Capítulo 13

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[Aaliyah Mendes]

Cameron explica pela milésima vez que nada vai ficar diferente quando ele voltar a acompanhar seu pai no time que ele é o técnico. Eu, mesmo assim, viro o rosto, inconformada. É sempre assim, e sempre é da mesma maneira. Shawn, Katherine e eu somos os que mais reclamam sobre isso, mas é o que ele quer fazer...

— Sim, eu já entendi, Cameron. Mas você sabe como é. De um mês que você fica lá, só cinco dias é possível a gente se ver. E agora você tá me dizendo que vai passar seis meses lá?! — eu continuo inconformada.

— Você tem que entender que é o que eu quero, eu quero ter progresso com tudo o que eu aprendi. E se esse ano eu for pra lá, possa ser que o responsável dos times me deixe como um dos treinadores de algum time fixo. Olha que maravilha! — diz sorrindo. Eu continuo com a expressão séria e não satisfeita com a sua resposta. — Aali, por favor. Você acha que eu não sei o que é ficar longe de quem você ama? Eu sei como era e como é a rotina do meu pai. Tinha vezes que eu passava meses sem vê-lo simplesmente porque ele tinha jogos para ir, time para treinar... Mas eu me conformava. Porque eu sabia que ele também me amava e que de qualquer lugar que ele estivesse, ele estaria querendo meu bem e pensando em mim e na minha mãe. — suspiro. — É o que eu quero fazer, é o meu futuro... Eu te amo muito, Aali, mas eu também não posso deixar minha vida profissional de lado. — fala um pouco mais baixo e rouco, me encarando. Vejo ele engolir em seco e ficar um pouco cabisbaixo ao ver que eu não falo nada. De tudo isso que ele citou, falou e tentou fazer com que eu me conformasse, eu não falei um simples "a". Porém, quando ele pensa que será mais difícil do que eu pensa, eu falo:

— Tudo bem... Me desculpa, eu te entendo. Quando eu comecei a estagiar você foi um dos primeiros que me apoiou. Nada melhor do que eu retribuir isso e entender que é isso que você quer, apesar de eu ficar triste por não te ver todos os dias. Espero que você consiga a vaga. E eu também te amo! — sorri o fechado e fraco. Não estou legal com tudo isso, mas só quero o bem dele e sei que isso tudo que está prestes a acontecer é o que vai fazê-lo bem.

Assim que ele se formou, Dan, o pai dele, disse que eu poderia ajudá-lo com o time que ele é técnico. De primeira ele ficou com receio, já que passaria um tempo sem a família e amigos, por ser em outra cidade. Mas depois ele viu que ia o ajudar muito, e aceitou. Ele passa alguns meses e volta para Toronto. Isso acontece todo ano... E agora chegou a hora de Dallas ir novamente, só que, agora, ele pode arranjar uma vaga no time, para treinar eles ou qualquer outra coisa.

Sinto Cameron segurar minhas mãos e me puxar para um abraço, pondo seu queixo em cima de minha cabeça. Ele acaricia meu braço com seu polegar, e logo eu sinto o quanto é bom estar ao lado dele. O quanto é confortante estar assim com ele e sempre sentir um friozinho na barriga quando sei que vou vê-lo. É como se tivéssemos começado a namorar a alguns dias... Apesar dele às vezes ser bem chato, eu amo ele. Aliás, eu e ele éramos chatos quando adolescentes, um não suportava o outro, com o tempo que foi melhorando... começou assim, não temos onde correr, nem esquecer como tudo começou. Aquela praia que fomos, com certeza fez história.

Ergo minha cabeça, fazendo com que encararemos um ao outro. Tudo isso é como se não fosse real. Eu não acreditaria se me dissessem quando eu tinha dezessete anos que estaria assim agora com o Cameron. Eu simplesmente não acreditaria. Eu não imaginava que eu e ele poderíamos ter algo ou que se tivéssemos isso prolongaria. E está tudo dando mais que certo...

Eu me inclino um pouco, já que sou mais baixa que ele, e então ele sela nossos lábios. Minhas mãos que antes estavam em sua cintura, se deslocam até o seu pescoço, dando intensidade ao beijo. As dele vão para a minha cintura, enquanto eu me sinto cada vez mais envolvida. Eu por um momento seguro em meu maxilar, fazendo-o sentir meus dedos gélidos e frios. Uma corrente fria passa pelo meu corpo e sinto quando Cameron me puxa mais pra ele, como se isso fosse possível. Puxo alguns fios de seu cabelo e, infelizmente, a falta de ar se faz presente. Colo minha testa com a dele e vejo o quanto que nossas respirações estão ofegantes e descontroladas. Eu sorrio de imediato e deixo um breve selinho, se separando dele.

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