PARTE XXXIV

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Nos menores detalhes da vida a resposta está escondida.

Abri os olhos, encarei o teto por alguns segundos, olhei pro lado e lá estava ele... Ai meu coração, que saudades de deitar com ele na mesma cama, compartilhar o mesmo cobertor, dividir o travesseiro... Finalmente. Eu não daria aula hoje, então... Relaxei com ele. Eu estava deitada de barriga pra cima, olhando o teto e pensando na vida, as mãos dele tocaram meu cabelo e eu o olhei.

- Bom dia... - ele sorriu - Muito bom acordar com você do meu lado.

- É, nem me fala... Também gosto. - sorri de volta. - Amo você.

- Também. - na sequência ele se levantou, sentou na janela e apertou um ret.

- Você fuma demais, Daniel...

Mas no fundo, ele se tranquilizava. Ele ficou lá, fumando o que era dele e eu observando cada pedacinho dele.

- Daniel... - sussurrei e ele me olhou, jogou o catoco do ret fora e se sentou do meu lado, na cama. - Tava aqui pensando e... A gente podia ir jantar lá na casa dos meus pais.

- É, boa ideia. Gostei.

Achei que ele fosse recusar por causa do meu pai mas confesso que fiquei surpresa por ele ter aceitado.

- Tudo bem, vou ligar pra ela mais tarde e avisar. Vou ir na casa da Clara. Fica bem... Ta legal? - ele fez biquinho.

- Fico, sem você, mas fico bem... - eu beijei o bico dele e sorri. Me vesti e sai do quarto, a mãe dele nem sinal, por isso saí direto, tinha que ir na Clara e saber a opinião dela.

Peguei o ônibus e fui pra casa da Clara. Bati no portão e depois de algum tempinho ela veio abrir, os olhos vermelhos e eu fiquei confusa se era de choro ou da plantação dela de erva.

- O que você tem?

- Terminei o namoro com o Júlio.

- O que aconteceu?

- Ele me traiu... E pior, foi com um homem! - fez cara de decepção.

Segurei pra não rir, não tive nem reação do que falar, levei ela pra dentro da casa, bebemos suco e ela me contou tim tim por tim tim. Pelo o que entendi, Júlio tava tendo um caso com o cara faz uns 10 meses e esse tempo todo a Clara não notou nada de estranho entre eles, ela conhecia o cara, deve estar arrasada... Tentei dar força, mas pra mim, essa era nova.

- Preciso ir pra praia... Bora surfar?

- É, não tenho nada em mente... - sorri.

- Minha prancha antiga tá lá fora, atrás da casinha de madeira, pega lá. Vou separar um biquíni pra você.

Eu sai e peguei a prancha, estava suja, então eu passei um pano molhado e depois um seco, deixei ela encostada na varanda e entrei pra vesti o biquíni. Me troquei, o biquíni ficou do tamanho perfeito, sorte minha. Pegamos as pranchas, a Clara pegou a chave do carro dela, como era sozinha, ela tinha uma S10 branca, colocamos a prancha na caminhonete e partimos pro último posto da Barra.

Ela estacionou na vaga de deficiente - se você rir não vai pro céu - e saiu mancando de lá, só pro guardar ver. Pisamos na areia e começamos a correr em direção ao mar, tirando a roupa pelo meio do caminho, me embolei com a saia e quase cai, o cropped rosa ficou cinza de tanta areia, apostando uma corrida louca onde todo mundo olhava pra gente e nós duas riamos sem parar, coloquei a prancha de peito e pulei no mar, logo depois veio a Clara puxando meu pé. Ficamos onde as ondas não quebravam, eu me deitei na prancha com os pés debaixo d'agua e ficamos conversando.

linda, louca & mimada [1]  - Caroline RaiccoOnde histórias criam vida. Descubra agora