Daenerys

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~×~

"Às vezes ela fechava os olhos e sonhava com ele, mas nunca era Jorah Mormont que ela sonhava; seu amante era sempre mais jovem e mais gracioso, embora seu rosto permanecesse uma sombra inconstante."
(Daenerys, A Tormenta de Espadas)

"Ele era quem era: Jon Snow, bastardo e traidor, sem mãe, sem amigos e perdido. Durante o resto da sua vida, não importa quanto durasse, estaria condenado a viver como um estranho, o homem silencioso nas sombras que não se atreve a pronunciar seu verdadeiro nome."
(Jon, A Guerra dos Tronos)

"– Ótimo – sorriu. – Da próxima vez que o vir, estará todo de negro.
Jon forçou-se a devolver o sorriso.
Sempre foi a minha cor. Daqui a quanto tempo pensa que isso acontecerá?"
(Jon,  A guerra dos Tronos)

~×~

    Daenerys acordou em um suspiro pesado como se tivesse acabado de sair do fundo do mar. O peito dela inflou e a respiração saiu pesada de sua garganta. Lágrimas desciam incontrolaveis por seus olhos verde-azulado deixando-os brilhantes a luz das velas que crepitavam ao lado da cama, quase ao fim da cera. Sentiu uma forte dor no peito, e a angústia sufocante apertou seu estômago a ponto de dar-lhe ânsia. Tentou lembrar detalhes do sonho,  mas tudo o que viu foi seu amante com o rosto coberto por sombras debruçado sobre seu corpo inerte e a faca que ele cravara sobre seu peito ensanguentada.

    Ela o amava e ele a matou. Era a única certeza que tinha.

    Sentou-se na cama esfregando a mão sobre o peito latejante, a angústia aumentando conforme as lágrimas molhavam sua roupa de dormir. Seu rosto se contorceu em amargura,  o gosto da bile se alastrando por sua boca a fez querer cuspir.

    Missandei entrou no quarto trazendo uma bandeija nas mãos. Daenerys observou a amiga e conselheira aproximar-se dos pés da cama.

    Olhando para o vermelho ao redor dos olhos de Daenerys,  Missandei fez uma expressão procupada deixando a bandeija com chá e torta na mesa ao lado, próxima a porta da varanda. Então aproximou-se novamente sentando ao lado dela.

    — Outra vez o mesmo sonho,  Sua Graça?

    Daenerys confirmou.

    Quase toda noite era mesma angústia. Sequer se lembrava quando tinha começado, era como se esse aperto no peito tivesse se agarrado a ela quando nascera. Ultimamente estava pior. Sufocante e cada vez mais frequente. Às vezes sonhava com uma cidade em cinzas, pessoas gritando aos pés dela, rastejando com a carne queimada;  o sangue molhado escorrendo deixando rastros no chão enquanto pediam por clemência. Sombras flutuavam pelo salão enquanto o trono de ferro ardia no laranja das chamas. Algumas vezes, seu pai, o Rei Louco, sentava no trono sorrindo assistindo mulheres, crianças e homens inocentes queimarem banhados em líquido inflamável. E ela, sempre ao lado dele, compartilhando sua alegria. 

    Cersei é a verdadeira vilã, pensava também em seus sonhos, sem saber o porque. Por fim, seu jovem amante sem rosto enfiava uma faca em seu peito e tudo ficava escuro.

    Às vezes, também, tinha outros sonhos com esse amante. Sonhos quentes com ele beijando entre suas pernas dando-lhe um prazer que nunca antes experimentara. A sensação dos olhos dele nos seus quando estava dentro dela, nunca desviando para o outro lado "o amor entra pelos olhos, Khaleesi" e ele, mesmo sem saber disso, a olhava profundamente como se enxergasse sua alma. Ela o amava e ele enfiou uma faca em seu coração.

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