Pedidos Desesperados
"É a hora de partir, a dura e fria hora
que a noite sujeita a todos seus horários.Abandonado como o impulso das auroras.
Somente a sombra trêmula se retorce em minhas mãos.Ah, mais além de tudo. Ah, mais além de tudo.
É a hora de partir. Oh abandonado."A Canção Desesperada – Pablo Neruda
Era de manhã, a aurora despontara no céu há quase duas horas, mas elas se negavam a aceitar o dia. Negavam-se a sair de seu pequeno refúgio, sair da pequena mentira que elas esperavam durar para sempre.
A Sala Precisa era branca e brilhante, levemente fria, diferente do verão ameno do lado de fora do castelo. As paredes eram de vidro, e por elas, podiam ver o sistema solar, ver como o sol lambia a Terra e os outros astros, avisando que mais um dia chegara. Estavam em Sirius. Estavam vivendo a vida que já não poderiam viver.
Seus braços se seguravam com força, agarrando pele, carne, corpo, epiderme, como se cada fio de cabelo, curto ou longo, significasse mais um segundo que poderiam passar juntas. Mas era a mentira que preferiam inventar, para estarem juntas, para pensarem que duraria.
Hermione tinha as mãos agarradas às costas da sonserina, seus dedos quase marcavam a pele clara, tamanha era a força que imprimia na tentativa de não se soltar nunca. Talvez, se vivessem ali, onde nada nem ninguém as encontrariam, talvez pudessem ficar para sempre, e ninguém nunca viria com suas garras afastar uma da outra.
Mas a cada segundo o sol inundava pelas imensas vidraças, anunciando o início do triste fim. Era a sentencia de morte que aquela relação merecia. Suas pernas enroscadas, nuas, mas firmes, ninguém as poderia tirar dali. E quanto mais iluminado ficava o quarto, mais brilhava e irritava os olhos, como se avisasse que estavam sendo expulsas.
Pansy não chorou, agüentou a dor no fundo da garganta, fingindo que nada aconteceria, que jamais sairiam daquele quarto, estavam protegidas em Sirius, ninguém podia entrar, e elas não queriam sair.
Seus dedos se enroscaram, o lamento implícito nos olhos marejados de Hermione, a dor em cada linha de expressão de Pansy. Então elas sorriram, por um momento preferindo viver o presente, o aqui e agora, antes de viver o sofrimento do depois, do amanhã, dos anos que se seguiriam.
Seus lábios se tocaram com delicadeza, como se fosse o primeiro ou o último beijo, como se cada segundo fosse a coisa mais preciosa que tinham em suas vidas. O sabor de suas salivas não era amargo como uma despedida, era doce e simples como um reencontro. Era verdadeiro e intenso, como se dissessem até logo, mesmo que esse até logo nunca chegasse, mesmo que esse até logo durasse a vida inteira.
Por que o amor delas nunca teria fim, nunca esmoreceria, o amor delas agüentaria firme até o fim dos tempos, até a morte.
Elas sabiam que seguiriam sonhando, dia após dia, com o momento em que estariam juntas outra vez, até que esse sonho se tornasse realidade e vivessem toda uma vida numa questão de segundos. Elas voltariam para os braços uma da outra, elas esperariam firmemente, sem cessar, sem descansar. E cada noite seria um alonga espera, visitando a outra em sonhos, permanecendo em seus peitos a sensação de que, um dia, por mais distante que estivesse, esse momento chegaria.
O primeiro passo para fora daquele quarto era como a aceitação daquela condena, e elas o fizeram juntas, com as cabeças erguidas, como se aceitassem a punição desse amor, entendessem a pena de morte sem reclamar, mas na verdade apenas entendiam que seria uma morte que nunca chegaria, que nunca as tocaria. Por que o amor não morre, o amor é eterno e revigora-se na dor, como uma fênix que ressurge das cinzas, ainda mais forte e bonita, ainda mais pura e verdadeira.
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Stand by me
FanfictionFanfic Hermione e Pansy Ps.: Essa fic não é minha, colocarei aqui pq é melhor pra ler, e publiquei pq gostei muito e quis compartilhar com vcs 😉