Bowers o maníaco do parquinho!

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Segunda feira

Eu estava indo de bicicleta para a escola, com os meus fones de ouvido tocando a minha playlist favorita. Era a bicicleta do meu irmão, que eu estava usando, porque a minha tinha quebrado, e bem, a dele era roxa com estampas de flores. Enquanto eu pedalava distraída, olhei para a direita e, para a minha surpresa, vi o meu ex-namorado, aquele traidor, indo de skate para a escola, seguindo-me de perto.

Cheguei à entrada da escola e estacionei a bicicleta com um senso de superioridade, como se fosse uma rainha do rock n' roll. Ao entrar, como de costume, as pessoas abriram passagem para mim, ou pelo menos aqueles que não saíram correndo com medo de eu transformá-los em estátuas de sal. Parece que a escola acha que, por usar roupas pretas, sou uma espécie de gótica ou usuária de drogas. Mas, só para esclarecer, fiz o Proerd, e não, não estou viciada em drogas.

Caminhei com confiança para a minha sala e ocupei o último lugar no fundão, ao lado da turma da pesada, que, para minha surpresa, tinha medo de mim. É estranho, mas pelo menos assim eu era respeitada, mesmo que eles pensassem que eu era uma bruxa.

Hoje era o último dia de aula, marcando o início das tão esperadas férias de verão. Incrível, era exatamente o que eu precisava. Não é que eu seja preciosista, de jeito nenhum, é só que... a professora decidiu distribuir uma montanha de dever de casa para as férias. Quanto mais tempo eu tivesse antes de encarar essa montanha, melhor.

Depois que a aula terminou, me encaminhei para a saída da escola e me deparei com o grupo conhecido como "Os Losers" esvaziando suas mochilas no lixo. Senti uma pontinha de inveja pela coragem deles.

Peguei a bicicleta do meu irmão e, em vez de voltar para casa, decidi dar um pulo na biblioteca em busca de um bom livro para ler. Encontrei um romance intrigante e, em seguida, me dirigi a um parquinho nas proximidades. Sentei-me em um balanço, coloquei meus fones de ouvido no volume máximo, com "Poker Face" da Lady Gaga ecoando, e comecei a ler o livro.

Até que, de repente, um barulho estranho rompeu a calma daquele dia ensolarado. Levantei meus olhos do livro e vi uma cena que poderia rivalizar com um filme de ação de Hollywood: Henry Bowers, acompanhado de seus capangas, estava atacando impiedosamente um pobre garotinho indefeso.

Uma onda de fúria intensa tomou conta de mim, e, de alguma forma, o vento pareceu conspirar a meu favor. Com uma determinação feroz, eu me ergui daquele balanço de parquinho, pronta para dar a esses arruaceiros uma lição que eles jamais esqueceriam. Marchei na direção deles, a minha capa imaginária esvoaçando ao vento.

Chegando perto do trio de valentões, olhei fixamente nos olhos de Henry Bowers e determinei: ─ Aí cruza de naja com satanás! Deixa o moleque em paz agora! ─. Henry Bowers e seus capangas, em resposta, não recuaram, e em vez disso, uma daquelas varetas branquelas avançou em minha direção, me desafiando. A situação estava prestes a se transformar em uma briga.

A multidão ao nosso redor se afastou, criando um espaço para o confronto iminente. Com um movimento rápido, o cara da direita tentou me atacar, mas com agilidade, consegui esquivar-me de seus socos e chutei sua canela, fazendo-o recuar de dor. Henry e o terceiro capanga pareciam indecisos sobre como proceder, uma vez que viram que eu era boa de briga e parecia uma usuária de drogas fora de controle, então saíram correndo. Por fim, me virei para meu protegido e declarei com um tom firme:

─ Está tudo bem aí, pequeno?

O garotinho respondeu com soluços, as lágrimas ainda borbulhando:

─ S-sim.

Não podia deixar esse momento passar em branco. Dei um conselho, com um sorriso gentil:

─ Vá para casa, certo? Sorria. Tenho certeza de que sua mãe preferiria vê-lo sorrindo do que chorando.

Ele me abraçou, e, confesso, fiquei um pouco surpresa no início, mas não demorou para que eu retribuísse o abraço calorosamente.

Após nos separarmos, o garotinho pegou sua mochila, se afastou e, com um aceno, demonstrou sua gratidão.

─ Ah, querido, mantenha distância dos esgotos... — aconselhei, observando-o partir.

Henry Bowers, o valentão do parquinho, havia recebido sua merecida lição e, com um suspiro de alívio, decidi voltar para casa. E assim, meu dia de super-heroína suburbana teve um final feliz.

No dia seguinte, estava imersa em um sonho delicioso, onde um bolo de chocolate parecia a coisa mais importante do mundo, até que...

─ Menina, acorda, você está atrasada para a escola! — Meu irmão entrou no quarto e anunciou, com uma dramaticidade digna de um ator de novela.

Eu me sentei na cama, ainda meio sonolenta, e respondi, com um bocejo épico:

─ Ei... está tudo bem? — perguntou ele, eu ainda estava piscando lentamente para tentar voltar a realidade.

Ele parecia estar se divertindo com minha sonolência e aumentou o tom de voz para um grito teatral:

─ PELO AMOR DE DEUS, LEVANTA DESSA CAMA, ESTAMOS ATRASADOS!

Com o susto, acabei escorregando e caindo da cama, ainda meio atordoada. Ele saiu do quarto batendo a porta, encenando sua saída como um ator dramático.

Vesti qualquer peça de roupa preta que encontrei, calcei um tênis que estava no fundo do guarda-roupa, peguei minha bolsa e fui para a escola como um zumbi. Quando cheguei lá, a confusão reinava:

─ Por que a escola está fechada? — Perguntei, olhando perplexa para o portão trancado.

Meu irmão apareceu atrás de mim, parecendo desfrutar da situação, e explicou com um sorriso no rosto:

─ Porque estamos de férias.

Devagar, virei minha cabeça, como se estivesse em um filme de terror, e uma vez que estivesse olhando para trás, enquanto meu irmão corria como se fugisse de um demônio. Decidi que era hora de inverter a situação. Peguei um atalho para casa e, ao chegar lá, me escondi atrás da porta, próximo ao interruptor da única lâmpada acesa. Quando meu irmão entrou, apaguei a luz silenciosamente e fechei a porta, mergulhando a casa na escuridão.

Ele entrou em pânico, soltando um grito:

─ A MEU DEUS DO CÉU, EU NÃO QUERO MORRER! — Gritou, fingindo estar aterrorizado.

Aproveitando a oportunidade, dei um tapa na cara dele, e ele fez um drama teatral:

─ Ai, agressiva! — Exclamou, enquanto segurava o rosto.

Subi para o meu quarto com o rosto sério, mas logo não consegui segurar o riso. Deitei na cama, me enrolei no edredom e sorri, vendo as gotas da chuva escorrendo pela janela. Decidi que só iria acordar no dia seguinte, afinal, era verão, e relaxar era o nome do jogo.

Continua......................................

𝐄𝐮 𝐞𝐬𝐭𝐨𝐮 𝐞𝐦 𝐈𝐭: 𝐀 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚! ─ ᴵᵗ ¹⁹⁸⁸Onde histórias criam vida. Descubra agora