Cersei

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Mãe de dragões, Daenerys pensou. Mãe de monstros. O que eu desencadeei sobre o mundo? Sou uma rainha, mas meu trono é feito de ossos queimados e repousa sobre areia movediça. Sem os dragões, como poderia esperar manter Meereen e muito menos retomar Westeros? Sou do Sangue do dragão, ela pensou. Se eles são monstros, eu também sou. 
(Daenerys, A dança dos dragões)

Fantasma era mais próximo do que um amigo. Fantasma era parte dele. (Jon; A Dança dos Dragões)

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    Um gemido doloroso escapou-lhe dos lábios quando Euron pressionou as costelas de sua cintura para empurrar-se mais dentro dela. Sentiu-o amolecer entre suas pernas, logo em seguida, e afundar-se ao seu lado no colchão após soltar uma gargalhada seca e finalmente pular para o chão. A força dos pés dele fez com que o piso de madeira rangesse. Sempre que Euron vinha, seus passos eram fortes; o piso rangia ao som de suas botas na madeira sólida. Tal som passara a causar-lhe arrepios e pesadelos.

    Tocou o tenro inchaço em seu ventre apertando-o, era seu filho a fonte de suas forças. Sentia-se pegajosa e manchada como nunca antes. Tinha se deitado com mais homens do que apenas Robert, Jamie ou Lancel. Alguns guardas, outros amigos de Robert, ferir o orgulho do marido e pecar com Jamie era onde encontrava o seu prazer.

    Sempre sentira-se poderosa por ter o poder de escolher quem estaria ao seu lado na cama, quem estaria dentro dela maculando-a, dando-lhe prazer. Mas Euron não. Euron ela tinha escolhido necessidade, não por prazer. Odiava como ele gargalhava e lambia os lábios sem se importar se a feria, odiava como pressionava sua barriga apoiando seu peso nela, por vezes sufocando-a. Para sua sorte o prazer dele vinha rápido e depois disso não ficava muito mais do que o tempo de vestir-se ou trocar alguns elogios retóricos sobre sua capacidade de satisfazer uma mulher.

    O sexo de Euron era frígio, sem paixão ou desejo. Sempre que ele entrava dentro dela, doía como se ele a cortasse ao meio. Então, Cersei tocava a barriga e pensava no filho. O último que restara-lhe depois que Joffrey, Myrcella e Tommen tinham partido. Eles e seu primeiro filho, o bebezinho gorducho de cabelo negro, único filho que dera a Robert, e que sequer chegou a ver a luz do dia. Por este filho que agora esperava, era capaz de fechar os olhos e gemer como se sentisse entorpecida de desejo. Teria o sangue de Euron, jurava todas as noites enquanto agarrava os lençóis, mas não antes de cortar suas bolas e obrigá-lo a mastigá-las pedaço por pedaço com tanto prazer quanto comia carne cevada.

    Quando finalmente ficou sozinha no quarto, enrolou-se em um manto de seda verde-malva, puxou os cobertores da cama e jogou-os no chão, deixando a cama nua. As lembranças que o amontoado de colcha esparramado no chão trazia causou-lhe ânsia; não segurou, deixou que o vômito se espalhasse por toda extensão deles, tamanho era o nojo que sentia; vermelho e amarelo fundiam-se ao dourado dos lençóis de sedaria pura.

    Um soluço finalizou com alívio, limpou a boca com as costas das mãos e recolheu-se para o quarto ao lado onde uma bacia de água quente a esperava. Banhou-se sozinha arranhando a pele como se pudesse arrancar qualquer vestígio dos beijos frígios de Euron de seu corpo.

    Após o longo banho, aproximou-se da balaustrada com uma taça de vinho na mão direita enquanto a esquerda acariciava o ventre; um sorriso cresceu em seu rosto ao contemplar a entrada da plebe pelos portões das Muralhas da Fortaleza de Maegor. Um amontoado de pessoas sujas e mal vestidas em seus trapos opacos e sandálias gastas, entravam acanhadas com expressões incertas e desconfiadas. Mesmo desconfiadas entravam e permaneciam, único fato verdadeiramente importante para ela.

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