PARTE XXVII

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Eu sou destino incerto, sou estrada, sou andarilho.

Minha mãe sempre gastou o que não podia pra assistir eu virar doutor, desculpa, mãe... Eu não entendi o professor.

Mas seu filho, hoje, virou um homem de verdade. Segui minhas metas, meus sonhos e ainda te trouxe orgulho, não matei, não roubei, plantei o bem pra colher ele também.

Passei a tarde toda arrumando as roupas no guarda-roupas, minha coroa disse que ia fazer bolo de cenoura, guardei ansiosamente o estômago. Tomei um banho e desci pra um jantar maravilhoso, tinha bolo de tudo que era jeito moleque! Tinha muita comida só pra nós dois, mas sem me preocupar, me sentei na mesa e abri o bocão, soltei a fera, saudades da comida da minha donzela.

Depois de muita comida e refri eu liguei pro Jean. A gente não tinha parado de se falar.

- Moleque, adivinha quem tá no rj de volta?

- CARALHO, não acredito! Tô indo ai garanhão.

Deu nem tempo de falar mais nada, depois de 20 minutin aparece o Jean de braços abertos na minha porta.

- Dá um abraço aqui no tio, filho! - eu abracei ele, um abraço de irmão, verdadeiro pra caralho.

- Entra ai... - dei espaço na porta. - Quer bolo?

- Não... Acabei de jantar.

- Na moral, come bolo ai, tem bolo pra caralho. - fiz careta e ele aceitou.

Ficamos sentados na cozinha.

- E ai Jean, fala as novidades...

- Depente, do que tu quer saber?

- De tudo!

- Malu casou, ta grávida!

- Caralho, que vacilona, novinha...

- Ela quis cara, foi tudo planejado.

- Ata, que susto... - eu ri.

- E a Ana... - eu olhei fixo pra ele - Se mudou. - minha cara foi lá no chão e não voltou.

- Sério? Pra onde...?

- Pro Méier mesmo, mas ta morando sozinha.

- Porra, Jean! Que susto, achei que ela tinha ido pro Acre, sei lá. - taquei uma vasilha na cabeça dele, ele começou a rir.

- Caralho em, Jota. Quase infartou! Passou tanto tempo, achei que já tivesse superado.

- Superado, Jean? Como assim? - fiz careta. - Saí daqui pensando nela, não tem essa de "superado". - fiz as aspas com as mãos bem evidentes.

- Mudando de assunto... Cá di que, você já ficou nervosinho... Tá com saudades das nossas saideiras?

- Pô, claro!

- Abriu um barzão novo por aqui, bora estréiar?

- Claro! No final de semana né? Hoje preciso descansar.

- O tempo que você quiser, irmão. Vou pra Nathalia, se cuida.

- Já é! - apertou minha mão e saiu da cozinha.

Encostei a testa no balcão e fiquei pensativo.

- Aliás, - Jean voltou, levantei a cabeça e o olhei. - Valeu pelo bolo! - gargalhei e dessa vez ele foi mesmo.

Guardei o bolo na geladeira, adoro bolo gelado. Minha mãe, como sempre, sentadinha na poltrona dela vendo TV.

- Boa noite, mãe.

- Boa filho...

Subi pro quarto, tranquei a porta, tirei a roupa e coloquei um samba-canção, olhei pra minha janela e me veio lembranças.

- Preciso destruir esse quarto. - sussurrei e ri de desanimo.

Pulei pra fora da janela e olhei o telhado, andei em direção da árvore, fiquei lá me lembrando da primeira vez que a Ana veio aqui em casa. Deixei-me levar pelas expectativas de vê-la novamente, meus pensamentos se embaralharam e por lá eu fiquei.

Menina linda eu quero morar na sua rua, você deixou saudades. Quero te ver outra vez, quero te ver outra vez, você deixou saudades...

linda, louca & mimada [1]  - Caroline RaiccoOnde histórias criam vida. Descubra agora