Capítulo Vinte e Oito

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Castiel Baker

Meus olhos abrem se deparando novamente com um quarto de hospital, o cheiro de desinfetante agora me deixa um pouco enjoado. Minha cabeça dói muito, a forço me sentindo confuso, mas as lembranças são como um balde de água fria, uma dor gritante se a possa do meu peito, as lágrimas caem no automático, não consigo ter controle sobre nada.

...ela nasceu morta... nasceu morta... morta...

As palavras da médica ficam martelando na minha cabeça fazendo meu choro se intensificar, meus soluços preenchem o quarto todo, não posso aceitar isso, não vou aceitar a minha princesa ter nascido sem vida, isso nunca.

A porta do quarto se abre com um certo desespero, vejo Maurício passar por ela e travar me olhando por um momento, mas logo ele está sentado na cama do meu lado, me acolhendo em seus braços, sinto ele chorar junto comigo. Maurício participou de cada parte da minha gravidez, de cada detalhe, me ajudou na escolha de cada roupinha, os olhos dele brilhavam quando me ajudava nessas coisas, então sei que ele está sofrendo tanto quanto eu.

- Estamos juntos nessa Cas... Eu nunca vou te deixar sozinho! - ele diz beijando meus cabelos. - Ela agora é nossa estrelinha...

- Nunca vou aceitar isso Mau, a vida foi muito cruel comigo... De novo! - falo sem parar de chorar. - Por que? Não consigo...

Ele não diz nada, até porque nenhuma palavra vai mudar isso que estou sentindo, essa dor é muito grande para mim conseguir superar tão cedo, talvez não supere nunca. Um bom tempo depois lágrimas já não deixavam mais meus olhos, essas parecem ter secado, fico perdido em pensamentos desconexos, sem sentido algum, depois surgiu na minha cabeça um par de olhos castanhos claros, isso me fez lembrar "dele", do garoto que habita o meu coração.

A porta é aberta novamente, agora passando um médico qualquer, ele dá uma olhada no soro, nos equipamentos e vem me examinar também.

- Finalmente despertou, se passasse mais uma semana desacordado seu namorado surtaria. - ele tenta descontrair apontando para Maurício.

Somente duas palavras dele chamaram minha atenção.

- Uma semana? - pergunto confuso e encaro Maurício. - Como assim? Eu fiquei uma semana desacordado?

- Quando a médica que realizou seu parto deu a notícia... - Maurício engole seco. - ... você entrou em estado de choque, entro em algum tipo de coma...

- A minha filha... - murmuro sentindo meus olhos arderem novamente.

- Já foi sepultada meu amor... - sua voz quase não sai.

Não digo nada, e nem demonstro expressão alguma, só deixo as lágrimas deslizarem pelo meu rosto em abundância, achei que não poderia mais chorar hoje, mas nunca vou deixar de chorar por isso, perder a Mirella vai ser um sofrimento sem fim, essa dor nunca vai deixar de habitar em mim. Não pude conhecer a minha princesa, não pude ver o seu rostinho...

- Onde está Felipe? - questiono do nada os assustando. - Cadê meu filho Maurício?

- Ele está bem Cas, ele também continua no hospital... - o interrompo.

- Traz o meu filho para mim, por favor! - imploro e ele olha para o médico, esse assente saindo as pressas do quarto.

- Ele é lindo Cas. - diz com um sorriso bobo e sorrio também imaginando.

Meu olhar se volta para a porta, por onde passa novamente o médico, dessa vez acompanhado de uma enfermeira, essa está com o meu bebê em seus braços. Em meio a essa dor da perda de Mirella, uma felicidade toma conta de mim por ver o meu príncipe. Ele é depositado com cuidado em meus braços, o seguro como se ele fosse meu mundo, e ele é mesmo isso, o meu mundo. Seus olhinhos ficam bem abertos quando se acostumam com a claridade do quarto, quando me vê ele abre um lindo sorriso banguela, isso enche o meu peito de amor, me perco em suas órbitas castanhas.

Um Amor com Barreiras (Mpreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora