7 capítulo

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Narração Peter

"Quer que o mundo gire em torno de você?"

Essa pergunta se repetia milhares de vezes em minha cabeça.

Eu sumi por um mês. De novo. Eu prometi a mim mesmo que pararia de ter esses surtos. Mas depois da pequena discussão com minha mãe, eu não aguentaria ficar nessa casa com o seu olhar sobre mim. Eu sabia quem era o errado, más ela também tinha errado.

No mesmo dia que discutimos, eu peguei minha mochila novamente e coloquei várias  peças de roupa. Eu não sabia por quanto tempo ficaria fora. Eu só queria evitar o olhar tristonho da minha mãe e do meu pai.

Eu queria ficar alí. Mas não por mim, e sim pela Cloe. Eu estava começando a gostar dela. Não de uma forma maliciosa. Ou talvez sim. Mas, mais como amiga. Ela tinha se mostrado uma garota forte ao meu lado, e ela já passou por muita coisa ruim no orfanato. Quer dizer, eu acho. Ela tem algumas marcas perto dos lábios e uma cicatriz em sua sobrancelha. Eu queria saber o por quê daqueles machucados. Mas pelo jeito, eu teria que matar a minha curiosidade.

Peguei a minha trouxa de roupa e fui embora. Parei na casa de Jordan e a mãe dele queria me espancar por levar o querido filho dela ao "mau caminho". Eu não tinha culpa, as pessoas fazem o que elas querem.

Fiquei uma semana sem ir para a escola, e sempre rejeitava as mensagens da minha mãe. Se o objetivo era ignorar ela, qual seria o sentido de atender?

Duas semanas se passaram.

Três semanas se passaram.

Matthew me encontrou em um parque enquanto eu saía com alguns cachorros para conseguir algum dinheiro. Ele me contou o que aconteceu entre ele e a Cloe, e no mesmo segundo, parti para cima dele.

Eu nunca tinha brigado por causa de uma garota. Mas ela não era qualquer garota.

E agora, estou aqui.

Estudando cálculos e esperando ansiosamente pela resposta de Cloe. Quer dizer, se é que tem resposta.

Meu celular vibrou e no mesmo segundo, o peguei.

- Boa noite.- E assim, a minha esperança de conversarmos o resto da madrugada, foi embora.

Fechei meus cadernos e me apoiei na janela vendo a noite escura e fria. Acendi um baseado e relaxei vendo a noite. A escuridão me acalmava!

Relaxei meu corpo na cadeira, mas assim que ouvi sua voz suave, meu corpo inteiro ficou rígido. Cloe estava cantando algo em um fio de voz. Me levantei da cadeira e encostei minha orelha contra a porta, e assim, escutei sua voz novamente:

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:

Meu tempo é quando.

Meu coração se aqueceu ouvindo Cloe murmurar esse poema. Abri a porta e caminhei até o seu quarto. Sua porta estava fechada, pensei seriamente em abrir, até que a mesma abriu.

Ela se chocou contra o meu corpo e logo em seguida me olhou, seus lábios rosados sempre me chamavam atenção. Nossos olhares se encontraram e consegui ver suas sombrancelhas franzirem.

- Oi!- Ela disse e vi sua bochecha ficar ruborizada. Foi a coisa mais linda que já vi.

- Olá pimentinha.- Brinquei por conta de suas bochechas.

Egocentric [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora