PARTE XXXI

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Foragida, especialista em furtar coração.

Acordar tarde sem ter que se preocupar com o trabalho é tudo de bom.

Levantei calmamente, devia ser uma hora da tarde, minha preguiça falava mais alto do que o galo que cantou às 5 da matina. Fui na cozinha fiz um Nescau, peguei alguns biscoitos e um pote abandonado de leite moça na geladeira, subi pro quarto, me enfiei de baixo das cobertas e liguei a TV, fiquei vendo maratona de Ben 10 até de tarde, comi isso tudo e fiquei bem. Ouvi a campainha tocar. Calcei as pantufas e desci.

- Já vai! - gritei da escada.

Abri a porta era a Clara. Quando a vi já comecei a chorar feito uma criança.

- Ei, Ana. Calma... O que foi? - disse entrando e me abraçando. - Senta aqui... - me colocou sentada no sofá. - Para de chorar e me conta! - ela sentou do meu lado.

- O Daniel é um idiota! - choraminguei. - Sempre assim, ele vem e me faz feliz, depois some como se eu não fosse ninguém! - chorei feito criança. - Pedi demissão! - chorei mais ainda e vi os olhos dela se arregalarem.

- Ana... O que você pensou? Que o Daniel fosse te sustentar? Você é uma mulher agora, cara. - limpou minhas lágrimas.

- Quero minha mãe! - chorei mais alto ainda, mergulhei a cabeça na almofada.

Ela passou bastante tempo tentando me converser de que o Daniel e todos os homens, realmente, eram uns idiotas. Ela fez um brigadeiro de panela e me comprou um pote de sorvete, saiu de lá me deixando feliz, pelo menos em partes.

- Obrigada, Cla. Foi bom...adorei. - sorri e abracei ela sem medir esforços.

- Parece que eu senti algo de errado contigo, mocreia. Vê se você se cuida, deixa ele pra lá... O que tiver que ser, será. - ela sorriu e me lembrou minha mãe.

Eu precisava de uma noite de festa, ia ser naquela noite, plena terça-feira e Ana tentando afogar as mágoas por causa de um metido de Niterói. Ana Montine se arrumando pra sair! Vesti um short jeans, uma havaiana mesmo, - quem disse que você tem que ir apresentável pra beber? - uma camisa regata branca, peguei as chaves do carro e o Bob, enfiei ele dentro do carro, ele obedeceu, se sentando no banco do carona.

Fui pra Lagoa, andei de bicicleta e o Bob correndo atrás, corri pela lagoa, adivinha? Com o Bob atrás. Ele era meu companheiro, me obedecia e me escuta chorar sem reclamar, ele nem ligava quando eu o sujava todo de lágrimas ou quando eu não parava de falar, ele sempre esteve comigo. Realmente, melhor amigo do homem.

Sentei no banco, descansando, o Bob ficava correndo atrás das crianças, todo mundo adorava ele. Eu fiquei bebendo um guaravita e, observando aquilo tudo, notei que a vida é bastante boa se nós olharmos os detalhes, e era o que eu estava querendo... Observando cada detalhe minucioso, percebi que era aquilo o que eu queria, detalhes.

Fui pra casa, morta. Entrei com o carro na garagem e abri a porta pro Bob, coloquei ração e água e ele parecia bem feliz. Dei um chamego nele e me virei pra entrar.

- Ei. - virei pra trás imediatamente, sem nem saber se era comigo. Era o Daniel.

- O que pensa que está fazendo? Seu idiota.

- Calma, posso explicar...

- Acontece, senhor Daniel, que eu não quero mais explicação nenhuma! Quero que você vá se catar e depois que se catar, vê se vai pra puta que te pariu. - sai andando com raiva pra dentro de casa, bati a porta com bastante força. Pensei, depois de uns 20 segundos, abri a porta novamente e fui até ele.

- Sabia que ia voltar... - ele sorriu.

- Aliás, sua mãe não tem culpa de ter um trouxa! - dei dedo do meio.

E dessa vez entrei de verdade, me tranquei lá dentro. Olhei pela janela ele fazendo carinho no Bob pela grade, abri de novo a porta.

- Bob entra! - ele veio. - Sai do meu quintal, seu estranho. - bati a porta e chorei de novo.

Bob me consolava, me dando umas lambidas molhadas na bochecha, abracei meus joelhos e mergulhei a cabeça nos braços. Meu celular não parava de tocar um segundo, o Daniel ligava sem parar, fora as mensagens que ele deixa no whatsapp ou na caixa de entrada do celular mesmo.

Fui pra cama, eu o Bob, abracei ele como se fosse um urso de pelúcia, ele reclamava bastante.

- Para Bob, você tem que me amar.

E dormi. Sonhando, incansavelmente, que um dia eu e o Daniel iriamos viver tranquilamente e que ele pudesse esquecer o jeito irresponsável dele.

linda, louca & mimada [1]  - Caroline RaiccoOnde histórias criam vida. Descubra agora