Capítulo 8

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Calma, não se assuste. Venho em tom de paz, juro. Venho apenas para conversar com você e tentar entender por que você se assusta tanto na minha presença.

Sei que você se sente horrível todas as vezes que eu apareço, que você se desespera e que quer me fazer desaparecer. Sei que se você pudesse me manteria muito longe da sua vida, principalmente porque acredita que eu estou aqui para te trazer problemas, danos e te atrapalhar. Inclusive, durante as crises você chega a achar que eu serei a causa da sua morte. Mas acredite, eu não quero te fazer mal. Essa não é a minha intenção. Posso te garantir.

Não estou aqui para te dar um ataque do coração, nem para te machucar, e muito menos para te deixar louca ou te fazer se sentir incapaz. Acredito que você já percebeu isso. Não quero te ferir. Eu sei que faço um estrago no seu interior e te assusto, mas no final do dia, quando você respira fundo, percebe que eu não seria capaz de acabar com toda a sua vida. Sabe, eu percebo que você sofre por antecipação. Que você tem medo de que eu te derrube e te esmague definitivamente, mesmo sem isso chegar perto de acontecer. Entenda que não é porque você acredita que algo pode acontecer, que vai necessariamente acontecer. Calma. Nesse caso, por mais que você duvide, vou te fazer perceber que irá sair de mim mais viva do que nunca.

Estou aqui te escrevendo essa carta, porque quero dizer a verdade e ser muito honesta com você: se eu apareci na sua vida te fazendo sentir tudo isso, é porque não encontrei outra forma de fazer você me ouvir. Você estava tão ocupada tentando ter sucesso, ser produtiva, dar conta de todos ao seu redor e se esforçando para que alguém te amasse e te admirasse - muitas vezes por algo que você não é -, que não escutou os meus pequenos sinais.

Lembra da vez que você teve uma dor de cabeça terrível? E aquela insônia que te deixou por mais de 3 horas se revirando na cama? Ou ainda, quando sem razão aparente você se sentiu angustiada e começou a chorar? E os dias em que ao ficar sozinha você se sentia mal e tinha que correr para fazer algo que te ocupasse a cabeça? Não pense que eu esqueci daquela tontura e sensação de desmaio do nada não, viu? Muito menos da alergia que te deu na pele e das gastrites paralisantes que te assombravam. Está vendo? Você não me ouvia, porque você não se ouvia. Você se abandonou para tentar se achar, e se perdeu para me encontrar. Mas eu vim aqui te mostrar que realmente tudo tem um motivo nessa vida.

Uma Carta À Minha Ansiedade Onde histórias criam vida. Descubra agora