Capítulo 4

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Um Belo Flagra

Pansy se recostou contra as pedras frias da parede, sentindo-se incômoda. Não havia ido jantar no Salão Principal, não se atrevera a receber os olhares da grifinória ou de qualquer outra pessoa, independente da casa que pertencesse.

Desde que deixara Granger plantada sozinha no meio daquela classe, aquele incômodo havia se instalado no seu peito. Havia dividido seu segredo sem ao menos ter querido. O havia compartido com uma das pessoas que mais lhe odiava no mundo. Ela havia mostrado sua fraqueza num rompante estúpido, e agora... Agora ela teria que agüentar isso até Merlin sabe quando.

Não queria ver a outra pelo menos, até que o mundo desabasse em cima da sua cabeça ou quando Hermione perdesse a memória. Sinceramente aquilo não precisava ter acontecido, mas como a grifinória agia como uma menina mimada com ódio, Pansy não conseguiu manter a paciência durante muito tempo.

O pior de tudo era saber que mesmo assim, algo lhe fazia querer ter contato com a Granger, sabia que ela era a única pessoa solitária ali, tanto como ela. E por mais que Hermione tivesse a Ginny ou Luna, não era a mesma coisa que ter seus melhores amigos de verdade. Assim como Pansy, você olha ao seu redor e vê rostos conhecidos, mas não vê corações conhecidos ou almas conhecidas...

Tinha que parar de pensar naquelas besteiras, estava ficando melodramática e tosca com aquelas palavras e frases soltas na mente.

Ouviu passos no corredor e isso serviu para mudar o rumo de seus pensamentos. Observou um vulto andando na sua direção. Os cabelos ondulados e a estatura média não lhe deram dúvidas de quem era. Ela se aproximou mais, esperando o reconhecimento por parte da outra.

- O que faz fora da cama, Astoria?

A outra riu baixo e se encostou na parede ao lado de Pansy.

- Não tinha sono.

- Não venha com desculpas esfarrapadas.

- Vi que não estava no seu quarto e vim te visitar.

- Quer ganhar uma detenção ou algo parecido? – perguntou Pansy sorrindo. Era bom poder conversar com alguém e não ter que pensar no que havia acontecido.

- Se você fosse dar as detenções eu até aceitaria.

Pansy riu. Astoria lhe fazia graça, muita graça.

- Deveríamos falar sobre uma coisa séria, Pansy.

Elas se olharam, o verde vivo observando o marrom escuro, profundo.

- Daphne foi embora ontem para França – murmurou a loira.

Pansy respirou e olhou para seus pés metidos nos seus sapatos confortáveis.

- Você não sabia, não é?

- Achei que ainda não iria...

- Pansy, ela me disse que te avisasse que vai morar com Margot Rucchi.

Os olhos marrons tremeram um pouco agüentando todos os baques do dia. Respirou fundo, tranqüilizando-se.

- Elas se gostam... – murmurou para a loira – Serão felizes assim...

Margot Rucchi era uma fotógrafa francesa, muito conhecida no mundo bruxo, ela havia fotografado Daphne já fazia dois ou três anos, e desde então não perderam o contato. Era algo casual, mas então veio a guerra, e Margot havia ido a Inglaterra para estar com Daphne durante todo aquele louco episódio, e elas haviam começado um romance.

- Seus pais gostam dela?

- Meus pais acham que Daphne está louca, mas não puderam fazer nada.

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