Capítulo 9- O Campeonato dos Tremores

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Notas da Autora: Aviso de Gatilho: abuso físico/ emocional implícito e alguma menção de sangue. Eu prometo que coisas boas acontecerão no final.

***

Aziraphale estava na sala errada. No lugar errado na verdade. O Inferno não é lugar para um anjo.

Mas havia outro anjo lá.

"Faz muito tempo, não?"

É fácil esquecer o que faz o diabo perigoso. Não a boca cheia de caninos. Não os cascos de pederneira que brilham. Não é a cauda pontuda.

O que torna o diabo perigoso é que ele pode ser bonito.

Nas profundezas fulgurantes de fogo do Inferno, o diabo parou sob a luz branca, brilhando como neve contra o sangue. Mesmo dobradas, suas asas luziam como o meio-dia.

Deveria ter sido impossível. Depois de séculos—milênios—essa luz deveria ter se apagado. Aziraphale ficou sem palavras. Ele estava sedento, mas nem sabia de quê.

"Qual é o problema, querido? Krampus comeu sua língua?"

Aquela voz soava como música, mas não deveria soar como música. Assim como o proprietário não tinha o direito de estar brilhando.

Enquanto Aziraphale observava, o diabo bateu de leve em uma parede. Uma porta para um armário escondido se abriu. Sem hesitar, o anjo brilhante dobrou as asas e começou a arrancar camadas de linho esplendoroso: mangas e tranças intrincadas e saias, nós de luz das estrelas trançadas e relâmpago tecido ... Cada prega e dobra perfeitas. Enquanto isso, aqui e ali na parede, nomes fragmentados brilhavam sob a luz.

Na cabeça de Aziraphale, uma voz muito parecida com a de Crowley sibilou: Diga alguma coisa.

Ele tentou. "Lúcifer?"

O outro anjo disse: "Olhe só para você. Estou tão horrível assim?

No fundo do armário havia um espelho. Aziraphale viu seu reflexo como Crowley.

O diabo disse: "Acabo de voltar de uma tentação que você não acreditaria".

"Uma ... tentação?"

"Eu convenci um homem de que ele poderia salvar seu cérebro em um computador e viver para sempre", anunciou o diabo. Sua voz não tinha nada a ver com música, mas era. "Foi tão fácil também. Todos querem viver para sempre nos seus termos." Outra faixa caiu em um gancho. "Eu o verei nos meus próprios termos em breve ― ele e aqueles que ele está pagando para matá-lo. Oh, não é delicioso? "

Não era. Apesar do horror de Aziraphale, sua sede não parava.

"É ótimo ver você, querido, realmente é." O diabo continuou: "Mas você me pegou em um momento ruim, receio dizer".

Responda, sibilou a voz de Crowley novamente.

"Existe algum outro tipo de momento que não seja ruim aqui, Lu?"

Lúcifer parou de dobrar um manto. Aziraphale se perguntou se havia sido pego. Os óculos de sol não escondiam o coaxar em sua voz ou a maneira como seu pomo de adão subia e descia como uma isca de pesca.

O fogo infernal cintilou em cinco milhões de nomes quebrados. E, de repente, o diabo riu.

"Deixe-me adivinhar: revisão por pares. Uma das piores tarefas, você não acha? " Ele colocou o manto em seu lugar. "Coisas chatas." ele se virou para olhar para trás novamente, agora com apenas uma saia lisa.

Aziraphale disse: "No entanto, aqui está você, eh, se emperiquitando todo?"

"O que, essas coisas velhas?" O armário se fechou, escondendo o brilho e o espelho. "Você me lisonjeia, seu diabo." Lúcifer atravessou a sala. Aziraphale não estava preparado para isso, não estava preparado para o anjo mais bonito que ele já viu segurar seu rosto com as mãos, sorrindo para ele e dizendo: "Oh, querido, senti sua falta."

Good Omens (Belas Maldições) - Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora