Que lugar é esse?

10.1K 744 1.6K
                                    

Acordei sentindo um zunido perturbador no ouvido direito, e tudo ao meu redor girava, como se estivesse presa em um turbilhão de sonhos e realidade. A princípio, hesitei em abrir os olhos, temendo o que poderia encontrar.

- Watafuck! - exclamei, surpresa e confusa, ao finalmente me sentar na cama e tentar assimilar a estranha experiência onírica.

Com os sentidos ainda turvados, deslizei da cama e, sem pensar muito, vesti a primeira roupa que encontrei no guarda-roupa. Não estava pronta para entender o que estava acontecendo. Senti um forte impulso ao encontrar minha mãe e contar sobre o bizarro pesadelo que havia vivido.

- Mãe! Cê não vai acreditar no sonho estranho que eu... tive. - Minha voz traiu minha confusão quando entrei na cozinha, esperando ver minha mãe fazendo café, como era sua rotina.

No entanto, a visão que encontrei me deixou perplexa. Minha mãe estava sentada à mesa, comendo tranquilamente, como se tudo estivesse perfeitamente normal.

- Querida, não grite, por favor. Eu sei que é difícil para você aceitar essa mudança e tudo, mas... você vai se acostumar. - Minha mãe falou com uma calma impressionante, considerando a situação. Mudança? O que estava acontecendo? A minha confusão crescia.

Curiosa e aflita, fui até a janela, olhando para fora. A paisagem à minha frente não coincidia em nada com o bairro do Brasil onde morava. Eu estava em algum lugar completamente diferente, e um arrepio percorreu minha espinha. Era aquela rua onde o Jorge havia encontrado seu trágico destino nas mãos do Pennywise. Isso só podia significar uma coisa: eu estava em Derry. Mas como?

- Tchau, meu amor, mamãe precisa chegar mais cedo hoje, está bem? Cuide-se. - Minha mãe despediu-se, saindo da sala e fechando a porta, o que só aumentou a minha confusão.

Encarando o lado de fora, percebi que o céu estava se tornando ameaçador, escurecendo rapidamente. Uma teoria insana começou a se formar em minha mente, e eu não sabia se deveria rir ou entrar em pânico.

Concluí rapidamente que, de alguma forma, quando a TV me puxou para dentro, acabei parando no universo do Pennywise, juntamente com minha mãe e meu irmão, que agora assistia televisão na sala. Se a tempestade que eu estava vendo fosse o que eu estava pensando...

- Vixe, noi carai! O Jorge! - gritei com terror misturado com humor enquanto corria em direção à porta. Pelo visto, as aventuras bizarras estavam apenas começando.

Na pressa, agarrei um par de botinas que estava junto à porta, antevendo o caos que a chuva poderia causar. Com a rapidez de quem sabe que o tempo está contra si, vesti uma capa de chuva transparente, um uniforme de combate ao dilúvio que também usava para ir à escola. Afinal, eu morava em um lugar onde a chuva era uma inquilina constante.

Saí em disparada, determinada a enfrentar a tempestade. Logo me deparei com Jorge, que parecia ter recentemente adquirido um novo relacionamento com a mureta da rua. Rindo com minhas botinas, deslizei no gramado escorregadio, caindo de bunda com um impacto doloroso. Parecia que até o gramado tinha seus truques sujos.

Sem tempo para lamentações, observei Jorge se levantar e perseguir freneticamente o barquinho de papel. A cena era digna de um filme de comédia, mas eu não podia deixar o coitado enfrentar aquele terror sem ajuda.

- Barquinho, fi da peste! - gritei, me erguendo do gramado, com meu traseiro dorido de tanto ralar na grama molhada. - Perai, muleque! Eu vou te salvar! - Gritei enquanto corria desajeitada pela chuva até o menino, a capa de chuva esvoaçando.

Mas, para minha frustração, o garoto enlouquecido não apenas estava a uma distância segura de mim, como também uma reviravolta bizarra aconteceu. Um carro desconhecido, completamente fora do roteiro, surgiu, bloqueando minha travessia em direção a Jorge.

𝐄𝐮 𝐞𝐬𝐭𝐨𝐮 𝐞𝐦 𝐈𝐭: 𝐀 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚! ─ ᴵᵗ ¹⁹⁸⁸Onde histórias criam vida. Descubra agora