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POV Hiccup

Odeio ter esta sensação. A sensação de ser traído. Odeio estar confuso, odeio estar desorganizado, odeio ser... eu.

Custa-me ver deixar a minha terra natal, que foi sempre uma mentira. Eu não sei porquê que os meus pais fizeram isso, mas admito que gostava de saber.

Em Berk, eu tinha uma vida traçada; sabia exatamente o que fazer e com quem queria ficar. Agora, cai-me esta bomba em cima e eu fico confuso, sem saber o que fazer.

O meu objetivo era esconder os meus poderes do mundo e seguir o meu caminho, como se nunca os tivesse. Aposto que isso não era saudável, mas pelo menos não metia as pessoas em risco

Aquele sentimento voltou outra vez. O sentimento em que vês toda a gente assustada á tua volta, te desprezam e te ignoram. A isso eu chamo medo. Foi o que os meus pais sentiram quando usei os meus poderes pela primeira vez á frente deles. Foi uma decisão estúpida, mas eu estava zangado, frustrado e ressentido.

Elsa queria tanta justiça como eu, pelo o que me fizeram, por isso estava determinada em saber a verdade toda, tal como eu.

Montado no Desdentado requer uma subida do queixo. Bem, a Elsa não parava de olhar para mim e... válá! Temos de ser realistas; ela não me conseguia ver bem porque estava muito sol e eu estava deitado em cima do Desdentado, enquanto ele voava.

Ao contrário de Berk, Aremdelle no verão era quente. O sol brilha de uma maneira espetacular. Lá em Berk, durante nove meses neva e os outros três... cai granizo.

A Elsa estava na beira do barco como se quisesse falar comigo, então o Desdentado desceu de altitude de forma a eu ficar cara a cara com a Elsa.

- Hiccup, eu sei que tu estás confuso e perdido, mas se estás aqui em Arendelle, é porque eu te vou ajudar.- disse ela e como antes eu estava deitado, levantei-me de forma a ficar sentado no Desdentado.

- Elsa, não é fácil virares de um viking para um príncipe. Saberes a verdade dolorosa e teres poderes que te destroem por dentro todos os dias.- disse ressentido

- Hiccup, eu consegui domar os meus poderes. Tu também irás conseguir.- disse ela

- Elsa, eu não sou como tu. Eu não superei os meus problemas com a Anna, a dama de companhia, que pensavas que era tua irmã. Tu superaste isso com amor. Eu nunca tive isso a partir dos meus 18 anos.- disse e voltei outra vez para cima, triste.

Apercebi-me que já tínhamos ultrapassado as fonteiras de Arendelle. Realmente, estava um calor infernal.

De Arendelle... Nome bonito que herdaste, hein?....

Isto eram os meus poderes a falarem na minha cabeça. Se isto me deixa assustado? De veras. E se me dá dores de cabeça? Muitas.

Tenho quase a certeza absoluta que os poderes da Elsa não tinham vozes, mas de acordo com o que o Jack me disse há algum tempo, existe um homem chamado Breu que a assombra desde pequena. Podia até chamar-lhe de bicho papão, mas não é um qualquer. Ele é guardião, tal como o Jack, mas pratica para o mal. Esse Breu, ainda hoje, assombra Elsa.

O barco estava no porto, enquanto isso, eu fui pôr o Desdentado nos estábulos, apesar de ele não ser um cavalo.

- Amigão, esta é a tua nova casa. Não irás ver muitos dragões, mas tem de ser assim.- disse descendo dele

- Menino Hiccup.- chamou uma empregada

- Diga.- disse interessado

- Está uma menina á espera da sua irmã, e de si também. Só o vi a entrar por isso achei melhor avisá-lo.- disse ela

- Fez bem. Obrigado.- disse e fui para dentro do castelo

Andei pelo corredor até á sala de estar onde encontrei uma rapariga de cabelos ruivos, encaracolados e volumosos. Ela virou-se e consegui logo identificá-la, apesar de já ter pensado em alguém antes. Vestida toda de preto. Alguém morreu? Olhos azuis, que estavam cinzentos, sem cor. Nunca a tinha visto assim antes. Se ela estava aqui, provavelmente era para pedir ajuda.

- Olá Hiccup.- disse ela numa voz roca e fraca. Com um ar melancólico fazendo-me ter pena dela

- Olá Mérida.- disse sério

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