Ela só quer viajar daqui pra qualquer lugar.
Agradeci as constelações por minha mãe não ter visto minha tatuagem de primeira, ela viu depois de 4 dias e adivinha? Nenhuma falação e nenhum castigo!
Meu pai falou bastante mas pra ele eu nem ligava. Eu cuidei direitinho do meu chamego, ela cicatrizou e não inflamou.Eu e Clara voltamos a andar juntas, eu dormia na casa dela e ela na minha, ela me incentivava bastante a seguir meus sonhos e eu adorava aquilo tudo, afinal ela já teve dezesseis anos! Finalmente alguém doido o suficiente pra me entender.
Os dias foram me dando saudades do show que rolou e Confesso que eu devia ter falado o meu nome pro carinha da balada, mano.... Na boa, se eu soubesse que nunca mais ia ver ele tinha feito aquela noite ser inesquecível.— Ah, bora pra roda de rima hoje? - catucou meu braço. Estávamos deitadas na cama dela.
— Cara, eu nem sabia que você curtia rap! - olhei pra ela com certa surpresa.
— Ana, eu tenho minha parte corajosa também! - eu ri.
— Então, tá ok, vamos pra onde você quiser, hoje vou deixar você me levar! - espremi a boca.
Depois de passar o dia todo em cima da Clara eu tinha que ir pra casa, né? Entrei em casa e não vi movimento algum, entrei direto pro quarto sem nenhuma preocupação.
— É, a parada é esperar a hora... - ronronei pra mim mesma, baixinho.
Fiquei no celular e antes de pegar no sono postei um status indicando o rolê da noite.
Status: Hoje tem roda de rima do Méier! Fechadão.
Passou horas e acordei sonolenta tentando entender o motivo da cama vibrar, até que a vi a tela do celular acesa, agarrei o mesmo depressa.— Alô?! - sentei na cama e apertei os olhos.
— Ana? Ta viva?! Já são sete horas, cadê você? - pronto, o puxão de orelha tava feito.
- Ah, tô saindo de casa agora, meu. Calma ai, beijos! - e desliguei rapidamente.
Merda. Merda. Merda.
Desesperadamente comecei a me trocar, eu juro que nem deu tempo de tomar banho, foi o desodorante no suvaco e pronto!— Porra, veio fazendo o asfalto? - surtou de ironia.
— Mais ou menos.... desculpa! - virei a boca de lado.
— Tanto faz. Vamos logo! - quando ela se irritava, ficava insuportável!
A roda de rima era na praça do Méier, tinha uma lona cobrindo uma boa parte, tinha bastante gente mas não estava chovendo, o clima estava agradável. Entramos de baixo da lona onde já começava o duelo. A vaia e a gritaria tomava conta do lugar. Senti um arrepio quando ouvi uma respiração bem forte no meu ouvido.
— Você....de novo. Hmmmmmm - e meu sorriso foi longo. Fala sério, quais as chances? - Já posso te falar meu nome? Quero muito o número do seu celular... - eu sorri de novo e me virei.
Reparei de cima a baixo, logo notei que era o tatuado barbudo da festa do reggae. Sua bermuda estava caída, mostrando a cueca verde e branca, a camisa pendurada no ombro direito e as tatuagens amostras. O que era aquilo? Não vale dizer Deus Grego!
— Hum, não sei...Que tal só as iniciais? - perguntei curiosa.
— Dos nomes? - curvou a sobrancelha. Estávamos tão pertinhos um do outro que eu podia sentir a vibração do coração ao redor do corpo dele.
— De tudo! Meu nome começa com A e meu número começa com 98. - virei a boca em um sorriso de lado e ai olhar pra sua boca, acabei mordendo meu lábio.
— Hum... - balançou a cabeça positivamente. - Letra "A" costuma sem bem fácil de adivinhar! - ele encostou no final do meu cabelo. - Meu nome começa com D.
— Aham, vou lembrar isso, senhor D. - sorri de leve e desviei o olhar. - Não sabia que frequentava aqui. - troquei de assunto já que os olhares estavam esquentando.
— Tô sempre aqui, você que é a novata. - disse com certa ironia mas eu ri e logo ele sorriu também.
Clara me chamou, e eu olhei pra ele tipo "tenho que ir" ele balançou a cabeça positivamente e eu fui. A música deixou minha saída triunfante.
— Já fez amizade? - ela riu me abraçando por cima do ombro. Esticou o braço me oferecendo o copo de vodka da sua mão.
— Então, eu já o conhecia... - acabei pegando e tomando um gole, fiz careta e entortei os olhos com o sabor.
— Ele é um fofo. - olhou para trás e reparava o D. - Finalmente um motivo pra você sair comigo pra cá sempre. - eu gargalhei.
— Pode ser... - dei de ombros.
A batalha de rima não parava, uma rima atrás da outra com vários rimadores. A hora foi passando e adivinha? Eu perdi o D de vista! Fiquei preocupara por que eu queria ter ele por perto, sei lá. A roda foi se desfazendo e todo mundo ia partir pra um show de rap, menos eu, pois eu tinha a bendita hora pra chegar em casa.
— Clara, se você quiser ir tudo bem. - apontei pro pessoal que ja estava indo.
— Ah, jura que você não quer ir? - suspirou fundo. - Sem você não tem graça!
— Olha, tá tudo bem, pode ir. - sorri confiante, ela me abraçou e foi junto com o pessoal.
A ideia de ver a galera toda indo e eu não poder, ferrava com meu pensamento, parecia que eu era a única de menor ali! Não é possível que nenhuma mãe ou pai se preocupava, ou só a minha que era protetora demais?
— Olha aqui... - parei de andar, me virei devagar, reconheci a voz. - Simpatizei com você, não posso te deixar ir sem te proporcionar uma parada maneira... - ele tirou a camisa dos ombros e vestiu, o ventinho estava gelado.
— O que? - disse meio confusa, como se não tivesse ouvido nada do que ele acabou de dizer. Ele esticou a mão pra mim, fiquei sem fala.
— A gata arrisca e dropa, linda, louca e mimada bendita seja o homem que possa conquistá-la! - uma sequência de palavras rápidas saiu da boca dele, enquanto ele gesticulava com as mãos e eu ria dele, olhei pra baixo e senti a sua aproximação, ele colocou meu cabelo atrás da minha orelha e eu me arrepiei. Ninguém nunca me tocou daquele jeito. E fala sério? Ele rimou pra mim? Um amorzinho!
— Eu... Não sei. - dei uma certa gaguejada. - É, quer dizer... Até quero.
— Então não se preocupa, vem conhecer a parte boa comigo. - ele mordeu o lábio, eu peguei na mão dele e apertei com força e ele devolveu o aperto.
Trocamos algumas ideias de como iria ficar legal se não estivesse tão frio e como seria ridículo se nós não nos conhecêssemos mas no final de tudo só lembro do letreiro do ônibus, Niterói.
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linda, louca & mimada [1] - Caroline Raicco
Teen FictionPRIMEIRA TEMPORADA. Essa é uma ficção. PRIMEIRA fic com esse nome. NÃO AO PLÁGIO! Fic inspirada na canção da banda de Rap Oriente. Ela só quer viajar, ela só quer viajar Da night pra praia, da praia pra casa, da casa pro lar No drop alucinante c...