Capítulo 22

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Princípio da Separação

Quando Pansy desceu de seu quarto e chegou ao salão principal, preparada para comer o maior café da manhã que havia comigo na vida, escutou o burburinho e um nervosismo percorreu seu corpo. Ainda se sentia fraca e estúpida, mas agir sob TPM era sempre assim não era? Ela precisava extravasar também.

Antes que pudesse se sentar, ouviu os passos rápidos e observou a figura de Hermione correndo na sua direção, parecia feliz e brava ao mesmo tempo. O corpo dela se jogou contra o seu, e foi uma sorte Alicia estar atrás de si e postar as mãos em suas costas para que não caísse.

Hermione ficou naquele abraço por pelo menos quatro minutos, ali no meio da mesa da Sonserina, sob olhares de desgosto e desaprovação. Pansy acariciou seus cabelos e murmurou que sentia muito, que tinha exagerado e que era a TPM e que tinha tido tanto medo de perdê-la e ao mesmo tempo de fazê-la perder seu futuro com Ron...

A castanha tinha sorrido, escondendo o rosto na curva do pescoço de Pansy, murmurando que havia se preocupado muito, que não sabia como ela estava durante aqueles dias e que McGonagall não lhe deixara entrar na Sonserina e, obviamente, nenhum aluno da Sonserina lhe abrira a porta por educação.

Então se olharam. Pansy segurou o rosto dela, observando as olheiras, ela não deveria ter dormido muito ultimamente – se sentiu culpada – os orbes achocolatados estavam brilhando úmidos e parecia que ela poderia chorar a qualquer momento. A morena matou a distancia entre elas e encostou seus lábios de maneira firme.

Muita gente estava olhando, muita gente exclamou de surpresa e todos começaram a murmurar algo. Logo depois disso, tiveram que se separar e combinaram de se ver no corujal, depois do café.

Quando Pansy terminou de subir o último degrau da escada que dava no corujal, ela soube que algo não ia bem. Hermione estava parada no lado oposto, observando a neve cair sobre os terrenos de Hogwarts, atenta e, ao mesmo tempo, alheia ao mundo. Ela não se moveu quando Pansy a abraçou por trás e tampouco disse nada quando sentiu os lábios da outra na curva entre o ombro e o pescoço, dando um beijo tímido na pele alva e arrepiada, pelo frio e pelos toques quentes.

Então a castanha se afastou como se tomasse um choque térmico e lhe encarou os olhos.

- Blaise mentiu – disse firme, lhe olhando nos olhos.

- Como? – Pansy não entendeu, ou fingiu não entender. A estranha possibilidade de Blaise ter-lhe mentido era irritante, ele nunca fazia aquilo, não seria agora.

- Ron não aceitou... – murmurou dolorida, encarando o rosto sem expressão a sua frente – eu lhe enviei dez cartas nos últimos três dias, mas nenhuma obteve resposta. Lhe expliquei tudo, desde o voto, até o natal, e também essa necessidade que eu sinto de te ter por perto, nem que seja durante pouco tempo.

A voz de Granger era séria, como Pansy nunca havia escutado, ela nunca falava assim consigo quando estavam a sós, nunca usava aquele tom profissional, com o qual dedicava seus pequenos discursos nas aulas, respondendo perguntas difíceis.

- Eu pedi que Blaise viesse, lhe contei que você não saía do quarto há dias, ele ficou preocupado e atendeu meu pedido, perguntou se eu havia falado com Ron e eu lhe expliquei... Acho que teve pena de mim, porque eu não parava de chorar e simplesmente disse que uma pequena mentira não mataria ninguém, pelo contrario, faria você sair do quarto e comer algo.

Pansy estava sem reação, ela sentia o sangue correr e rufar em seus ouvidos, sentia os dedos esfriarem gradativamente, sentia a expressão inexpressiva em seu rosto transmitir o nada que sentia no momento. Então era mentira. Ronald não havia sequer respondido suas cartas. Agora fazia sentido, ela sabia que o Weasley não seria compreensivo, sabia que era estranho demais aquela aceitação rápida.

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