Capítulo 27

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A Verdade sobre a dor

(5 anos atrás)

- Ron, eu estou te ferindo – ela murmurou, achando que ele dormia – E você tem agüentado tudo isso durante tanto tempo... Eu não queria te machucar, querido. Eu te amo tanto, eu sempre achei que esse amor bastasse, esse amor que cultivamos desde tão pequenos, mesmo sem entender que isso era amor. Esse amor que nasceu e ganhou força, que enfrentou uma guerra e que nos fez tão felizes ao principio... Eu destruí esse amor, não foi? Eu destruí parte de você... Eu me sinto tão culpada...

Ele continuou calado, os olhos fechados, dando as costas para ela, na cama, enquanto ela permanecia sentada ao seu lado, observando na penumbra do quarto aquela cabeleira ruiva, os lençóis lhe cobrindo o corpo.

- Talvez eu devesse não ter começado isso, talvez tivesse sido melhor para você ter encontrado outra mulher, uma que amasse só a você, uma que não pensasse em outra pessoa... Eu vejo nos teus olhos a amargura quando eu não deixo de tentar dia após dia encontrar uma maneira de estar com ela... O que estou fazendo com a gente? Por que estou machucando a nós dois? Por que, Ron? Por que não tenho forças para dizer que o melhor para nós já não é estarmos juntos? Por que eu ainda acho que tenho que te proteger e estar ao seu lado, para me desculpar por toda a dor e infelicidade que te causo?

Ela se deitou, abraçando-o por trás e escondendo o rosto em suas costas, deixando as lágrimas rolarem. Hermione sentia dor em seu coração, ela sabia que fazia dano não só a ele, ela sabia que a cada dia estava mais distante de sua vida ao lado do marido. Ela sabia que já não havia escapatória, que deveriam terminar!

- Ron, por favor, me entenda, peça a separação... Peça-a! eu já não tenho forças para isso...

O homem continuou ali, alheio a tudo, e ela não pôde ver que lágrimas de dor e revolta caíam de seus olhos.

*

Ronald Weasley encarou a sua maior inimiga, implorando-lhe que salvasse Hermione, viu como sua própria filha também chorava e segurava os ombros da médica, tentando lhe dar algum conforto.

Havia chegado o momento, havia chegado o ponto em que nada nem ninguém podia mudar sua decisão. Ele sabia o que tinha de fazer, ele só não estava certo se havia conseguido se preparar o suficiente para sentir aquela dor.

Ele deu as costas para ambas e abriu a porta do quarto, encarando seus sogros com um olhar triste, um meio sorriso amarelo, como se tudo já estivesse perdendo o sentido na sua vida.

- Preciso falar com ela – ele murmurou, e os sogros fizeram que sim, deixando a mulher sob tranqüilizantes sozinha com ele.

Hermione havia piorado outra vez, ela parara de falar outra vez. Em partes, assim era mais fácil, não ter que escutá-la, mas fazê-la escutar tudo o que ele precisava dizer e fazer.

- Hermione – ele a chamou pelo nome, indo contra os conselhos médicos – nós precisamos conversar... – ele murmurou, sentindo os olhos arderem – quem diria que um dia seria eu quem começasse uma conversação dessas, não é? – ele riu nervoso e seus olhos estavam marejados. Ela apenas o olhou atentamente.

Ele suspirou e colocou a poltrona muito próxima da cama e pegou sua mão, tentando controlar o choro.

- Sabe, eu sempre te admirei, mesmo quando eu dizia que você era insuportavelmente CDF, certinha, e santa. Eu sempre desejei que um dia você olhasse para mim, eu achava que você se apaixonaria pelo Harry – ele riu de novo, e uma lágrima escapou, solitária – mas no fim das contas você me viu, você também se apaixonou por mim! – uma nota de euforia se notava na voz alegre dele – a Parkinson fez seu melhor intento, contando a história de vocês, mas aço que agora somente eu posso contar a parte que ela desconhece... Então, preste atenção e se lembre, querida, muita gente está te esperando:

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