, pode ser ouvida da cozinha, que era do lado do corredor que dava na porta de entrada. — Posso colocar na mesa? — Diz se referindo a grande garrafa de refrigerante em sua mão. Recebeu um balançar afirmativo de cabeça da ruiva, então ele o fez, vendo as duas indo em direção a tal mesa. — Como foi o dia de vocês?

Se sentaram ao redor da mesinha de centro que era baixa demais, fazendo com que eles comessem no chão. Tudo resultado de uma compra do garoto na internet assim que se mudaram, com a intenção de ser uma grande mesa de jantar. Ele teve de ouvir reclamações pelos últimos seis meses por conta do acidente.

— Foi normal, visitamos um necrotério hoje e abrimos um corpo sozinhos. — A morena disse, sorrindo e vendo as caretas dos amigos. — Falando nisso, não te vi hoje antes de sair. Dormiu aonde?

— Harry deu uma festa ontem e me chamou, dormi na casa dele. — Uma sequência harmoniosa de 'Hmmm' surgiu no ar com vozes femininas, arrancando uma cara feia do garoto.

— Só cuidado para não pegar uma gonorreia, Noah. — O menino apenas disse um 'Vocês são nojentas' começando a colocar o macarrão com molho vermelho no prato japonês que eles tinham comprado na promoção da lojinha da esquina. — E você, Sasa? 

— Limpei bunda de bebê, li alguns livros sobre a merda dos neurônios cerebrais a madrugada inteira e comi um sanduíche horrível por cinco dólares. — Sadie disse sorrindo ironicamente, dando uma garfada na massa perfeitamente no ponto.

— Animador, Sadie. — A outra garota falou rindo, tomando um gole do líquido transparente que fazia contraste com o copo vermelho de vidro. — Vocês sabem se deu chuva pra amanhã? Vou precisar ir no hospital da cidade pro trabalho da universidade e se tiver chovendo não vai rolar ir de jaleco.

— Não faço ideia, Mills. Talvez chova sim, o céu tá bem nublado. — E com esse comentário, Millie olhou pra varanda direcionado para o alto, tentando olhar para o céu que estava acizentado por conta das diversas nuvens que se faziam presentes em New York.

Céu esse que também era visto do outro lado de Massachusetts, por um menino de cabelos enrolados e um garoto com a risada alta demais para aquele horário.

— Sua primeira aula amanhã é às nove? — Foi respondido apenas com um leve balançar de cabeça, estendendo a mão na direção do menino ao lado e pegando o cigarro que morou por entre seus dedos por dois minutos. — Como será que estão as coisas em Cape Cod?

— Jack, pare. Nós temos uma vida nova agora, e você precisa esquecer de lá. — Um bufo irritado saiu pelos lábios do mais alto, que encontrava-se sentado no capô da picape vermelha que eles dividiam, enquanto olhavam o sol aparecer por entre as nuvens. — Sério, eu achei que você fosse se adaptar muito melhor do que eu. Qual é, — Um trago calmo foi dado. — futebol, pessoas em cima de nós o tempo todo, foi tudo que sempre quisemos, Jackie.

— Eu sinto falta da minha família. — Finn suspirou, tacando o cigarro no chão e pisando depois, ao que se aproximou de Grazer, passando o braço envolta do ombro do menor, sentindo o menino relaxar ao toque amigável.

— Nunca iríamos conseguir crescer lá, foi melhor assim. — As cabeças foram grudadas lado a lado num silencioso 'Estou aqui', por parte de Wolfhard que cuidava do menino como se fosse seu irmão mais novo, sempre o protegendo.

E era desse mesmo jeito que Noah se sentia, como na primeira vez que Millie chorou por um garoto do ensino médio que havia quebrado seu infantil e inocente coração, confortando-a em um abraço e em uma noite de desenhos na TV, alegando que o mais velho era um bobão por não querer uma menina tão linda quanto ela.

Ou quando Sadie chorou pois não conseguia decorar todos os neurônios de algum lugar, dizendo que não iria passar na prova e que iria largar a universidade. Passou o dia inteiro com ela, juntamente a Brown ajudando-a a estudar e acabou por tirar uma ótima nota na avaliação.

Ou até mesmo quando Caleb abrigou Gaten em sua casa por dois meses, pois o menino não tinha condições suficientes para conseguir morar sozinho e fora das asas dos pais. Onde deu comida, água e abrigo para uma pessoa que fazia parte do seu coração.

E nesses pequenos momentos, eles viam que a amizade deles não era passageira. Algo que acabaria em dois anos ou dois dias. Sempre estariam ali um pelo outro, mesmo quando o caminho para casa fosse mais longo e difícil. Eles ficariam juntos, pois eram destinados a isso. Era assim que tinha que ser.

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Esse capítulo foi só pra atar uns pontos soltos, mas no próximo já fica bom, ok???

To louca pra começar uma fic nova, mas to me forçando a esperar essa aqui acabar pra isso. Me julguem.

Perdoem qualquer erro.

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Kisses!

𝒔𝒂𝒕𝒖𝒓𝒏 || 𝒇𝒊𝒍𝒍𝒊𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora