A Herdeira da Luz. ( Reescrevendo)

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Continuei pedalando minha bicicleta, estava distraída só que um barulho no beco que eu tinha passado em frente despertou minha atenção, encosto a bicicleta numa árvore perto e volto até o beco, é escuro mas da para ver que tem duas pessoas no fundo, fiquei escondida observando, uma das pessoas estava de costas e vestia um manto preto como aquele homem ou ser dos meus sonhos, mas não tive aquela sensação de morte, a outra pessoa está sendo empurrada contra a parede parece estar em transe é um jovem com cabelos cacheados curtos, a pessoa com o manto falou alguma coisa, consigo escutar mas parece ser em outra língua, então derrepente uma sombra começa a surgir entre os dois parece estar saindo da pessoa com o manto, ela envolve o garoto como se quisesse sufoca-lo, ele começa a gritar e do seu peito uma luz amarela saí, quase posso sentir a agonia que ele sente, essa luz vai diretamente até a pessoa com o manto, é como se estivesse se alimentando do garoto, então tão rápido como começou a sombra que rodiava os dois foi sumindo e a luz do garoto também, ele parecia estar mais velho, seus olhos estavam escuros e com olheiras, é como se tivessem tirado toda a sua alegria.
O medo que estou sentindo não me deixa sair daqui, a pessoa de manto larga o garoto e ele desaba no chão, abafo um grito com a mão e tento me afastar sem fazer barulho mas para a minha sorte piso em uma folha seca, torço para que ele não tenha me escutado mais ao ver ele se virando na minha direção percebo que escutou sim, não consigo ver o seu rosto somente olhos vermelhos como sangue, ele me olha intensamente e sinto uma grande agonia e uma pontada na cabeça, parece que essa pessoa quer me controlar como fez com o garoto, faço um grande esforço para acabar com isso, não vou deixar aquilo acontecer comigo, coloco ambas as mãos na cabeça e sinto um pequeno choque e a agonia que sentia antes passou, percebo que minhas mãos estavam brilhando um pouco, olho para pessoa de manto e naqueles olhos vermelhos vejo irritação.
Não espero para ver oque ela vai fazer e corro em direção da minha bicicleta, não parei de pedalar até chegar na escola, prendo ela com a corrente e vou para o banheiro, ainda estou muito assustada com oque aconteceu.  Lavo meu rosto e tento me acalmar, aquilo não pode ter sido coisa da minha cabeça, eu senti aquela pessoa tentando me dominar, não posso estar ficando maluca. Algumas meninas entram no banheiro e fingem que não estou ali então saio e vou para a sala de aula tentando afastar aquela imagem da cabeça.

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Durante a aula tudo ocorreu muito bem, embora a cena que presenciei não saísse da minha cabeça, não tive problemas com Beatriz ou com suas amiguinhas, quando estava voltando para casa passei rápido pelo beco onde vi aquilo, sem nem olhar para o lado, ao chegar no meu ponto de encontro com o Connor fico surpresa por ele ainda não estar lá, isso quase nunca acontece então espero por algum tempo, já estava ficando preocupada, quando numa árvore que tem perto da estrada vejo uma folha de papel pregada no seu tronco, desço da bicicleta e vou até lá, era uma mensagem do Connor, só podia ser dele, estava escrita com o alfabeto que nos inventamos quando criança, em vez de letras usamos desenhos, ele foi para casa mais cedo porque tinha que resolver algumas coisas, guardo o papel e começo a ir embora, ele ta muito estranho hoje, se eu não tivesse visto o papel poderia ter ficado aqui um tempão só esperando.
Quando estou passando pela floresta que tem antes de chegar até a vila vejo um vulto atrás de uma das árvores então paro a bicicleta para tentar ver melhor, meu coração começa a bater forte e as lembranças do que vi hoje voltam com tudo, observo o local onde vi o vulto mas não vejo mais nada, quando penso em voltar a pedalar escuto o barulho de folhas sendo amassadas, lá estava o lobo, ele olha diretamente nos meus olhos como sempre faz, transmitindo mais emoções que muitas pessoas, fica parado por uns instantes só me olhando e eu o olhando de volta, sem coragem de desviar o contato, então ele vira a cabeça para o lado, como se fosse um cachorrinho e começa a andar em direção da vila, acabo sorrindo, por um momento ele pareceu ser algo normal e não um lobo sobrenatural, subo na bicicleta e continuo a andar com ele correndo na borda da floresta, como se quisesse me vigiar.