Capítulo 1- Não tanto como Cair (a princípio)

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Nota da autora: "Um pouco mais sério do que de costume, mas isso me veio na cabeça, então eu escrevi. Pode ser um prólogo ou um capítulo único, ainda não tenho certeza. Por favor, comentem e compartilhem se gostarem!" –RJ


No princípio...

Quase ninguém no mundo além das criaturas imortais sabia que Crowley era um demônio. O único que alguma vez o perguntara a respeito em 6.000 anos recebera como resposta: "Eu não Caí realmente, só Dei Um Pulinho Lá Embaixo."

Foram as influências, na verdade, ele admitiu naqueles dias. Todo mundo amava um arcanjo. Lúcifer era absolutamente encantador, e tinha um monte de perrengues no trabalho. A comida também não tava muito boa, e isso era só pra começar...

Crowley-ainda-por-ser tinha ouvido a palavra "rebelião" sussurrada junto aos bebedouros de água-benta ao longo daqueles dias. Isso não o impressionava como algo anormal. Soava como algo novo e empolgante. Lúcifer planejava se rebelar. Bem, quem não adorava Lúcifer?

O plano celeste era cristalino e dourado, um design realmente amável, especialmente comparado com o vazio de antes. Rodas [Nota da Tradutora: Rodas são seres celestiais e vem de Ezequiel 1:15-21, é um tipo de anjo semelhante às carruagens de fogo] giravam com o tilintar suave das engrenagens celestiais. Principalidades, Elementais, e os ocasionais jovens patronos, todos se ocupavam em tomar conta de um mundo novo em folha.

A criação estava quase terminada. Era o Quinto Dia de um plano de Sete-Dias, e só ontem Zaziel― como ele era chamado até então― tinha experimentado fazer as estrelas entrarem em nova para criar outras estrelas. Ele havia sido especialmente elogiado pelas nebulosas.

Era bom até então. Muito bom, e só melhorando. No dia seguinte, tudo seria um mar de rosas e... Bem, ele ainda não estava certo sobre o que rosas tinham a ver com aquilo, mas só poderia ser bom.

Por hoje, haveriam pássaros e peixes, mas aquilo não era do seu departamento, então ele tirou o dia de folga. Zaziel passeava despreocupadamente perto do lago cristalino do lado de fora do Véu. O Véu era uma barreira cintilante, também cristalina e ainda assim opaca a frente da Sagrada Sala do Trono. Era de um tom que nenhum olho humano poderia descrever. Ela sempre se movia gentilmente como água ou seda tocada pela brisa. Era a linha entre o consagrado e o sagrado.

Zaziel sabia que apenas arcanjos e Metraton tinham permissão para perguntar diretamente a Deus. Mas Zaziel era curioso por natureza. Não havia nenhuma razão para pensar que não havia sido criado dessa forma. Nunca se sabe. Talvez houvesse uma resposta algum dia.

Cantarolando o começo de algum poema para si próprio, ele parou para olhar através das águas, fingindo falar consigo mesmo.

"É muito em cima da hora, fazer o sol depois das plantas, eu pensei," ele murmurou alto. "Mas então, eu deveria saber que a Toda-Poderosa poderia impressionar. 'Belo show, Senhora', eu diria 'Bem bacana.' Honestamente, não consigo pensar no que nos resta além de por alguns pés sobre a terra. Isso balancearia os pássaros e os peixes, eu acho. Eu adoraria saber, com certeza..."

Ele mirou a água, aumentando um pouco mais a voz, do mesmo jeito que alguém faz quando quer informações em uma cidade desconhecida, mas tem muita vergonha de perguntar.

"Eu sei do que isso aqui precisa", ele continuou. "Alguma coisa onde se possa caminhar, além da água: harmonizaria as coisas. Talvez... lugares para comer ou onde se possa sentar e alimentar os patos. Eu quero dizer, eu gosto de patos. Suponho que nós poderíamos ter alguns aqui em cima. Não se pode ficar triste olhando para um pato..."

Good Omens (Belas Maldições) - Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora