Capítulo 2

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O dia seguinte amanheceu ensolarado, era varão e o último mês do ano se aproximava. Christopher acordou cedo como de costume, e saiu para correr. Após uma hora correndo e suando, voltou para casa, tomou um banho e um rápido café. Teria um dia cheio, havia algumas reuniões e os preparativos da viagem do fim de semana.

Iria passar dez dias em Paris, havia uma empresa interessada em uma parceria sobre a matéria-prima que usavam nos produtos. Seria ótimo para um novo lançamento, e a chance de Christopher expandir a empresa para territórios internacionais.

Assim que passou seu crachá na entrada e dirigiu-se ao elevador, Christopher deu de cara com Dulce sua assistente.

Ela usava mais um de seus terninhos e saia social, fora o sapato extremamente alto. Dulce não tinha mais de um metro e sessenta, seus cabelos eram cumpridos e tingidos de ruivo.

- Bom dia, Dulce!

- Bom dia senhor Christopher, tudo bem?

- Tudo ótimo.

Para Dulce o elevador estava subindo devagar demais. Ela tinha um pouco de receio ao estar ao lado de Christopher, ele era muito bonito e jovem, bem ao contrário de seu pai. Victor Uckermann não era de se jogar fora, porém Christopher era bem mais atraente e isso deixava Dulce nervosa.

Ele era sempre atensioso e muito educado, e ela tentava fazer o mesmo. Era apenas o seu chefe, assim como Victor. Dulce havia cursado secretariado na faculdade, e o cargo de assistente supria todas as funções que havia aprendido. Tinha um bom salário e o horário também era bom.

Pensava em abrir o seu próprio negócio, gostaria de ser cerimonialista, abrir sua empresa para organizar cerimoniais. Organizar toda a festa, desde o fechamento com o salão, o buffet, a organização das mesas, o Dj até a realização da cerimonia propriamente dita. Por enquanto era um sonho, que ela tentava juntar dinheiro para alcançar.

Finalmente o elevador se abriu, e Dulce pode respirar mais aliviada.

- Dulce, você pode me fazer um favor? Pode confirmar o que falta para a viagem? Acho que ainda falta confirmar a reserva no hotel, e conferir com o Christian...

Foi então que Christopher percebeu, a viagem era em poucos dias e ele acabará de ter um bebê. Tanto Cristal quanto Maite precisavam de cuidados, ele não podia pedir para o amigo ir com ele em uma situação como essa.

- Algum problema senhor Christopher? - Perguntou Dulce ao perceber que ele ficou mudo de repente.

- Preciso resolver um assunto.

Entrou em sua sala com o celular na mão, estava discando para Christian que não demorou muito para atender.

- Fala parceiro, a May recebe alto amanha de manhã. Ela e nossa Cristal estão ótimas. - Disse animado.

- Que bom irmão, fico feliz por vocês. Manda um beijo para a May e para nossa Cristal.

- Deixa comigo.

- Escuta Chris, sei que esse não é o melhor momento e que você precisa cuidar das suas meninas. Mas preciso ver uma coisa com você, nossa viagem.

- Putz! Ucker, sério cara, eu sei o quanto isso é importante para você e para a empresa e sei o quanto estamos estudando sobre tudo isso. Nossa eu tinha mais material para te entregar, mas dessa vez eu não posso ir com você. Eu não posso deixar a May, e são muitos dias. Desculpa Ucker, de verdade.

- Eu sei Christian, eu jamais te pediria isso. Precisa cuidar da sua família. O problema é que eu não posso e nem quero ir sozinho, eu vou ficar apavorado.

Era a primeira vez que Christopher viajava a negócio no comando da empresa. Já tinha ido a várias negociações com seu pai, mas sozinho era difícil. Ele tinha medo, é claro que teria.

Estaria no controle agora e não saberia controlar a situação sozinho, previsava de alguém para auxiliar e ajudar a pensar em tudo antes de fazer.

- Calma Ucker, leva outra pessoa.

- Quem? Nós estavamos estudando isso juntos, o Antônio não daria muito certo comigo, o Celso tem muito trabalho aqui e a Talita ta trabalhando na campanha de natal. - Disse o nome de algumas pessoas que trabalhavam mais próximas a eles.

- Eu sei, eles não tem condições de deixarem tudo aqui. - Os dois ficaram em silêncio por algum tempo, pensando no que poderiam fazer, quando Christian deu uma ideia: - E a Dulce?

- A Dulce? A minha assistente? Ah qual é Chris, ela é uma ótima funcionária, mas a gente nem conversa direito ela ta aqui porque meu pai pediu. Acho que ela tem medo de mim.

Christopher sentia que Dulce evitava olhar em seus olhos, e não se abria muito com ele. Conversava somente essencial, e organizava sua agenda de uma forma que Christopher nunca viu.

- Para com isso Ucker, ela participou de todas as nossas reuniões, me ajudou até em algumas pesquisas, levantamento de dados. E ela é muito gente boa, é que você é o chefe por isso ela se retrai. É a melhor escolha no momento.

- Não sei tenho as minhas dúvidas.

- Você não tem muito tempo, e a Dulce é a mais capacitada. Preciso desligar, qualquer coisa me manda mensagem.

Christopher jogou o telefone sobre a mesa e sentou-se em sua cadeira. Não estava esperando um imprevisto como esse, sabia que o bebê que Maite estava para nascer e havia programado a viagem no tempo certinho de voltarem a tempo, mas as coisas não foram como haviam planejado.

Ele não tinha tempo e nem muitas escolhas. As melhores pessoas para o acompanhar estavam muito ocupadas em suas funções, e Duce era mesmo a pessoa depois de Christian qua mais sabia sobre as negociações.

Não tinha o que ser feito, ligou para Dulce entrar em sua sala. Logo ela bateu na porta e entrou com a agenda.

- O senhor quer que eu repasse sua agenda de hoje? Já estou verificando com o hotel a confirmação das reservas. - Disse assim que entrou.

- Não foi por isso que a chamei. Sente-se por favor.

Dulce o obdeceu, sentando a sua frente. Uma onda de medo lhe invadiu, será que ele iria demiti-la? Seria muito humilhante, o presidente da empresa mandar ela embora iria doer muito mais do que se o RH fizesse isso.

- O que houve senhor Christopher?

- Você já fez alguma viagem internacional, Dulce? - Perguntou ele aleatoriamente.

- Fiz um intercâmbio para Londres de seis meses quando estava na faculdade, e já fui duas vezes para a Argentina.

- Ótimo! E o seu visto está vencido?

- Não, não faz muito tempo que tirei.

Dulce não estava entendo onde essa conversa iria.

- Muito bom, eu tenho um pedido para lhe fazer.

Ela se endireitou na cadeira, apreensiva com toda a conversa.

- Preciso que vá para Paris comigo, pode ser? O Christian não pode ir, e eu não posso ir sozinho. Você esteve conosco enquanto estudavamos os franceses, e sei que pode me ajudar.

A proposta pegou Dulce de supresa, ela estava organizando toda a viagem e nunca pensou que poderia participar.

- Nós iremos atualizar as passagens, tudo o que for necessário. Eu preciso de você nessa viagem, você pode me fazer esse favor Dulce?

Ele a olhou nos olhos, e Dulce sentiu que seu rosto estava esquentando. Eles nunca haviam se olhado tão de perto. Christopher nem sabia que os olhos de Dulce eram castanhos.

Ela podia sentir o coração batendo na boca, esse pedido era irrecusável. Quantas vezes não sonhou em conhecer Paris. E era um bom momento para desmistificar a ideia de ter um chefe bonito e jovem.

- Sim, senhor Christopher, eu posso ir com o senhor.

Adorável Chefe.Onde histórias criam vida. Descubra agora