Capítulo 55

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[Dylan]

Resmungo de dor após Marina apertar minha mão o mais forte que ela podia. Quando eu disse que ela poderia o fazer, eu não estava falando tão sério... Mas eu sei que a dor que eu estou sentindo na mão, nem se compara com a dor que ela está sentindo agora.

— Só mais um pouco... — o médico diz, enquanto eu vejo ela franzir o cenho e travar o maxilar, enquanto abre a boca. Seu grito meio prolongado e aliviado me faz perceber que nossa filha acabara de nascer. Seu corpo se deitou naquela cama e eu relaxei mais um pouco, beijando sua mão.

Ouvir o choro da minha filha pela primeira vez foi algo extremamente incrível e surreal. Eu não consegui controlar as lágrimas que caíram rapidamente dos meus olhos e molharam imediatamente minhas bochechas.

Logo, nossa filha estava nos braços da minha noiva.

— Ela é linda... — eu digo, sorrindo abertamente e emocionado.

— Bem-vinda ao mundo, Louise... — Marina diz, e eu arregalo os olhos, deixando que a vontade de chorar não acabe por ali.

— O quê?

— Eu pensei em pôr esse nome nela, para você sempre lembrar do quão incrível sua tia foi para você... espero que tenha gostado. — sorri de canto.

Minha tia, que infelizmente morreu, se chamava Louise. Marina sempre anda me surpreendendo.

Atualmente...

Lembro-me novamente de como tudo aconteceu, enquanto observo Marina amamentar Louise. Já se passaram 1 mês desde que nossa filha nasceu.

— Fez o jantar já, não foi? — pergunta, me encarando. Balanço a cabeça, apenas.

Meu celular começou a tocar e eu o peguei, vendo que era o meu chefe. Franzo o cenho já que nunca ele liga para mim. Me levanto e atendo o celular.

Quando chegar amanhã quero que arrume suas coisas. Seu pagamento desse mês estará na sua conta amanhã. — ouço meu chefe dizer, e franzo o cenho.

— O quê?

Você está demitido, Dylan. Quando chegar aqui amanhã, explicarei melhor meus motivos para cometer tal ato. — ele diz e, em seguida, desliga.

Ainda com o cenho franzido, deixo meu celular onde ele estava e tento entender o porquê de ele ter me demitido. Eu dei tudo de mim durante todo esse tempo de trabalho; nunca se quer atrasei uma só vez, sempre cumpri com os meus deveres e mesmo assim ele tomou essa decisão.

— Quem era? — ouço Marina perguntar e eu solto o meu lábio preso entre os meus dentes, antes de me virar para ela e disfarçar minha expressão de confusão.

— Ah, era o Cameron. Ele me chamou para um racha, mas eu não tava afim. A ligação até desligou sem querer... — sorrio de canto, tentando não deixá-la preocupada.

— Ah, tá... se quiser ir pode ficar a vontade, tá? Você também precisa de alguma distração... — ela diz.

— Não, eu quero ficar aqui. Não tô muito afim de futebol agora... — digo e ela apenas balança a cabeça, assentindo.

(...)

Dia seguinte...

— Tá, mas o senhor ainda não me explicou o motivo de tudo isso. Eu ainda não sei onde eu errei para isso estar acontecendo... — tento ficar calmo, enquanto encaro os olhos do meu chefe – ou ex-chefe.

— Tá, tudo bem. Não queria causar transtorno pois sua noiva acabou de ter uma filha, mas já que o senhor quer saber também, vamos lá... — ele diz e eu franzo o cenho.

O que é que a Marina tem a ver com isso?

— Bem, há alguns dias, sua noiva destratou o meu filho quando ele foi até a sua casa. De acordo com ele, vocês haviam combinado de irem juntos. Certo? — ele começa a explicar e eu forço minha mente a lembrar das coisas. Logo, me recordo e assinto com a cabeça. — Pois bem. Após ela maltratar com palavras o meu filho, você também fez a mesma coisa, porém no treino. — ele diz e eu fico totalmente confuso.

— Desculpa, Sr. Ricardo, mas em nenhum momento eu faltei com respeito com o seu filho. Ele pode ter me confundido, pois nunca tratei o seu querido filho mal.

— Não foi isso que ele me disse... — diz, me encarando.

— O senhor não acredita na possibilidade de ele estar mentindo? — pergunto, também o encarando.

— Entre acreditar no meu filho e acreditar em meu funcionário, o senhor acha que eu acredito em quem? — diz, me deixando sem palavras. Apenas balancei a cabeça e engoli em seco.

— Já que é assim... tudo bem. — digo, saindo e entrando em meu carro.

Não tinha provas além da minha palavra para comprovar que realmente eu não havia maltratado verbalmente o filho do meu chefe. A única coisa que eu faria ali era perder meu tempo...

Adentrei em casa e deixei o molho de chaves em cima de uma mesinha de madeira ao lado da porta. Suspirei e encontrei Marina com Louise nos braços.

— Chegou cedo... o que houve?

— Não quero que se preocupe... prometo que a situação vai melhorar. Mas... eu fui demitido. — digo.

— O quê? — ela pergunta com o cenho franzido.

— O Ricardo disse que você e eu havíamos maltratado com palavras o filhinho dele. — digo já bravo.

— Já entendi... Foi naquele dia que vocês iam juntos para o treino, não foi? — ela pergunta e eu balanço a cabeça, confirmando. — Antes que você fique bravo ou ache que foi culpa minha... aquele moleque chegou aqui a sua procura e logo depois me olhou com um olhar malicioso. Me deu nojo e até chamei a atenção dele. Ele disse que o pai dele era dono de todo aquele centro de treinamento e que você podia ser demitido. Para você não arrumar encrenca, eu não te falei nada. — diz.

— Mas mesmo assim eu fiquei sem emprego... — digo bravo.

— Vai colocar a culpa mesmo em mim? — pergunta e eu rio sem humor.

— Não, Marina, não estou colocando a culpa em você. Só acho que seria bom você ter me contado. Eu teria conversado calmamente com o pai dele, para ele pelo menos falar algumas coisas para ele. — digo.

— Ah, claro. Você iria mesmo fazer isso... duvido que você iria lá falar umas poucas e boas para o garoto. — debocha e eu a encaro, negando com a cabeça.

— Não quero brigar com você, Marina. Ainda mais na frente da nossa filha. Eu vou tomar um banho e depois venho aqui ficar com vocês. — eu digo, já exausto de tudo aquilo, enquanto subo as escadas da casa.

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