JEON JUNGKOOK
Carroceria da Charlene, em algum lugar nas montanhas.
24 de agosto de 2020, 12:03 a.m.
Com o tempo, aprendi que os sentimentos são como uma fodida ressaca.
A ressaca pode te fazer querer morrer depois de encher a cara, pois, o que antes tinha um gosto prazeroso, se torna amargo no paladar; então, você promete nunca mais beber feito um condenado, mas, no dia seguinte, está lá, enchendo a cara de novo, como se não houvesse amanhã, como se a ressaca do dia anterior nunca houvesse existido.
Têm sentimentos que te fazem querer morrer depois de se embriagar dele, que te deixam com a alma amarga quando a parte prazerosa acaba; então, você promete nunca mais sentir qualquer coisa que seja por alguém, mas, num dia qualquer, está lá, provando dele novamente, como se você não tivesse dito para si mesmo que o que restara de seu coração jamais seria entregue outra vez.
No momento, eu me sinto naquele pico da noite anterior a ressaca. Quando a êxtase vai dando lugar ao medo.
Um medo que nunca senti antes. Nem mesmo quando o cano de uma Taurus 24/7 ficou pressionada contra minha têmpora tempo suficiente para ficar com a marca circular na pele.
Será que Tae podia ouvir meu coração acelerado sob sua orelha? Será que incomodava minha respiração desregulada movendo sua cabeça sobre meu peito?
De repente, eu me sentia novamente como o Jungkook de sete anos, com medo de brincar na caixa de areia por causa dos valentões, mas que foi salvo por um garoto de olhinhos engraçadinhos e seu Power Ranger vermelho.
O que é ter coragem de atirar em uma pessoa, perto de doar você por inteiro pra alguém? Em um, você tem a vantagem, está com o controle; em outro, você está em desvantagem, dá a outra pessoa todo o poder, e por livre e espontânea vontade. Aos meus olhos, a segunda coisa parece insana.
Uma vez, fui a um Observatório Astronômico, e o instrutor havia me dito que a terceira estrela mais próxima da Terra, que pode ser vista a olho nu, é a Epsilon Eridani, ficando a 10,52 anos-luz de distância. Quando ele disse isso, a unidade "anos-luz" ainda não me fazia sentido, até que ele devia ter percebido minha expressão de leigo e explicou, me dizendo que a luz de algumas estrelas levavam anos para chegar até nós. Foi ali que eu parecia ter entendido a teoria de tudo, como se tivesse descoberto um mundo mágico.
Depois disso, ignorando completa e propositalmente a parte em que estrelas podem viver milhões de anos e que dez não são nada se comparado, toda noite de céu limpo, eu olhava para as estrelas e me perguntava se elas ainda existiam lá no espaço, ou se o que eu estava vendo era apenas o que restara dela, a sua luz chegando na sua própria velocidade. Sempre me fora mais interessante pensar desse modo.
A incógnita diante dos olhos, a dúvida enraizada que instiga a curiosidade. Ser lembrado mesmo anos-luz depois que você se foi.
Abaixei meu olhar para os cabelos brilhantes de Taehyung, espalhados por meu peitoral, sua mão quente espalmando na altura de meu estômago.
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pão
Fanfictionespero que a escritora não veja mas caso ela veja, eu não quero confusão, juro que vou apagar depois e eu deixei seus creditos em todos os capitulos, é só um presente pra duas amigas que eu gosto muito. obrigada, beijos.