Capítulo 2-Três anos depois do Armageddon...

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Nos últimos anos, borboletas tem sido malvistas por incitarem o caos. Esta é uma acusação injusta. Até os demônios pensam assim, porque eles odeiam dividir os holofotes.

Quando Edward Lorenz apresentou pela primeira vez o efeito borboleta, ele queria chamá-lo de "o Efeito Gaivota". No entanto, o nome já estava em uso pela fórmula E = (1/mc)^2, onde E representa qualquer comida comestível, sendo m a voracidade do apetite e c, sua proximidade em centímetros das gaivotas.

Se houvessem os leigos, interpretando errado a teoria de Lorenz, caçado gaivotas em vez de borboletas, o mundo seria invariavelmente um lugar melhor.

A verdade é que borboletas estão igualmente sujeitas ao caos. Não existe nenhuma sociedade lepidoptera secreta tentando controlar o clima. Nem ordens ocultas de borboletas e mariposas adorando o Senhor das Moscas. E só havia um movimento da Nova Era nas últimas cinco décadas que acreditava no poder das flores.

Não quer dizer que não haja insetos satânicos, é claro. Mosquitos para nomear alguns milhões. E moscas, para nomear o resto.

Os Duques do Inferno estavam, ocultamente falando, em pé de igualdade e poder que o de Príncipe do Inferno, mas príncipe é alguém especial e como resultado, tem reconhecimento especial. Já havia tido diversos nomes e papéis ao longo da história, a maioria envolvendo réplicas em tamanho real esculpidas em madeira nobre e metais preciosos. Talvez você já tenha ouvido falar. Os teístas usam seu nome mais até que o de suas respectivas divindades e, como de costume, chamando por "ele". [Nota da autora: Essas são as mesmas "autoridades" que afirmam que bruxas trabalham nuas.] Mais do que qualquer outro, o nome de príncipe fulgura com o magnetismo do que é proibido.

Beelzebub: Senhor das Moscas.

Um pouco menos conhecido é seu secretário, Dagon, Senhor dos Arquivos.

Dagon cutucava uma escama e virando as folhas de uma pasta —só pela aparência da coisa. Na realidade, ele estava olhando seu mestre no trabalho, apreciando o momento, por assim dizer.

Beelzebub sentou-se à mesa em seu escritório espartano, juntando as pontas dos dedos e encarando-as. Seu olhar era designado para despir os nervos, até mesmo dos seres que não tinham nenhum.

"E como foi que esse... acidente... ocorreu?" perguntou Beelzebub.

Um espírito desencarnado parou logo atrás da mesa. "Valeu pelo passeio eu diria, né chefe?"

"Fico contente em ouvir isso." Beelzebub se inclinou para frente, ainda mantendo a postura de poder. "E esse esporte é... é o que mesmo?"

"BASE Jumping, é. Emocionante. Humanos, tentando voar."

"E, ao que parece, não tendo sucesso."

"Bem, eu trouxe ela aqui, não foi chefe? Está ficando difícil lá em cima. Pessoas distraídas demais para serem tentadas pelas coisas de sempre."

"Que coisas de sempre, você diz?"

"Ah, vocês sabe, chefe: ira, luxúria, e os problemas que essas coisas causam— e que eles causam uns aos outros, dá pra acreditar? Eu acho que é a Internet."

"Então nós culparemos o Crowley por isso. Ele disse que tinha sido ideia dele" disse Beelzebub. [Nota da autora: Na verdade não tinha sido, mas assim como certos humanos, ele gostava que todo mundo pensasse que sim.]

Diferente da maioria dos demônios, Beelzebub via a tortura com uma mentalidade bastante voltada para o século XX. Deixou o silêncio se esticar como um prisioneiro num potro, então abriu uma mão acenando para Dagon. Com um sorriso satisfeito, Dagon obedientemente fechou a pasta e entregou-a em sua mão com um estalo. O som era necessário para enfatizar a importância daquilo.

Good Omens (Belas Maldições) - Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora