Capítulo 9-Ratoeira dourada

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Era chegada a hora. Jaime desceu com Alex até o estacionamento, já trajado com o uniforme por baixo de sua jaqueta, apenas para cobrir os detalhes extravagantes da parte de cima. Jaime carregava uma máscara facial que cobria seu nariz e sua boca até o pescoço, assim como óculos visores especiais.

Alex esfregava as mãos impaciente, tentando se aquecer do ar da madrugada enquanto Jaime ainda analisava a motocicleta estacionada em sua frente. Era um veículo simples, de cor preta, tanque cheio e pintura meio gasta, porém bem apresentável quando ficava com um efeito reluzente do bater das luzes.

— Sabe dirigir?– perguntou Alex se apertando entre os braços para se aquecer.

— Eu aprendi muitas coisas nas ruas. E o meu irmão aprendeu a dirigir uma no colegial.– Jaime suspirou baixinho ainda encarando o veículo, e então quebrou o transe de suas memórias quando ouviu os gemidos de desconforto do companheiro— Você está com tanto frio assim?

— É claro! São 5 horas da manhã. Além do mais o inverno tá quase chegando, e o clima nessa cidade é uma zona. E você?

— Eu tô de boa. Acho que é por causa do uniforme.

— Falando nisso, o que achou dele?– perguntou, abrindo um pequeno sorriso egocêntrico.

— É legal. Porém é meio pesado, não sei se vou conseguir me mexer tão bem quanto disse.– explicou meio desapontado.

— Eu lhe garanto, ele é perfeito, do jeitinho que é.– Alex balançou a cabeça, tentando se iludir com suas próprias palavras— Agora é melhor você ir. Pode chegar lá fora do horário, e ainda não sabemos o que ele significa.

Jaime subiu na moto rapidamente, guardando alguns equipamentos pequenos na bagagem da moto e colocando o capacete. Ele ligou o motor, iluminando a passagem com os faróis.

— Você está levando o comunicador? Por que...– Alex foi interrompido com o barulho do acelerador e após isso levou um tremendo susto quando a moto arrancou, subindo uma fumaça cinza que o fez tossir descontroladamente.

O jovem murmurou de raiva ao ver que o parceiro nem ao menos tinha ouvido sua pergunta, e então se encolheu dentro do casaco pesado,  caminhando pelo estacionamento vazio em direção ao elevador.

Jaime dirigia em alta velocidade pelas ruas do centro, vendo as luzes Neon da cidade passar rapidamente espelhadas no visor do capacete. Ele abriu um sorriso de empolgação e apertou a mão no acelerador, andando perigosamente entre os carros com extrema agilidade.

Entrando num bairro vazio, Jaime passou por diversas casas noturnas, algumas fechadas e depredadas, entre poucos prédios residenciais antigos. A ratoeira dourada ficava mais a frente, com o grande nome escrito em dourado na faxada do prédio púrpura. A rua estava completamente vazia, cheia de lixo espalhado pelas calçadas com poucos carros estacionados no meio fio.

Jaime entrou em um pequeno beco ao lado do estabelecimento, diminuindo a velocidade lentamente e desligando o farol enquanto mantinha a descrição. Aparentemente estava tudo vazio. A casa estava fechada aquele horário, e não havia nenhum sinal de vida humana saindo do local.

Jaime desceu da moto, girou a chave  e a guardou. Pegou sua máscara no compartimento debaixo do banco, assim como alguns apetrechos que encaixou em seu cinto, os quais se estendiam no que parecia ser suspensórios que passavam por seus ombros. Conferiu as volts-arrow em seu cinto assim como seus tasers sofisticados no suporte em suas costas, e então colocou os óculos, completando sua imagem tática ao tirar a jaqueta.

Jaime observou o ambiente. O beco era apenas iluminado pela luz de um poste discreto logo em frente. Ele pôde observar que não havia portas nem entradas por aquele lado, apenas uma janela no andar de cima, que era alto demais para ele chegar pulando como fazia no antigo prédio abandonado que morava. A não ser que ele subisse pela escada de emergência do prédio ao lado e pegasse impulso até ela.

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