PARTE XVIII

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Ele ratin de desenrolo, ela beleza indescritível. E assim começa a história de um amor impossível!

Depois de ver o pôr do Sol nascer em Nikit, em cima da barca eu dormi de novo no Daniel. Eu tinha que parar com isso! Se apegar mais lentamente, eu queria fazer jogo duro, mas não consegui. Não com ele.

Abri os olhos desesperadamente, vesti o sutiã e a minha roupa, levantei, olhei pra janela e o Sol já tinha nascido, olhei as horas e já se passava das oito. Fiz careta, desci pela escada devagar, sem fazer barulho, passei pela sala e a mãe dele estava vendo TV. Continuei andando pra porta, abri e atravessei até o portão bem rápido. Corri desesperadamente pro ponto, não podia perder aula de novo.

Peguei um busão lotado, bem na hora do pico. Soltei na casa da Clara e não tinha ninguém no andar de baixo, subi pro quarto dela e ela não estava dormindo, provavelmente ainda não tinha chego. Tomei um banho rápido, vesti o uniforme, aquela saia e a blusa branca, meias na canela e a sapatilha, peguei a mochila e fui correndo pra aula.

Entrei na escola e por sorte os corredores estavam vazios, fui andando lentamente e cuidadosamente em direção da minha sala.

- Chegando atrasada, né? - congelei - Não vou falar nada pra ninguém.

- É que...dormi demais. - me virei e era o Júlio.

- Eu te vi saindo de casa ontem de madrugada, cara.

- Tá me vigiando? - fiz cara de brava, aquela mão na cintura de muito brava.

- Não! Claro que não. Mas fui na sua casa te procurar e você não estava...

- Ah...

- Logo soube que tinha algo de errado. Você também esqueceu isso... - mexeu no bolso e tirou minha gargantilha da sorte.

- Ah, obrigada Júlio! - abracei ele pela cintura. Ele era bem alto, não tinha muita opção. Ele sorriu, eu me virei e entrei na sala.

- Licença, bom dia.

- Bom dia bem atrasado, Ana. - prof de artes, a mais chata.

Sentei-me e lá fiquei, nem abri a mochila, nem mexi nos materiais, eu não consiguia me concentrar em nada.
Maldito seja o Daniel que entrou na minha mente, ou bendito. Vai entender.
Abaixei a cabeça e assim fiquei o resto da manhã, nem sai pro intervalo.

Meu telefone começou a vibrar.

- Oi louca!

- Oi, Clara.

- Onde você tá?!

- Tô na escola, o que foi?

- Seus pais vieram aqui, fizeram um escândalo no meu portão.

- Ai Clara, me desculpa. Vou sair dai hoje.

- E vai pra onde?

- Não tem muita opção né? Vou voltar pra lá.

- Olha, Ana. Pensa direto. Tô contigo... Amo você, beijos.

Desliguei o telefone e fiquei pensativa. Na hora da saída, joguei minha mochila no canto da calçada, mergulhei a testa nas mãos e fiquei pensando.

Senti alguém se sentar do meu lado mas nem levantei pra ver quem era.

- Ana... Me fala o que tá acontecendo?

- Não tem nada pra falar. - levantei a cabeça.

- Cara, pode contar comigo.

- Talvez o Daniel seja o cara errado.

- Quem é Daniel? - fez cara de assustado.

- Ele é o cara, Júlio. Sou apaixonada na dele.

- E qual é da parada? Não tá sendo correspondida?

- Tô, claro, até de mais. Mas meu pai tá cheio de palhaçada, quer me privar de viver bons momentos.

- Entendo. - ficamos em silêncio por alguns segundos - E lamento também. Mas se eu puder ajudar em alguma coisa me chama.

- Tá legal. Você é uma ótima pessoa. - sorri e ele também, ganhei um beijo extremamente assustador no canto da boca.

E ele saiu, olhei pra frente e do outro lado da rua estava o Daniel, com as mãos no bolso me olhando. Sem pensar duas vezes, catei minha mochila e atravessei a rua.

- E ai... - falei com a voz serena.

- Como você tá? - ele me abraçou.

- Com saudades... - ri maliciosamente.

- Eu também, aliás, tô sempre com saudade de você, Ana.

- Vou voltar pra casa... - ronronei baixinho.

- E como vai ficar a gente?

- A mesma coisa Daniel, vou me esforçar por nós.

- Eu amo você. - eu nunca falei que o amava também, ia ser uma luta dizer isso, mas eu sorri, fui beijada na testa e fui pra casa.

Catei minhas coisas na casa da Clara, me despedi e agradeci pelos dois dias. De uniforme e com a mala pesada, fui me arrastando pra casa, toquei o interfone da minha própria casa. AF.

Meu pai abriu a porta, me olhou e bateu de novo na minha cara. Larguei a mala no chão e toquei de novo, dessa vez socando a porta.

A porta se abriu e era minha mãe, me abraçou e me ajudou a entrar, subi com as coisas diretamente pro quarto, tranquei a porta e passei o dia todo arrumado as roupas no armário.

Tirei o uniforme, me joguei na cama de pijama.

- Preciso beber...

linda, louca & mimada [1]  - Caroline RaiccoOnde histórias criam vida. Descubra agora