INTRODUÇÃO

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Eu li tantas membranas onde os heróis são tão sobressalentes, únicos e necessários. Quase me perco escrevendo e pensando nesses mitos. Movimento errado as palavras, talvez pareça que seja eu a corajosa no que me acontecera, mas não. Às vezes, vejo alguns garotos que todos chamam de futuros heróis, eles correm por todo a nossa domum, fazendo bagunça, já vi até alguns roubarem comida nas nundinas. Sempre foi assim, minha mãe conta que o pai surrupiava plantações inteiras e ele foi um herói no passado, assim como queria que o filho dele também fosse. Geralmente os garotos são treinados por sua família desde cedo, se tornam os estudiosos, exploradores ou até guerreiros. Mas papai jamais teve um menino, apenas eu e minha pequena irmã, Soror. Ele acabou achando garotos órfãos para ensinar tudo que aprendeu, não que não tenha tentado conosco, na verdade dizem que as moças não conseguem aprender, assim como aconteceu comigo. Tudo que eu fazia com 16 anos era sobreviver e levar minha prigritia para correr, achávamos algumas folhas de beta para ela – às vezes, até eu comia. Depois de acordar cedo, pescar e ajudar com a bagunça dos garotos da domum, tudo que me restava era minha palheta, isso mesmo, sem a caixa – desisti cedo de fazer som naquilo. Eu passei muitas tardes apenas sentada olhando as ovelhas. Sempre tinha a mais clara que todos os fazendeiros levavam primeiro, eu imaginava que as outras tinham orgulho dessa ovelha heroína, como sempre ia antes, todas ficavam sabendo que ela voltara bem, apenas com menos lã, assim, seguiam o mesmo caminho, sem medo. 

ASINUS PRIMAOnde histórias criam vida. Descubra agora