Capítulo 4- A Paz de um Momento

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No escritório corporativo do Céu, há um grande salão com janelas de parede a parede. Como qualquer escritório, ele desdenha das coisas. Não importa o quão longe os ophanim andem em seus segways, parece não acabar nunca, mas sempre há uma mesa quando necessário. Porém, não há cadeiras. Anjos (a maioria dos anjos) geralmente não se sentam.

As janelas oferecem uma vista dos grandes templos e monumentos funerários do mundo. Construídas para imortais, mortos ou mortos-vivos, são estruturas magníficas: as tentativas da humanidade de tocar a eternidade. Qualquer que seja o motivo, se alguma coisa é dedicada a algo sagrado, o Céu pode vê-lo aqui. [Nota da autora: é por isso que eles são tão rigorosos quanto aos códigos de obras.]

Até as ruínas da Babel, pedregulhos atualmente, são visíveis no horizonte.

Michael havia preparado um pilar e uma arandela para a tocha. Ele era bom em fazer tais arranjos, e Gabriel ficou devidamente impressionado quando o príncipe acomodou o prêmio no lugar: ele se encaixou perfeitamente.

Do outro lado do corredor, centralizado entre o teto e o chão, pendia a bela e azul jóia da Terra. Ela girava lentamente, envolta em nuvem branca. Sua topografia era perfeita em cada detalhe, exceto que não havia satélites, paisagens noturnas da cidade nem outros sinais de humanidade.


Anjos viajavam e voltavam do domínio mortal através desta esfera. Era uma versão da terra como os anjos preferiam vê-la.

Uriel entrelaçou as mãos à frente dela e sorriu de uma forma relaxada e satisfeita que escondia um pouco da fúria do sol que havia nela. "Quando começamos?" ela perguntou.

"Amanhã à noite, é claro," disse Michael. "Sabbat e coisas assim."

"Suponho que todos nós poderíamos descansar um pouco," Gabriel sorriu prazerosamente.

Ele permaneceu enquanto Sandalphon passeava atrás de Uriel. Eles conversavam sobre explosões solares com muito entusiasmo, mas Gabriel mantinha um olhar violeta e casual em Michael, que estudava a tocha e torcia uma mão na outra.

"Vai se aninhar esta noite?" ele perguntou.

"Eu não estou tão cansado," disse Michael. "Acho que vou olhar a paisagem."

Gabriel tinha prática em manter seus sorrisos inabaláveis. Eram necessário para motivar as tropas. "Ninguém te conhece melhor do que você mesmo," ele disse. Ele se afastou que o desapontamento pudesse alcançá-lo. Um sentimento estranho o incomodava: Curiosidade.

O que acontecera naquele encontro que havia deixado Michael tão quieto?

Mas não parecia certo fazer perguntas. Nunca. A quem quer que fosse.

A Tocha piscava sua luz dourada na escuridão eterna e Michael encarou-a, e então se voltou para o globo, e depois para os monumentos do mundo— a vaidade dos homens. Passou horas pensando demorada e seriamente depois. Sobre ruína.

A verdade é que, existem poucas condições iniciais verdadeiras. Um experimento projetado no vácuo deve ainda considerar as circunstâncias que criaram o vácuo. Um estudo das órbitas de estrelas binárias ainda precisa considerar como aquelas estrelas vieram a se dividir. Começos são tempos delicados. Cheios de incerteza. Do mesmo jeito são os fins, a menos que você tenha dominado o caos.

Mas Michael gostava de finais. Você sabia que alguma coisa era ruim porque ela acabava. Você sabia que algo era bom porque perdurava. Os anjos eram bons porque eles continuavam no Céu. Os demônios eram maus porque não... estavam lá. Era simples assim.

Isso levava a outro problema, no entanto. Sempre havia a chance de que coisas que haviam perdurado até então pudessem chegar ao fim.

Michael olhou para o globo de novo. Aquilo era apenas uma ferramenta de navegação, mas ele gostava de pensar no lar da humanidade como sendo uma coisa tão pequena e banal. Pequena, frágil e insignificante.

Good Omens (Belas Maldições) - Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora