A pedreira da loucura

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Uma hora depois do último capítulo

Depois que Beverly foi para casa dela, parei para fazer meus curativos. Com a ardência do mertiolate, me levantei e continuei a andar aleatoriamente pela cidade.

Caminhei por muito tempo, mas como eu não conhecia a cidade direito, acabei me perdendo. Parabéns, Violeta! Você está toda machucada, sozinha e não sabe como voltar para casa!

Resolvi ligar para o meu irmão para que ele viesse me buscar. Foi nesse momento que um ladrão me viu com o celular na mão e decidiu me assaltar.

─ Passa o celular, vagabunda! ─ disse o ladrão, apontando uma arma para mim.

─ AaAaAaA! Eu que trabalho para comprar essa DESGRAÇA, e eu que sou a vagabunda!? ─ disse brava. Então, ele deu um tiro no chão próximo ao meu pé.

─ Toma. ─ disse, entregando o celular com um sorriso no rosto.

Será que ele veio do Rio de Janeiro comigo? Peguei meu outro celular de emergência, e advinha? Estava sem sinal. Continuei andando para ver se encontrava sinal, mas a única coisa que encontrei foi a mansão velha e podre do Pennywise.

Parecia ter ouvido alguém me chamando, mas não cheguei perto daquele terreno. Fui passando reto e me deparei com um balão vermelho na minha frente.

Parei na hora, assustada. O balão flutuou até o palhaço, que agora estava parado na frente da casa.

─ Olá, Violeta. ─ disse ele.

Como essa macumba sabe o meu nome? Fingi desentendida e perguntei:

─ Como você sabe o meu nome? ─ perguntei.

─ Eu sei o nome de todo mundo nessa cidade. ─ o palhaço começou a rir. QUEIMA, SENHOR!

Tentei parecer firme e perguntei:

─ Quem é você? ─ quebrei sua risada, e ele me olhou fixamente.

─ Sou Pennywise, ─ disse ele. ─ Pennywise, o palhaço dançarino! Quer um balão?

Juntei um pouco de coragem e disse:

─ Nem ferrando! ─ disse e saí correndo dali.

Corri até não aguentar mais, parei, pus as mãos nas coxas e puxei ar rapidamente para meus pulmões já cansados. Recuperei o fôlego e olhei em volta, vendo alguém se aproximando numa bicicleta velha com garupa. Era meu irmão.

─ Onde você estava, doida? Te procurei na cidade inteira, já estava desistindo. ─ disse ele parando na minha frente. ─ Anda logo aí, para irmos para casa.

Montei na bicicleta, e ele pedalou até em casa. Quando cheguei lá, vi um balão vermelho preso à caixa de correio. Me assustei, e meu irmão não parecia vê-lo. Lembrei que só virgens podiam ver a coisa e seus balões. Nojo!

─ Queima! ─ disse, arrancando o balão e jogando-o longe.

No dia seguinte, abri meu guarda-roupa de apenas duas portas, peguei um moletom preto de Star Wars que comprei na semana passada, uma calça jeans preta rasgada e calcei um All Star cano alto dobrado. Peguei meu batom e rodei a cabeça para sair para fora, mas não saiu. Então, soquei o dedo lá dentro e o passei melado de batom na boca. Ficou tão belo que daria inveja à maquiadora do Esquadrão da Moda.

Arrumei meu cabelo, ou seja, só o pentei mesmo, peguei meu boné preto e coloquei na cabeça. Fiz as unhas e me olhei no espelho.

"Só não pareço uma usuária de drogas ou mulher de malandro porque sou eu quem está vestindo esta roupa", pensei.

Saí do quarto e fui em direção à sala, onde encontrei meu irmão, que é homossexual.

─ Está indo dar o cu assim? ─ perguntou ele.

─ Estou indo dar uma volta, piranha. ─ respondi, pegando minhas trakinas de chocolate no armário.

─ Desse jeito? Certeza que vai dar é o rabo! ─ ele provocou.

─ E se eu for? ─ retruquei.

─ Me leva que eu quero ir junto! ─ ele falou.

─ Eu só vou dar uma volta na pedreira com alguns amigos. ─ expliquei, mordendo minha trakina enquanto girava a maçaneta da porta para sair.

─ Safada, catou os machos tudo pra ela. ─ meu irmão zombou.

Um tempo depois, fiquei andando por aí. Vi um balão me seguindo, mas não dei importância. Fui a pé mesmo porque não tenho uma bicicleta, e meu irmão não quis me emprestar a dele.

Quando cheguei perto de um supermercado, meu tênis desamarrou, o que me fez pisar nos cadarços e cair. Não me machuquei, apenas me recompus e amarrei os cadarços de volta.

Continuei a andar e, ao chegar em frente ao supermercado, que fica ao lado de um posto de gasolina, notei que me perdi de novo. Maldição! Acho que vou ter que pedir informações. Foi nesse momento que outra mensagem estranha chegou ao meu celular. (Eu nem sabia que tinha isso nessa época)

Resolvi visualizar:

Mensagem on

????
Oi, Violeta, aqui é a Beverly. Sinto muito, acho que você não conhece bem a cidade ou talvez não tenha visto minha outra mensagem, na qual eu disse que iria buscá-la em casa. Então, me diz onde você está, que eu vou até aí te buscar.

(Pensamento: Ah, sério?)

Violeta
Estou no supermercado, próximo a um posto de gasolina.

Beverly
Já sei onde é! Estou indo, fique aí.

Mensagem off

Terminei a conversa. Eu não sabia se dava para fazer isso naquela época, mas quem se importa? Afinal, eu literalmente acordei nesse hospício. Guardei meu celular no bolso e, ao olhar para o outro lado da rua, vi Pennywise sorrindo e me olhando enquanto segurava um balão vermelho na mão. Ele até deu um tchauzinho.

Sorri de volta por educação. Enquanto esperava, passaram dois jovens me perguntando onde comprar pedra de crack, e eu sem entender respondi:

─ Na buceta da tua vó!

Os jovens ficaram com cara de lombra e desgosto. Peguei uma pedra e joguei na cara deles. A pedra quebrou o crânio de um deles e fez um som de "crack". Então perguntei:

─ Era essa a pedra de "crack"?

Ele ficou no chão até que um carro enorme veio e atropelou-o. Depois, o carro passou na minha frente, e aparentemente o motorista era um balão. Olhei de volta para onde o carro passou e vi um dos garotos atropelados agonizando e confuso, enquanto os outros estavam desmaiados ou mortos.

Logo em seguida, vi Beverly andando em minha direção. Ela caminhou até mim e parou na minha frente.

─ Vamos? ─ disse, sorrindo.

─ Sim. ─ respondi e a segui.

Ficamos conversando sobre assuntos aleatórios até chegarmos à pedreira. Lá, eu e ela colocamos biquínis para entrar na água. Eu disse que não tinha trazido o meu, mas a verdade é que não gosto muito de nadar, então ela me emprestou um biquíni azul escuro com estampas de estrelas que tinha sobrando. Ficava bonito e marcava as curvas do meu corpo.

Quando chegamos perto dos meninos, que estavam discutindo sobre quem iria pular primeiro, eu disse:

─ Sai da frente, bando de princesas! ─ e pulei na água logo após Beverly, sendo seguida pelos garotos.

Ficamos brincando de jogar água uns nos outros o dia todo. Quando saí, percebi que minha pele estava um pouco bronzeada, o que era um milagre dado o quanto sou branca.

Continua......................................

𝐄𝐮 𝐞𝐬𝐭𝐨𝐮 𝐞𝐦 𝐈𝐭: 𝐀 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚! ─ ᴵᵗ ¹⁹⁸⁸Onde histórias criam vida. Descubra agora