Capítulo 20

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Haja o que Houver

Já passava do meio dia, quando Pansy se levantou da poltrona branca do quarto do hospital e decidiu ir almoçar. Hermione continuava quieta, adormecida, as vezes despertava e parecia tão confusa que a Parkinson sentia uma dor estranha apertando o peito, tinha medo de não conseguir fazê-la reagir ou voltar ao normal. Tinha medo de que suas lembranças nunca mais voltassem, não pelo fato dela lhe esquecer, mas sim por ela continuar naquele estado angustiante, sem conseguir viver em paz e lembrar-se de seus filhos.

Observou a paciente com os olhos fechados e a porta se abriu. Pansy sentiu-se congelar por dentro, seu olhar se tornou sério e sua postura profissional, quando encarou Ronald Weasley e a pequena Rose. Eles entraram em silêncio e a menina correu para o leito de sua mãe, observando seu sono.

- O que faz aqui? – ele perguntou com a voz rígida.

- Estava observando os avanços. Não que haja algum. – explicou, a voz baixa para não perturbar a paciente adormecida.

- Harry disse que está tentando de tudo.

- Você não tentaria?

Eles estavam próximos e falavam baixo para que Rose não percebesse o que havia por detrás daquelas palavras.

- O que quer dela?

Pansy riu baixo, um pouco amargurada, então era assim que ele lhe trataria, mesmo sabendo que ela estava tentando com todas suas forças encontrar uma solução para o que acontecera com Hermione.

- Simplesmente quero que volte, Weasley. Você conhece a história. Você sabe que nenhuma de nós fez por mal, eu não quero destruir o teu lar, quero apenas que ela se lembre de seus filhos e consiga viver... Ela era tão feliz, ela tinha uma família e eu não quero tirar dela nem um pouco disso.

- Você a quer de volta – ele murmurou, emburrado, as olheiras embaixo dos olhos, a palidez do rosto. Ele também não estava bem, eles estavam igualmente abatidos e infelizes.

- Não posso tê-la de volta, Weasley, por mais que eu quisesse. Eu tenho a Blaise, e tenho minha filha, eu não posso pedir mais que isso. Tenho um voto a manter, achei que já soubesse disso.

Ele engoliu seco, enquanto observava a filha acariciando os longos cabelos de sua mulher, ainda adormecida.

- Ela teve um ataque nervoso hoje de manhã e a sedaram, deve acordar dentro de quarenta minutos mais ou menos, mas não a force lembrar, isso a estressa e pode piorar sua situação...

- Eu...

- Sei que está passando por um mau momento, mas seja paciente com ela, se não há nenhuma doença aparente ou feitiço malfeito, creio que com o descanso voltará a si...

- Aprecio o que está fazendo – murmurou, engolindo o orgulho. Seus olhos azul cobalto estavam marejados e isso fez Pansy pensar que talvez ele estivesse pior que ela.

- Se lembrar de qualquer coisa que possa ter transtornado-a, avise-me, por favor, qualquer coisa ajudará, Weasley... Sei que me odeia e compreendo isso, também sei que me culpa por muitas coisas do passado, mas nada foi premeditado.

Ele fez que sim, secando os olhos com as costas das mãos.

- Qualquer coisa...

- Senhora Parkinson, ela está acordando! – disse Rose, contente.

Estranhou aquilo, Hermione deveria dormir pelo menos por mais meia hora. Ron andou rápido até a mulher e pegou sua mão, apertando-a de leve, então ele voltou a chorar, observando-a ainda sonolenta e ainda sob os efeitos do sedativo. Em outro momento ela gritaria e afastaria sua mão de si, assustada, mas ela apenas o encarou, os olhos nublados e cansados, as pálpebras lânguidas.

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