POV Mérida
Eu não aguentava mais um segundo estar naquele quarto. O meu pai estava esgotado, com olheiras bem marcantes e com um olhar bem cansado; os seus olhos já não eram azuis, mas sim cinzentos. Estava a lutar contra a morte, que era impossível de se vencer.
A minha família estava toda presente no quarto, porque sentiamos que a hora de Fergus estava a chegar, e queriamos despedirmo-nos dele uma última vez. A minha mãe estava farta de chorar. Ela tentava manter-se forte, mas não conseguia. Os meus irmãos até percebiam o que se estava a passar. Eles choravam baixo, de maneira a ninguém ouvir.
- Mérida...- saiu um sussurro da boca dele. Eu virei-me rapidamente e fui na sua direção.
- Pai, não se esforce...- disse com pena
- Lembra-te... tu serás sem...- disse ele mas de repente ouvimos barulhos vindos de lá de fora
Eu queria ver o que se passava, mas o meu pai estava a morrer; mas pensando duas vezes, eu sou a futura rainha de Dunbroch, e o povo está sempre em primeiro lugar.
Sai do quarto a correr. Desci as escadas de dois em dois e passei pela cozinha e sai pela sua porta.
Dunbroch estava a ser atacada por um indivíduo com vestes negras e com o seu capuz da mesma cor, de forma a que se fosse inrreconhecível.
Corri para os estábulos e montei Angus, meu amigo e fiel cavalo preto com a crina negra e com as patas brancas e o seu focinho também.
Cheguei lá e vi-o a matar homens, mulheres... até crianças. Eu não aguentava ver aquilo, por isso decidi intervir, mesmo que isso valesse a minha vida.
- Hey! Tu!- disse descendo do Angus e ele olhou para mim.- Porque não te metes com alguém do teu tamanho?
O indivíduo não era muito de falar, por isso é que veio a correr até mim com a espada na mão. Eu peguei rapidamente no meu arco que estava atrás das minhas costas e tirei uma flecha da saca que transportava nas costas. Apontei para baixo e a flecha acertou no seu joelho, de forma a que ele caísse no chão e gemendo de dor. Mesmo assim, não consegui entender o sexo do indivíduo.
Esta foi fácil.
- QUEM TE ENVIOU?!- berrei irritada
O que me irritava seriamente era o facto de ele ou ela não dizer nada. Absolutamente nada.
O indivíduo tirou a flecha do joelho e atirou-a para longe. Levantou-se como se nunca ninguém tivesse estado lá. Ele era alguma espécie de mutante para a ferida cicratizar assim tão depressa?!
Ele parecia seriamente furioso. Ele fez um movimento estranho com os braços, mas isso foi o suficiente para invocar vários cavalos negros com olhos amarelos, como a lua.
- Onde estão os poderes....?- sussurrou ele
- Eu não faço ideia do que falas!- disse confusa e irritada
Ele estalou os dedos e os cavalos que estavas na sua trás moveram-se tão rapidamente que nem deu tempo para processar a informação.
De repente só via casas a incendiar e habitantes a serem mortos. Só queria sair deste pesadelo, de uma vez por todas.
Ele tirou a espada com o cano de couro e um rubi no meio do suporte para enfeitar. Era a espada do falecido rei Arthur?
- Tens a certeza?- sussurrou ele colocando-me a espada no pescoço
Se tivesse que morrer, era agora, morro, mas pelo menos deixava o meu povo tranquilo.
- Tenho.- disse confiante
Mesmo ele tendo a sua cara a dois metros de mim não conseguia ver a sua face.
Ele não me esfaqueou, nem nada, simplesmente afastou-se e desapareceu a partir de uma nuvem negra, e os cavalos também.
Corri até Angus e voltei para o castelo muito confusa com o que tinha acabado de acontecer agora. Deixei Angus nos estábulos e corri para dentro do castelo, com destino ao quarto do meu pai.
Quando ia entrar, vi dois soldados a pegarem numa maca enquanto saíam do quarto do meu pai, e em cima dela estava um corpo. O corpo do residente daquele quarto.
As lágrimas vieram-me aos olhos, mas eram tantas que eu não conseguia segurá-las. Chorei como nunca chorei por ninguém na minha vida. A minha mãe veio me abraçar; ela também chorava, mas não tanto, porque ela é muito sábia, e sabe que Thor quis que fosse assim e que o seu momento de partida era hoje.
Descansa em paz, papá.
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Não te escondas
FantasyÁs vezes, precisas de te expores para salvar o mundo... Mesmo que isso acabe contigo, tens de fazê-lo... Tens a chance de defenderes a ti e ao mundo, por tanto mal que nos fizeram... Os bons momentos não passam de uma miragem?... Ninguém tem o direi...