Aquela aventura acabou me condenando a uma noite no sofá, o que na realidade não era uma das piores coisas, já que ele era muito macio e espaçoso. Porém, por algum motivo, eu não conseguia dormir. Já eram três da manhã e eu ainda estava rolando de um lado para o outro. Um barulho veio do quarto e imediatamente fechei os olhos, fingindo estar dormindo.
Percebi quando ela se aproximou, lentamente, como um gato prestes a atacar sua presa. Sorrateira. Pude sentir quando seu rosto ficou a apenas poucos centímetros do meu. Sua respiração acelerada contra minha bochecha. Abri os olhos, segurando-a pelos braços e me levantando em um pulo. Ela arregalou os olhos, enquanto eu a empurrei contra a parede. Abriu a boca para falar, mas silenciei-a, colocando meu dedo em seus lábios.
— Shhhh.
Quase podia ouvir seu coração batendo, ela estava a mil, e eu também. Afastei seu cabelo do pescoço e ela estremeceu sob meu toque, fechando os olhos. Um segundo depois, meus lábios estavam contra sua pele, beijando-a suavemente, sua respiração ficava mais rápida a cada movimento meu. Ela segurou meus cabelos, puxando-os de leve. Um trovão ecoou do lado de fora, enquanto eu percorria seu pescoço com os lábios, até chegar em sua orelha. Sua pele estava completamente arrepiada.
— Você é tão tentadora — sussurrei, mordendo o lóbulo de sua orelha.
Ela me puxou pelos cabelos, forçando-me a encara-la.
— Por que não coloca sua boca em outro lugar? — indagou, categórica.
— Quem seria eu se não cumprisse seu desejo, milady? — dito isso, pressionei meus lábios contra os seus.
No começo, não tínhamos o mesmo ritmo, mas logo nos adaptamos. Nós movíamos nossos lábios, eloquentes. Mordi seu lábio inferior, puxando-o e ela apertou meu ombro de leve, voltando a puxar meus cabelos com a outra mão. Sua língua então deslizou suavemente por meus lábios, pedindo passagem. Eu cedi, e logo ela acariciava a minha, em um beijo de tirar o fôlego.
Eu desenhava círculos imaginários em suas costas, com os dedos, enquanto tomávamos consciência de nossos corpos. Descobríamos lentamente os pontos fracos, os delírios, os anseios um do outro. Separamo-nos a contragosto, eu podia ver nos olhos dela, o quanto ela desejava continuar o beijo, e ela podia ver a mesma coisa nos meus. Mas eu apenas sorri de lado, colocando seu cabelo atrás da orelha.
— Sonhe comigo, hermosa.
Passei meu polegar por seus lábios, lentamente e retornei ao meu sofá, ainda sentindo a vibração de seu corpo contra o meu. Ela voltou para o meu quarto, e eu adormeci pensando em seus lábios. Não conseguia me lembrar da última vez em que me sentira tão bem assim na vida.Abri os olhos, me deparando com três pares de olhos femininos me encarando. Ayla usava um dos vestidos de Luíza, um tanto grande para ela, mas era de se esperar, visto que minha irmã era do exército, uma mulher alta e com alguns músculos espalhados pelo corpo, mas nada que eliminasse sua feminidade.
— Acho que vocês já se conheceram bem o suficiente para se unirem contra mim — concluí e elas riram em uníssono.
— Você está completamente certo, irmãozinho — Luíza lançou-me uma piscadela — Agora levanta, que é hora do curativo.
Revirei os olhos, vendo as gazes e o soro fisiológico em suas mãos.
— Você sabe que eu posso fazer isso sozinho — repliquei.
— Mas aí perde toda a graça — revirou os olhos.
Ergui os braços, me rendendo. Tirei a camiseta, sentindo os olhos de Ayla sobre mim. Sorri internamente. Luíza limpou o ferimento, que já estava começando a cicatrizar, ela era cuidadosa enquanto o fazia.
— Eu estava dizendo a Ayla, que seria bom se ela ficasse para almoçar com a gente — Luíza se pronunciou.
— É uma ótima ideia — lancei um olhar para a garota a minha frente, ela encarava a tatuagem em meu braço. Eram três triângulos, um sobre o outro, o primeiro era preto, o segundo era cinza e o terceiro era branco, todos em ordem decrescente de tamanho.
A garota percebeu que eu a fitava, e me olhou de soslaio. Pisquei para ela, sorrindo. Suas bochechas ficaram imediatamente coradas. Ela moveu os lábios, mas sem imitir som algum. Esforcei-me em ler o que estava dizendo. Quase não pude controlar a risada, ao perceber o que era: tarado.
— Você aceita, Ayla? Almoçar com a gente — lancei-lhe um olhar significativo.
— Não posso — pressionou os lábios — Meus pais vão chegar aqui hoje, e eu preciso estar em casa.
— Vai estar com visitas então? — minha mãe perguntou-lhe com um sorriso.
— Na verdade, eles estão vindo para morar aqui — sorriu a garota — Eu vim antes por causa da escola, não queria perder aula.
— Oh — murmurei.
— Pronto, Enzo, está livre — Luíza me liberou, e eu vesti a camiseta, agradecendo-a com um beijo na bochecha.
— Já que você precisa ir, eu te acompanho — ofereci-me para Ayla — Só vou trocar de roupa primeiro.
— Não precisa — a garota sorriu singelamente.
— Eu sei, mas quero te levar — insisti.
Ela finalmente cedeu. Tomei um café da manhã reforçado, escovei os dentes e vesti roupas limpas.
— Vamos, senhorita? — estendi-lhe o braço, e ela envolveu-o com sua mão.
— Tchau Luíza e Lucinda — a garota sorriu largamente — Foi muito bom conhecer vocês.
— Foi bom conhecê-la também — mamãe se pronunciou.
— Sim — Luíza sorriu.
Nós caminhamos em silêncio durante uma parte do caminho, ela desviava o olhar sempre que eu a encarava. Aquela era uma situação muito interessante.
— Dormiu bem essa noite? — provoquei-a.
Ela finalmente me olhou, tinha uma sobrancelha levantada, mas nada respondeu.
— Porque eu dormi maravilhosamente bem, como se algum anjo tivesse me beijado — sorri maliciosamente.
— Que bom — um pequeno sorriso parecia querer brotar em seus lábios, mas ela relutava em deixar — Eu dormi bem.
Chegamos no portão de sua casa. A garota virou-se de frente para mim, para se despedir.
— Obrigada por me trazer — sorriu.
— Não tem de quê — sorri-lhe em retorno.
Ficamos nos encarando por alguns segundos, em completo silêncio. Ela percorreu meus ombros com olhos, e então suspirou virando-se para abrir o portão.
— Então, até logo — disse-me por cima do ombro, adentrando o quintal de sua casa.
Eu a puxei pelo braço, fazendo com que nossos corpos se chocassem.
— Aonde você pensa que vai? — sussurrei em seu ouvido.
A garota me olhou, sorrindo de lado.
— Estava só testando — retribuiu o sussurro e eu sorri, estreitando os olhos ao encarar seus lábios.
Beijei-a. Em plena luz do dia, com todos os vizinhos fofoqueiros possivelmente nos analisando. Não importava. Eu só queria que meus lábios encontrassem os dela novamente. Percorri sua boca com a língua, sentindo meu corpo todo ficar mais quente. Minhas mãos estavam em sua bochecha, acariciando-a, enquanto eu a beijava, coberto por um desejo insaciável.
Separamo-nos lentamente. Eu puxei sua mão, beijando as costas dela.
— Nos vemos depois, mi hermosa.
— Mal posso esperar — murmurou.
Voltei para casa com um sorriso de orelha a orelha. O caminho todo foi dedicado a pensar em como seria quando eu a visse novamente. Havia acabado de deixá-la em casa e já me sentia nostálgico, como se ela tivesse algum tipo de poder sobre mim. Eu só esperava ser capaz de possuir o mesmo poder sobre ela.Boa noite aos maiores fãs de romance aqui presentes kkkkk. Eu sei que já faz um tempo desde o último capítulo, mas quem faz faculdade sabe o quanto é difícil arranjar tempo para escrever. Masss, como eu sou muito apaixonada por isso, arranjei um tempinho hoje, e aqui está o resultado do meu esforço.
Espero que vocês gostem muito, e que se sintam a vontade para votar e comentar o que acharam. Um abraço e beijinhos, boa leitura 💛💙.
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Nenhum de Nós
RomanceViver isolado do resto das pessoas era uma tarefa fácil para Lorenzo Bitencourt. Pelo menos até a chegada de Ayla. Contrariando tudo e a todos, o destino dos dois parece insistir em se cruzar, mesmo contra todos os esforços de ambos. Enzo não fazia...