Capítulo Cinco

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Capítulo 5

Audrey


  Ele sabe quem eu sou de verdade, como? 
Ele está parado na porta olhando para mim, por que ele me olha tanto?
— Desculpa por qualquer coisa Audrey. - ele sai do cômodo apagando a luz deixando-me sozinha com os meus pensamentos angustiantes... Como ele sabe meu nome? Será que ele sabe o que eu fiz?
— Por que eu só me envolvo com as pessoas erradas? - talvez porque você também seja errada, toda fodida e quebrada.
  Ele foi diferente quando me pegou no colo, o coração dele batia rapidamente, Axel estava com remorso, estava se sentindo culpado. Uma coisa que minha vó sempre falava me veio em mente, ela era uma mulher muito religiosa e sempre dizia ao meu pai que eu nunca fui concebida por Deus, ela dizia que havia maldade em minha alma, depois olhava para mim com aqueles olhos esbugalhados e falava com aquela voz de bruxa velha "Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais" .  Eu era apenas uma menina que não entendia o que ela falava. Afinal o que ela queria proferindo tal coisa a uma criança? Eu sou o fruto? Uma criança é culpada de algo tão cruel?
   Eu sei que minha mãe morreu no parto, mas culpar uma criança, um bebê, por isso é loucura. Talvez o fruto seja de fato eu e não as pessoas. Possivelmente o mal sempre esteve comigo de certa forma me observando e avaliando cada passo, para depois se manifestar.

  Acordo me sentindo estranha, estou acorrentada novamente, ele acha que vou fugir? Não tem essa possibilidade só há uma entrada e uma única saída desse lugar, a luz acende.
— Pode por favor me soltar? - ele sorri de maneira estranha. 
— Você é uma assassina, não pode ficar solta. - a fala dele é carregada de ironia o que me irrita um pouco. 
— Axel, eu não vou matar você, é você quem vai me matar. - ele senta na cama e toca as correntes. Axel é bonito de uma forma diferente, mas é bonito.
— Meu nome é James, não me chame mais de Axel. - ele pega uma pequena chave no bolso esquerdo da calça. — Irei solta-lá ok? - eu balanço a cabeça em concordância. — Ótimo. - Ele abre primeiro as do tornozelo e logo em seguida as do meu pulso.
— Muito obrigada, você foi um cavalheiro. - ele me olha sério, quando ele me olha é como se ele visse o que há dentro de mim.
— Não pense que ainda não posso matá-la Audrey.
— A morte é algo rápido. - sou sincera, não com ele, mas comigo mesma, nunca tive medo da morte.
— Eu adoro apreciar as pequenas sensação da vida, eu não preciso te matar agora. - ele é assustador quando calmo. — Por que matou seu marido?
— Ele era um babaca boçal, quando me casei, pensava que ele iria me ajudar, que eu fosse ter uma vida melhor. E você sempre foi um louco varrido? - ele dá risada do meu comentário e eu gostei disso.
— Sim, tenho distúrbio de personalidade, sou um sociopata, fazia tratamento até um ano, mas tudo aconteceu do dia pra noite. - isso não me choca, só explica melhor essa situação de merda.
— Já torturou outras pessoas? - ele volta sua atenção para mim.
— Audrey... Eu sou um assassino igual á você, sei que quando esfaqueou aquele cara o seu corpo inteiro estava em chamas, a adrenalina correndo por cada parte do seu corpo e depois o medo e desespero à consome. - James toca meu cabelo. — Sei exatamente como você se sente, livre! - vejo o corpo de Joseph todo ensanguentada em minha frente e meu corpo inteiro fica rígido, minha respiração oscila. — Somos iguais... Eu também mato por vingança, só que a minha é bem mais complexa que a sua. - eu deveria sentir medo pelas coisas que ele profere sem qualquer sentido aparente, mas não sinto, ficamos nos olhando, ele tem de fato uma aparência assustadora.
— Aliás você precisa comer, não comeu ontem. - ele muda de assunto se levantando.
— Você é um sociopata altamente funcional, sabia? - ele me olha com divertimento estampado no rosto, porque ele é tão difícil de se decifrar, é um quebra-cabeça impossível de ser montado.
— E você não tem medo de mim. Quem é mais louco? - ele se aproxima do meu rosto sua respiração é quente, eu fico tensa e nervosa nossos lábios estão quase juntos e isso me causa uma sensação estranha, olho para ele, seu olhos são tão obscuros é como olhar para o nada.
— Acredito que você seja bem mais louco que eu! - falo tentando aparentar segurança na voz.
— Eu? - ele se afasta e me olha, quase como se me avaliasse. — Você está querendo beijar a pessoa que te esfaqueou e eu quem sou o louco ?

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    O que é um sociopata atualmente funcional?
  É quando a pessoa apesar de sofrer da sociopatia, tem a situação sobre controle, ou seja os efeitos não afetam muito sua interação com outras pessoas.

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