Estávamos cansadas, Vicka, Emi e eu de inventar brincadeiras, vivíamos pelos cantos cochichando episódios da nossa vida de faz de conta, quando nossa mãe nos surpreendia achava que estávamos tramando alguma peraltice, algum pecado...Dizia que faltava serviços e rapidamente delegava alguma atividade,
Raiva, que raiva, eu ficava com a pior parte; tomar conta dos pirralhos, sempre fiquei encarregada de tomar conta dos menores, minha mãe dizia que eu não tinha coordenação para lavar , limpar e não tinha destreza nem talento para cozinhar, era verdade, mas eu queria aprender, seria melhor, pois quando terminasse estaria livre, mas cuidando de crianças não, só ficava livre a noite quando as " pestes" dormiam, não sei porque minha mãe me dava essa responsabilidade, eu comia parte da comida deles,contava histórias assustadoras para que dormissem rápido, eu odiava aquela função, sempre que os pequenos se machucavam eu apanhava, enfim, era injusto tomar conta das crianças.
Eu queria mesmo sair correndo , virar cambalhotas, minha mãe chamava de muleke macho, devo admitir que eu não ajudava muito, detestava os " modos" feminino, havia dois monstros no armário, dois vestidos que minha mãe fez pra mim, eu os odiava e um dia rasguei e disse que foi acidentalmente, queria correr livre de shorts e camiseta e minha" espada da vingança" sempre tilintando " oh vou contar pra mãe se não me der isso!"
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Vidas de Papel
Kurgu OlmayanA historia autobibliografica é contada pela personagem de um modo divertido, a autora revela seus medos e complexos, sua busca pela propria identidade, as trajėdias de uma familia grande de classe baixa e como as brincadeiras da infancia serviram pa...