A voz de Tyrion estava impaciente e Jon imaginou que ele passou alguns bocados tentando convencer Daenerys de algo, mesmo sem saber o que era em definitivo. Estava entre as portas da sala do conselho entregando suas armas à Zhat imaginando se as coisas seriam tão difíceis para ele também, Talvez seja ainda pior, atravessou a porta sem bater.
A figura desengonçada do anão caminhando de um lado para o outro com as pernas atrofiadas foi a primeira coisas que viu.
— Vossa Graça, eu peço que reconsidere. Não pode ir para o Norte e deixar a capital nas mãos de Olenna Tyrell e Ellaria Sand!
Jon sentiu uma pontada de desgosto ao ver a cela sem grades onde Ned Stark tinha sido confinado uma vez, rodeado por traidores de fala mansa e olhos traiçoeiros como Pityr Baelish.
Não demorou, porém que sua atenção racaisse sobre a figura imponente de Daenerys, de pé atrás da mesa. Ela tinha o rosto avermelhado de raiva; o cabelo preso em várias traças não deixava um fio sequer escapar do penteado, o rosto estava repuxado pela pressão das tranças e as maçãs rosadas sob sua bochecha saltavam com vivacidade em sua expressão aborrecida.
— Que tipo de Rainha eu seria se não lutasse as minhas próprias guerras?! Ontem mesmo discursei para aquele povo lá fora sobre um rei que não lutava por eles.
— É diferente-
— De que forma é diferente? Os Dothraki podem ter seguido Jorah, mas não lutarão sem o seu Khal.
— Se me permitisse finalizar uma sentença, eu ficaria contente em poder explicar.
— Daenerys tem razão — Jon apareceu diante deles apertando o encosto de uma das cadeiras próxima aonde eles estavam. — Não conseguirá o respeito do Norte se não estiver ao lado deles no campo de batalha.
Tyrion suspirou pesadamente praguejando baixo sobre como tinha perdido as esperanças e Daenerys olhou-o sem muito interesse. Os lábios dela estavam apertados levemente para baixo evidenciando o mal humor e a pouca paciência que ela tinha para discussões acaloradas.
— Eu tenho? — as sombrancelhas dela se arquearam em falsa surpresa.
— Não tem — Tyrion foi mais rápido. — Jon, passou a vida entre saqueadores, estupradores e talvez homens piores. Não questiono a sua visão de mundo a partir deste ponto, logicamente você teve o seu quinhão, mas não sabe nada sobre a vida na corte. Aqui, na corte, os inimigos vestem saias e são ainda piores que saqueadores e estupradores, porque escondem o que são e comandam exércitos de homens deste tipo. São cobras peçonhentas e pacientes para esperar um tropeço da presa para dar o bote. Acredite-me, alguém como Olenna Tyrell não está viva até hoje porque os deuses são muito justos. Ellaria Sand não fica muito atrás. Matou Doran Martell, seu cunhado e o filho dele para usurpar seu lugar no trono. O que ela não faria com uma rainha estrangeira e sua Mão. Um Lannister? Me deixar na capital com essas duas é a mesma coisa que cortar a minha cabeça e pendurá-la sobre as lanças do Passeio do Traidor. Há pilheria maior do que acreditar que elas aceitarão ordens de um Lannister?!
— Se ele respresentar sua rainha, por que não?
— Eu não queria acreditar nisso, mas acho que é um fato, Sua Graça tem borboletas na cabeça.
— E milorde muita coragem de insultar sua rainha de tal forma. A caso não teme a morte?
Tyrion bufou balançando os ombros.
— Se for me matar por traição eu aceito. Pelo menos posso morrer com as minhas bolas.
— E quem informou-lhe que serei tão piedosa?
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Segunda Chance
RomanceDaenerys está em Meereen e, misteriosamente, se lembra de tudo sobre a sua partida a Westeros. Por causa disso decide permanecer no país que a acolhera como uma mãe, mesmo que isso signifique nunca conhecer Jon Snow. O problema é que o inverno está...