Introdução Hoshi wa shitte iru
Foi logo depois daquele esbarrão.
Eu tinha saído para passear com meu cachorro, uma mistura elétrica de Husky Siberiano com vira-latas. Costumava sair a noite, porque havia menos pessoas na rua e as chances desse meu cachorro causar confusão era menor.
Não, é sério mesmo... Ele só se comportava dentro de casa, porque tinha um medo danado das broncas e da vassoura da minha mãe. Fora de casa era literalmente o bicho, ele não atacava pessoas, mas devia amar cada uma delas porque queria lamber qualquer um! E também não tinha um bom temperamento quando topava com outros da sua espécie, além de odiar gatos.
Esse é o ponto... Gatos. Quero dizer, foi por causa de um gato magrela que uma revolução começou. Estava o bichano numa cerca baixa, eu mesmo nem tinha percebido, mas meu cão viu.
Ah, vou te contar! A guia de passeio saiu machucando minha mão, o cachorro desembestou e eu quase caí de cara. Ouvi o silvo do gato e nisso que me segurei para não cair, vi meu cão virando a esquina feito um raio a rosnar.
E eu saí correndo atrás, tudo pareceu acontecer numa fração de segundo.
Virando a mesma esquina testemunhei o cão e o gato, um caçando o outro e correndo em torno de um rapaz. Mas, não deu outra! Tentei segurar meu cachorro e de repente o gato escalou com as garras o rapaz metido naquela confusão, meu cão pulou feito um perfeito predador trombando com tudo ao seu caminho e o cara caiu, eu caí em cima do cara e o danado do meu cão ficou de pé nas duas patas para ficar latindo feito doido pra copa da árvore onde o gato tinha se enfiado.
Mas, esqueça o gato e o cão só por um momento e concentre-se no instante do esbarrão.
Quando o rapaz moreno caiu e eu caí em cima dele... Foi aí que tudo começou.
Nós dois nos olhamos sob a iluminação pública do bairro, devia ser quase dez horas da noite.
E meu olhar ficou preso no seu rosto que tinha um ar compenetrado, seu cabelo escuro que batia um pouco abaixo dos ombros estava em desalinho e além de ter percebido que o gato tinha arranhado superficialmente sua face.
Ele me olhou de volta com curiosidade e reserva, nesse instante meu cão parou de latir, o gato evaporou e rua tornou-se silenciosa.
Estendi minha mão e nós dois nos erguemos, alguém tinha que dizer alguma coisa.
Sua mão tinha uma pegada forte ao segurar na minha, meu pai sempre dizia que apertos de mão firmes demandam um bom caráter... Só não era bem isso que me importava naquele instante.
__ Desculpe por isso... De verdade.
__ Não precisa de desculpar, cães e gatos são mesmo assim, seguem sua natureza, não somos nós quem manda deles é bem o contrario.__ Ele me disse e sorriu, eu juro... Não esperasse que ele me sorrisse depois dessa situação.
E lá veio o safado do meu cão, como se não tivesse feito nada. Sentou perto dos pés com aquela carinha de piedade, a língua rosada pra fora da bocarra. Segurei depressa aquela guia, por via das dúvidas.
O rapaz afagou as orelhas do meu cão.
__ Ele é um bom garoto!
__ Vogel um bom garoto?__ Eu indaguei rindo, passando mais uma volta da guia na palma da mão.__ Ah, você não o conhece mesmo!
__Mas você gosta dele e ele é seu companheiro.__ Por fim elevou seu olhar que estava voltado para o cachorro e nossos olhares colidiram mais uma vez.
De qualquer modo, lá estava eu sem poder desviar o olhar de seu rosto. Agi sem pensar e passei meu dedo indicador em sua bochecha, bem onde o gato havia arranhado.
__ Seu rosto está sangrando...
Eu queria ter dito outra coisa, sei lá o que... Mas, outra coisa. Ainda por cima coloquei o dedo sujo de sangue entre os lábios, o sabor salgado do sangue de um estranho vigorava em minha boca.
De repente pensei: "Eu não podia ter concordado com ele? Afinal, tinha razão em afirmar que Vogel era meu companheiro... Mas, não... Eu sou uma besta que não consegue fazer outra coisa, se não olhar para o seu rosto ao luar."
__Não é nada demais, só um arranhão.__ Seu olhar desviou de subito, focou-se no chão aparentemente constrangido com o toque, imerso em algum pensamento que eu adoraria desvendar.
Essa atitude dele em recolher o olhar me desestabilizou. Quase perguntei: "Fiz algo errado?"
Mas, não consegui. Vogel se levantou e me puxou, ficar quieto por mais de três minutos devia ser um novo recorde.
__ Eu sei, mas... Lave com sabão quando chegar em casa, 'tá legal?
__ Assim farei!__ Sua voz falhou na ultima palavra, seus dedos desceram pelo arranhão conferindo que não era grave, seu sorriso contido reaparecera... O que era reconfortante para mim.
Sorri de volta para ele, mas Vogel parecia uma criança intransigente querendo voltar pela esquina. Estava me puxando a valer quando tentei me concentrar em olhar para o rapaz pela última vez.
__ Vai achar que não bato bem, mas... Foi prazer, sabe? Espero não te derrubar no chão na próxima vez.
Boa ideia ter uma próxima vez, mas será que teria? Por alguma razão, eu estava torcendo que sim, mas tomara que eu deixasse Vogel em casa nessa ocasião e que não houvessem gatos magrelos para atrapalhar.
__ Eu também espero não cair outra vez!__ Seu riso escapou-lhe pelos lábios, era um belo riso.__ Quem sabe se nos esbarraremos noutra noite estrelada?__ E puxou o cabelo para trás da orelha, antes de dar uma passada na direcção do seu destino.
__Por mim... Está combinado.
Foi tudo o que eu consegui dizer antes que meu cão me arrastasse e me carregasse para o outro lado da esquina.
Que palavras incríveis... "Noutra noite estrelada."
Mas, não achei que a gente fosse se esbarrar tão facilmente.
Em todo caso, foi desse modo que eu mudei, que minha vida mudou.
Logo depois daquele esbarrão.
E eu... Sinceramente, mas que idiota!
Nem para perguntar o nome dele...
* Hoshi wa shitte iru significa "as estrelas sabem"Plágio é crime!!
Só pode encontra está história aqui ou no blog Yaoi Tales
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Hoshi wa shitte iru
Storie d'amoreUm encontro acidental vai mudar a vida de dois rapazes . Entre as diferenças do Kendo e da dança, Katsuo e Lang vão se apaixonar E ainda que a vida de um casal homossexual seja vivida com alguns problemas para os dois basta ter um céu estrelado par...