I

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POV Hiccup

É difícil seres quem não és ou esconderes quem realmente és. Será que isso trará problemas para o mundo? Ou para quem vive nele?

Muitos dizem que esconder é a definição de estar num lugar oculto porque tens medo. Esse não é o meu caso. Simplesmente, não uso o que tenho de usar frequentemente nem á vista de toda a gente.

O meu nome é Hiccup Horrendus Haddock III, filho de Stoico, o imenso. Sou filho do líder de Berk que aos 15 anos montei pela primeira vez um dragão, e fui o primeiro, porque jamais um viking montaria num dragão, mas eu... sinto que são criaturas amáveis.

Ao longo dos anos, vivemos em sintonia com os dragões, e ainda hoje vivemos, graças a Thor.

Estava a referir-me a isto. É verdade que eu montei um dragão, e a minha maior paixão é estar montado num como se fossemos livres, mas... isto também só serve para ocultar os meus poderes de fogo.

Os meus poderes vieram quando eu tinha 18 anos. Ao início achei divertido o facto de ser mutante, mas depois comecei a ficar assustado: não conseguia controlar os meus poderes e os meus poderes não podiam ser expostos assim. A cada dia, era mais difícil de controlá-los. Cheguei a ter várias recaídas por causa deles. Os meus pais pensam que eu tenho alguma doença ou algo do género.

Tirei estas conclusões sozinho, porque ninguém, mas mesmo ninguém pode saber que os tenho.

Sentia os meus puderes fluírem na palma da minha mão, livremente. Eu observava com cautela, bem atento ao que acontecia. Os meus poderes falam; fazem com que eu fique com vozes na cabeça.

Haddock...

A voz era sombria e assustadora. A minha cabeça andava á roda por causa disso. Quando me concentrava, a minha respiração era ofegante.

- Hiccup?- perguntou a minha mãe abrindo a porta do quarto

Eu rapidamente fechei a mão em punho e olhei para ela.

- Sim, mãe?- perguntei olhando para ela sem expressão

- Estás bem?- perguntou ela entrando dentro do quarto com uma chávena de chá e entregou-ma

- Obrigado. Sim, estou bem.- disse um pouco tenso

- O teu pai anda muito preocupado contigo. Nós receiamos que estejas doente e... não sabemos como te curar.- disse ela com uma lágrima no rosto

- Mãe... não pense assim... iremos arranjar uma solução...- disse consolando-a e abraçando-a

Era difícil ver a tua mãe estar a chorar por uma coisa que tens de omitir para a sua própria segurança. Eu escondo-os porque tenho medo de magoar os que eu amo. E já magoei os meus amigos com as minhas atitudes.

Escondi-me demais e isso levou a cortar amizades e só me focar nos meus poderes, sendo um completo egoísta.

O que eu mais desejava naquele momento era abrir a boca e falar que eu sou mutante e não consigo controlar os meus poderes. Talvez assim eles parassem de me levar a consultas da guardiã de Berk e afastarem-se mais de mim.

Story time

Lembro-me bem que no meu 18° aniversário era o rapaz mais feliz do mundo. A minha família, a minha namorada, os meus amigos... estavam todos presentes.

Tudo mudou de um momento para o outro.

Todos cantavam os parabéns alegremente, e eu estava muito feliz por ter todos os que amo ao meu lado. O bolo tinha 18 velas, e quando fechei os olhos para apagá-las, logo a seguir quando os abri novamente, estava toda a gente parada a olhar para mim imóvel.

Eu olhei para o bolo e reparei que a 18° vela não se tinha apagado. A chama ia evoluindo aos poucos e poucos e saindo da vela e vindo na minha direção. Ainda pensei em fugir, mas estava tão chocado com o que estava a acontecer que acabei por ficar quase tão imóvel como os outros, mas com a respiração ofegante.

As chamas enrolavam-se á volta do meu corpo e iam entrando nele devagar. O meu sangue estava mais quente, e a temperatura corporal também. O meu cabelo ficou ligeiramente ruivo e também fiquei ligeiramente mais musculoso.

Depois só me lembro de ter aberto os olhos e ver que o tempo congelado desapareceu e a multidão á minha volta contente. Quando olhei para a 18° vela ela já estava apagada, felizmente. Eu tentei disfarçar, como se nada tivesse acontecido. Foi difícil, admito, mas consegui.

~•~

A minha mãe tinha voltado para a cozinha para terminar o almoço. Para esquecer estes pensamentos todos, achei melhor dar uma volta pela aldeia, de forma a ver se o meu pai fazia bom trabalho.

Não te escondas Onde histórias criam vida. Descubra agora