Capítulo 7-Bilex

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Jaime batia a pé no chão fora de ritmo com a música reflexiva que preenchia o ambiente no elevador. Estava nervoso, serrava um dos punhos com suas mãos suadas enquanto segurava a alça da mochila com a outra.

Havia se passado já 5 minutos entre paradas frequentemente em andares aleatórios e descidas exaustivas pelo edifício.

Jaime se sentia intimidado naquele lugar, todas pessoas bem vestidas e elegantes, discutindo números e situações cotidianas de escritório. Aquele não era o lugar para um garoto de rua. Não saber o que fazia ali era angustiante, mesmo que as vezes ele disfarça-se seu nervosismo com piadas descontraídas ou com seu ar de confiança.

Quando o elevador alcançou o subterrâneo, era comum Jaime ficar cada vez mais sozinho, com seus próprios pensamentos enquanto a caixa de metal descia rumo ao subsolo.

A porta finalmente se abriu, revelando um grande corredor branco, iluminado pelas luzes LEDs que se estendiam pelas paredes. O painel do elevador mostra em vermelho o número do andar:

"Menos sete. Ótimo! Estou no inferno."
Pensou Jaime.

O garoto então botou o pé para fora, pisando no piso límpido do andar ao ecoar o som de seu pisar pelo andar deserto.

A porta se fechou atrás dele, enquanto observava o horizonte do corredor, que levava a uma grande entrada isolada de metal.

Jaime seguiu andando, segurando temeroso a alça de sua mochila nas costas, observando os arredores frios do corredor. Ao chegar a porta o jovem tentou ouvir algo do outro lado porém sua tentativa não obteve sucesso, o deixando ainda mais apreensivo. Jaime segurou a maçaneta da porta e deixou que sua curiosidade o desse forças para entrar na sala.

Ao abrir a porta Jaime contemplou a mais grandiosa visão de sua vida. O setor era um grande salão subterrâneo, preenchido por computadores e diversas bugigangas e tecnologias, contidas ou postas em bancadas de metal. Algumas peças estavam abertas como se acabassem de passar por manutenção ou estivessem em construção. Havia veículos inacabados no fundo, mesas de operação no meio, a maioria com peças e acessórios em cima para reparos. No canto inferior havia uniformes e roupas militares, no lado esquerdo armas com designs aprimorados e incomuns, e em frente a porta havia uma grande mesa de controle com diversos monitores um em cima do outro, construindo um grande painel semi esférico.

O lugar estava completamente vazio, apenas preenchido pelos objetos hightech.

Jaime estava boquiaberto, era como um grande playground para pessoas como ele. O garoto largou a mochila no chão e seguiu pelo salão fiscalizando todas peças que se interessava. Estava impressionado com o nível tecnológico dos materiais, muitas coisas estavam em estado de teste e algumas, devia admitir, era quase impossível de funcionar como pretendiam.

Jaime se aproximou de um dos trajes em exposição no canto da sala, vestido em um manequim robusto. A roupa parecia ser um uniforme militar feito de um material de grande resistência, pintado com tons de cinza fosco da cabeça aos pés. No rosto do manequim estava uma pequena máscara cobrindo apenas os olhos, com visores brancos como as paredes do salão.

— É um traje furtivo,– disse o garoto entrando na sala, pegando Jaime de surpresa quando distraído contemplando de perto o uniforme— foi feito para diversas ocasiões. Paraquedismo, combate físico, tiroteio, mas principalmente invasões. O uniforme se camufla perfeitamente em ambientes de pouca iluminação, além de ter uma elasticidade surpreendente. É feito do mesmo material que a roupa de contorcionistas, porém muito mais resistente. Suporta diversos impactos e...

Jaime encarou o garoto completo por confusão e supresa. Ergueu suas sombrancelhas com certo charme  tentando entender todo o complexo monólogo que acabou de ouvir tão bruscamente e logo seu desentendimento foi percebível para o emissor.

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