Capítulo 54

178 10 7
                                    

[Aaliyah Mendes]

A dor era quase insuportável. Era como se vários ossos do meu corpo estivessem quebrando de uma só vez, porém lentamente. O suor escorrendo pelo meu rosto, minha mão apertando fortemente as mãos do Cameron... Tudo, exatamente tudo naquele momento marcaria para sempre a minha vida. Principalmente o motivo por tudo aquilo estar acontecendo. Eu sentia que, ao meu lado, Cameron estava quase soltando minha mão pela dor, mas sentia também que ele não queria fazê-lo, pois o momento apagava toda a dor sentida.

Dos meus olhos desceram mais algumas lágrimas e o meu grito desesperador saiu de minha boca, enquanto eu sentia a dor cada vez mais forte e duradoura. Ergui um pouco meu corpo daquela cama de hospital e fiz ainda mais força, ouvindo, por fim, o choro um pouco baixo mas audível da minha bebê... Me deitei novamente sentindo tudo em mim doendo.

Cameron soltou minhas mãos, enquanto eu fechei meus olhos. Logo um médico veio com a minha Emma. Eu e Cameron que entramos em um consenso sobre esse nome.

Nenhuma dor era suficiente para tirar o sorriso do meu rosto ao ver a minha linda ali, com algumas coisinhas em seu corpo. Seus olhos estavam fechados e uma careta de choro estava presente em sua face. Vi Cameron encarando-a e depois me olhando.

(...)

Emma já estava em meus braços. Cameron, ao meu lado, era a segunda pessoa mais deslumbrada daquele hospital pela nossa filha. A primeira era eu, claro...

Confesso que ela tinha poucos traços meus, era a cara do Cameron. Seu narizinho era delicado, sua boca um pouco carnuda que o normal, sua respiração calma... ela era a garotinha mais linda que eu já havia visto.

— Cara, ela é linda! — ele diz, ajeitando seus poucos cabelos.

— Sim, nisso não tem como discordar... — falo, sorrindo de lado. Cameron beijou minha testa, ainda acariciando nossa filha. — Eu te amo. Na verdade, amo vocês... — fala e eu sorrio, sentindo seu beijo em meus lábios.

— Eu te amo e tenho certeza que a nossa filha sente o mesmo... — digo.

— Não consigo imaginar que essa coisa linda é nossa filha. Cara, ela é perfeita! — diz, acariciando sua testa.

— Ela é, sim... — concordei, ainda a encarando. Katherine e Marina entraram e sorriu ao nos ver. Parker de primeira se emocionou, colocando a mão na boca em seguida. Marina teve quase a mesma reação, mas pôs uma mão na barriga e outra na boca. Sorri com suas expressões e ri.

— Vocês fizeram uma filha ou uma cópia do Cameron? — Katherine indaga e eu novamente rio.

— Menina, fiquei impressionada também... — eu digo, sorrindo.

— Eu sou o pai, né, gente... o máximo que poderia ter era a beleza do lindão do pai dela. — Dallas diz, se gabando.

— Imagine se ela puxa o seu convencimento? Estamos ferrados! — Marina exclama, nos fazendo rir.

Marina fez careta e eu franzi o cenho, vendo ela se contorcendo e segurando a parte de baixo da barriga. Eu sabia o que aquilo significava, pois a algumas horas eu estava naquele estado. Com dor e pensando que aquela seria a hora!

— Marina, você está bem? — Cameron pergunta.

— Você é lerdo ou se faz? Ela vai ter a bebê dela agora! — exclamo.

— Precisava ser grossa? — ele pergunta, fingindo estar indignado.

— Vai ajudar ela, Cameron! — falo, arregalando os olhos. Ele a ajuda a andar, levando ela provavelmente até o médico mais próximo.

Não sabia se eu ficava preocupada com a Marina ou se ficava mais deslumbrada ainda com a minha filha em meus braços. Ela é linda demais, eu chego a ficar desacreditada que na verdade eu tenho um útero tão talentoso assim...

— Eu te amo demais, minha bebê! — digo, tocando seu nariz tão pequenino.

(...)

— Marina já está na sala de parto. Dylan está lá com ela. Vai dar tudo certo... — ele diz e eu assinto com a cabeça, mais tranquila.

— Ela dormiu... — digo, sorrindo para ele.

— Deixe ela bem longe da Katherine. — ele diz brincando e eu nego com a cabeça.

— Cameron... — o repreendo.

— Namorar só com 50 anos... — ele diz, claramente brincando e eu nego com a cabeça. — Tô brincando. — ri. — Eu quero ser diferente. — ele diz, me fazendo franzir o cenho.

— Como assim?

— Ah, não sei, só... quero ser mais presente e não deixar esse ciúme de pai abalar a nossa relação. Não quero que ela ache que eu sou chato e que a proibo de muitas coisas. É claro que não vou mimá-la a todo momento, mas também não quero ser aquele pai que mal deixa ela sair de casa com medo do mundo. Um dia ela vai conhecer esse mundo e vai saber em pouco tempo as dificuldades. — ele diz, me fazendo sorrir fraco.

— Obrigada!

— Pelo o quê? — ele pergunta.

— Por nos fazer feliz. — sorrio e ele sempre aproxima, me abraçando.

(...)

Alguns dias depois...

Continuo amamentando Emma. A mesma está quase dormindo e eu dou graças a Deus por isso. Eu já sabia que eu teria que virar o dia com ela, mas eu não tenho descanso. Não estou reclamando, apenas desabafando. Dallas acaba de acordar.

Cameron beija meu ombro e sussurra.

— Está cansada? — pergunta, me abraçando por trás. Balanço a cabeça em afirmação. — Por que não me chamou? Eu poderia ajudar com ela. Sou o pai, Aaliyah, estou disposto a fazer meu papel. — ele diz.

— Você tava dormindo tão bem, não quis acordar. — digo. Ele me encara, com tédio no olhar e eu rio de canto.

— Pode me acordar, sério... — ele diz e eu balanço a cabeça, assentindo. — Amo vocês. — diz, beijando minha bochecha e segurando a mãozinha da Emma.

— Ela já está quase dormindo... — sussurro, vendo que seus olhinhos estavam quase fechando.

— Deixa eu colocar ela no berço... — ele diz, após ver que os seus pequenos olhos estavam fechados e sua boca carnuda entreaberta. Assenti com a cabeça e a coloquei em seu colo com cuidado, ajeitando sua manta. — Deu até um arrepio aqui... — ele ri de desespero e se inclina um pouco, segurando-a com cuidado e a colocando no berço. Colocamos o mesmo no nosso quarto, para ficar melhor de eu acordar na madrugada, amamentar e tudo mais.

Não quis escolher cor específica para o quarto dela. Coloquei uns tons pastéis, alguns brinquedos e ursos. A decoração é simples, e Cameron e eu concordamos em ser assim. Gosto da nossa parceria...

Cameron se deita na cama e eu faço o mesmo, suspirando em seguida. O cansaço é tanto, que eu senti um alívio ao deitar. Nos enrolamos em um lençol e Cameron me puxa para deitar em seu peito. Ponho minha perna em cima das suas e suspiro mais uma vez.

— Boa noite, amor. — falo.

— Boa noite, Aali. — ele diz, acariciando meus cabelos.

No rules {2} Onde histórias criam vida. Descubra agora