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Levei alguns instantes para notar que todos os olhos se voltavam na minha direção

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Levei alguns instantes para notar que todos os olhos se voltavam na minha direção.

Olhei para baixo, me certificando de que não tinha esquecido nenhuma peça de roupa indispensável, como as calças ou os sapatos, mas estava tudo como deveria estar. Dezenas de pares de olhos estavam fixos na minha figura, relutantemente parada sobre o píer do lado de fora do barco recém-atracado; era possível identificar pelo uniforme aqueles funcionários que me acompanharam na viagem, mas eu não entendi porque de repente eu havia me tornado tão irresistivelmente interessante para eles, que me ignoraram o tempo todo. Até mesmo os advogados, austeros e arrogantes, me olhavam com uma pontada de dúvida em suas feições antes inexpressivas. Mas o que realmente me chamou atenção foram as duas figuras paradas no centro de toda a aglomeração; uma delas era, claramente, um guarda: seu capacete era adornado por um penacho azul berrante, o uniforme forrado por insígnias militares que brilhavam ao pôr do sol e a espada cerimonial pomposamente atravessada em sua cintura não me deixaram dúvida. A figura ao seu lado era, de longe, a mais peculiar de todas; o observei, partindo dos pés calçando sapatos pretos lustrosos, o terno risca de giz que parecia feito sob medida para aquele corpo levemente musculoso, o sobretudo pesado, machado de neve nas pontas, que se encaixava sobre os ombros largos com perfeição e, finalmente, a tiara ornamentada com incontáveis pedrinhas azuis faiscantes cuidadosamente posicionada sob os cabelos castanhos.

Espremi os olhos, teimosamente tentando fazer com que os detalhes entrassem em foco. O rosto do estranho persistia um mistério, e eu me amaldiçoei mentalmente por não ter colocado as lentes de contato antes de descer do barco. Relutantemente, puxei os óculos de armação quadrada de um dos bolsos do meu casaco, guardado ali exclusivamente para situações de emergência. Eu simplesmente detestava usar óculos; eles me faziam sentir feio pra caralho, mesmo que todos me dissessem o óbvio: óculos não fazem ninguém mais feio. Posicionei as hastes sobre as orelhas, piscando furiosamente enquanto meu olhar se acostumava com a repentina nitidez do mundo.

E me arrependi no mesmo instante.

Ali, parado na minha frente, com o rosto pálido e a boca caída em espanto, estava ninguém mais, ninguém menos que o famigerado: Jeon Jungkook, conhecido por mim como ex-namorado e pelo resto do mundo como o Rei das Ilhas Pran.

Que fique claro, eu juro que superei. Sério mesmo. Em cinco longos anos eu chorei muito, me lamentei e quis voltar diversas vezes, até que por fim aceitei e segui em frente. Eu tinha até mesmo aprendido a aceitar a ideia de que estava voltando para o lugar onde jurei nunca mais pisar. Mas, com toda a certeza, eu não havia me acostumado com a ideia de que meu ex-namorado agora era o rei. E muito menos tinha esperado que ele fosse, mais uma vez, a primeira pessoa em que eu poria os olhos assim que colocasse os pés ali. De todas as coisas que eu esperava para aquela viagem — e olha que minhas expectativas já estavam bem baixas—, a última delas era ver Jungkook assim tão rápido. Eu tinha até criado esperanças de que talvez eu nem o visse porque, bem, ele é o rei, e reis são muito ocupados, certo? Ele não tinha motivo nenhum para saber da minha presença ali. Talvez eu o visse de longe e só, não é? Ledo engano.

Contos das Ilhas Paran | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora