O buraco negro do Brasil

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Acordei e me encaminhei preguiçosamente para a cozinha. Com a sonolência ainda presente, agarrei uma vassoura e comecei a cutucar as minhas amigas, que estavam profundamente adormecidas. Porém, elas permaneciam completamente insensíveis ao meu esforço, então, sem cerimônia, decidi descer a vassourada direto na cara de cada uma delas, ao mesmo tempo que exclamava:

─ Acordem, suas capivaras preguiçosas! ─ gritei, sem rodeios.

─ Mas que diabos está acontecendo?! ─ Sol esbravejou, o rosto corando de raiva. ─ Será que você enlouqueceu de vez? ─ perguntou, com um olhar furioso.

─ Credo! Tentei ser a mais gentil possível e olha só o que ganhei como resposta. Tudo bem, então vou ser ríspida. ─ Eu apenas cruzei os braços, mantendo minha expressão determinada.

─ Exagerada e irônica, como sempre. ─ Sol se levantou abruptamente, não disfarçando sua irritação.

─ Eu? Exagerada? ─ Pergunto indignada. ─ Cínica, eu até aceito, mas exagerada?

─ O que diabos está acontecendo por aqui? ─ Tay perguntou, parecendo totalmente confusa, enquanto se levantava da cama.

─ É essa capivara desmiolada que está me chamando de exagerada e cínica! ─ eu exclamei, apontando para Sol com raiva.

─ Olha, de verdade, o que temos para comer? ─ Tay perguntou com uma cara de pau incrível.

─ Tem banana, ovos cozidos e leite. Algum problema? ─ Sol respondeu, com a paciência se esgotando rapidamente.

─ Não, nenhum problema. Só estou pensando em pegar um lanche na padaria da esquina. ─ Tay cruzou os braços, mantendo um olhar de desdém.

─ Ah, é assim mesmo? Desprezando minha comida? ─ Sol também cruzou os braços, com uma pitada de sarcasmo.

─ Você não acha que nós não notamos suas preferências? Leite, ovos cozidos e banana? Está zombando da gente? ─ Perguntei, exibindo minha indignação.

Sol coçou a nuca, envergonhada e com um rubor nas bochechas.

─ vou até sair de perto, vai que é contagioso. ─ Tay se levantou coçando a bunda e dirigiu-se rapidamente para o banheiro.

Algum tempo depois, as meninas e eu já tínhamos desfrutado de um café reforçado e nos arrumado para um passeio pelo bairro, quando ouvimos algo intrigante.

─ Vamos na pedreira hoje? ─ era a voz de Richie.

─ Sim, e deveríamos chamar as meninas também. ─ Ben sugeriu.

─ N-não, va-vamos só os me-meninos mesmo. ─ Bill gaguejou nervosamente.

─ Por que diabos não? ─ Richie parecia estar indignado.

─ Porque há coisas das quais as meninas não precisam participar. ─ Eddie respondeu, como se fosse óbvio.

E assim, os garotos seguiram juntos em direção à pedreira, envoltos em uma atmosfera carregada de expectativa.

─ Gente, por que não "observamos" eles de longe? ─ Solaria sugeriu com um sorriso sugestivo, sua voz carregada de malícia.

─ Cara... Por que sempre capto todas as entrelinhas? ─ murmurei para mim mesma, consciente das insinuações subentendidas.

─ Observar? Por quê? ─ Eu estava prestes a lançar a hashtag #TayInocente no Instagram, desafiando as insinuações.

─ Não sei, vai que o Pennywise não aparece por lá de repente. ─ Sol sorriu com um ar travesso, mantendo o clima de provocação.

─ Uh... ─ Tay pareceu genuinamente preocupada, destacando-se como a mente mais inocente do grupo. ─ Então, talvez seja sensato permanecermos por perto, caso algo inesperado aconteça.

─ Ok, vocês que decidem... ─ Eu ergui as mãos em sinal de rendição, cedendo à maioria.

E assim, chegamos a um consenso de observar secretamente os garotos de uma distância segura, mantendo o máximo de silêncio possível. No entanto, de repente, ouvimos o som de um galho quebrando, seguido por algo caindo e despencando sobre nós. Nossos corpos acabaram espatifados no chão, como panquecas em uma chapa quente.

─ Ai! Isso doeu! ─ exclamou uma garota de cabelos cacheados negros, pele pálida e olhos azuis, mostrando toda a sua dor.

─ Aí... Quem diabos é você? ─ perguntei surpresa, perplexa por não reconhecê-la de nenhum filme.

─ Isa Lodge, IsaChan723. ─ ela se apresentou, esfregando a cabeça e a área onde provavelmente estava machucada, enquanto nossos olhares se cruzavam.

─ Você não é daqui, certo?

─ Não, sou do Brasil. Estava lendo a Bíblia... ops... Quero dizer, estava assistindo um filme bem inocente, e depois adormeci. Quando acordei, estava aqui.

─ Eu também... sou uma devota da Bíblia. ─ Sol sorriu para ela, e Isa fez uma expressão sugestiva, revelando sua malícia.

─ Somos todas santas, não temos culpa de sermos tão puras. ─ Eu ri, repetindo a expressão com uma pitada de sarcasmo.

─ Uau, vocês são realmente aplicadas. ─ Tay estava claramente chocada com a situação.

─ Pois é... ─ Eu fiz uma careta, percebendo que talvez bater com a cabeça no chão tantas vezes estivesse afetando meus parafusos mentais.

Mas antes que pudéssemos nos aprofundar nessa inusitada conversa, Eddie nos surpreendeu ao gritar:

─ Ei, pessoal, olhem! Meninas!! Elas estão nos espionando!!!

─ Corram!!! ─ Berrei, e todas nós saímos em disparada, atravessando a mata como se fôssemos a velocidade da luz, determinadas a escapar da situação.

─ Conseguimos despistá-los? ─ Isa perguntou ofegante, com as mãos apoiadas nos joelhos, depois de meia hora correndo.

─ Acho que sim... ─ respondi, lançando um olhar cauteloso para trás, mantendo minha mente em alerta.

─ Mas por que diabos ficaram tão bravos? Só estávamos cuidando, para garantir que o palhaço não estivesse por perto! O que há de errado com eles, para gritarem e nos perseguirem daquele jeito? ─ Tay expressou sua frustração, com um toque de pensatividade.

─ Ei, pessoal. ─ Sol apontou para uma árvore, e avistamos os meninos se aproximando à distância.

─ Vamos nos separar! Duas de nós para cada lado! ─ Tay gritou, puxando Sol consigo na direção oposta.

─ Takaralho! ─ Isa exclamou, pronta para a ação, e saiu correndo. Eu a segui imediatamente.

─ Caramba, eles não desistem, né? ─ Olhei para trás e vi Richie colidir de frente com uma árvore, enquanto o restante dos meninos desabava no chão, ofegantes e exaustos.

─ Parece que não... ─ Isa e eu diminuímos o ritmo, tentando encontrar o caminho de volta.

Continuamos caminhando por um tempo, e adivinhem só... não encontramos absolutamente nada, a não ser a pedreira. Porém, como nenhuma de nós duas estava familiarizada com o local, ainda estávamos completamente perdidas.

─ Ahhh!!! Eu quero Wi-Fi!!! ─ Eu caí no chão, soltando um lamento dramático.

─ Eu estou com fomeeeee!!! ─ Isa se juntou a mim no chão, em desespero.

Eu tentava desesperadamente encontrar algo familiar que pudesse nos ajudar a lembrar o caminho, mas não havia nada à vista.

─ Isa! ─ Chamei, desviando meu olhar das pedras.

─ Oi? ─ Isa respondeu entediada, afinal, já fazia horas que estávamos ali, perdidas.

─ O que é aquilo? ─ Apontei para algo no meio das pedras.

─ Uh, parece um pedaço de papel... ─ Isa observou.

─ Vamos dar uma olhada... ─ Decidimos investigar.

Continua......................................

𝐄𝐮 𝐞𝐬𝐭𝐨𝐮 𝐞𝐦 𝐈𝐭: 𝐀 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚! ─ ᴵᵗ ¹⁹⁸⁸Onde histórias criam vida. Descubra agora